Teoria de anjo

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Jeonghan acordou com o bipe em seu ouvido, parecendo mais alto do que realmente estava. A dor em sua cabeça o impedia de raciocinar direito, ou talvez fosse a sensação de seu corpo estar afundando em um poço de água, incapaz de se mover. Seus olhos estavam fechados, Jeonghan não sabia se tinha coragem o suficiente para tentar abri-los. A escuridão estava sendo reconfortante o suficiente naquele momento, acolhendo o anjo enquanto ele tentava se lembrar o que tinha acontecido.

Quando o barulho sequente do bipe estava alto demais ao ponto de começar a incomodar, Jeonghan entendeu que era a hora de pedir para alguém desligar o que diabos estivesse causando tanto barulho.

Seus olhos abriram, mas, incomodado com a claridade que os machucou, se obrigou a fechá-los de novo. O bipe de repente estava mais baixo, já não incomodando, mas aumentando de frequência a cada segundo. Se arriscando, o anjo encarou a claridade, conformado de que teria que se acostumar com ela.

As coisas foram tomando forma, Jeonghan começando a perceber que aquela definitivamente não era sua casa, tanto a terrestre quanto a do céu. Estava deitado em uma maca de hospital, um soro ligado ao seu braço e se Jeonghan estivesse um pouco mais disposto, protestaria contra aquilo sabendo que ele não podia tomar soro como seres terrestres. Ao lado da maca haviam máquinas complicadas das quais o anjo não entendia o propósito, e, ao lado delas, uma série de vasos e buquês de flores espalhados pelo quarto. Haviam tantos que se espalhavam pelo chão até a janela.

Jeonghan queria saber de onde as flores haviam surgido, se perguntando se eram para ele, mas seus pensamentos foram interrompidos por um barulho vindo do outro lado do quarto. Foi quando ele reconheceu, se levantando de uma poltrona não muito longe da maca, Seungcheol com o rosto amassado e olhos preocupados.

- Você acordou. - sua voz estava arrastada, como se o salamander ainda não estivesse devidamente desperto.

O anjo observou Seungcheol por um tempo sem respondê-lo. Os cabelos estavam bagunçados, característicos de alguém que estava dormindo, combinando com a roupa emaranhada e torta. Seu corpo emanava um calor tão familiar que Jeonghan quase pediu para ele se aconchegar mais perto.

Seungcheol pressionou um botão ao lado da maca sem dizer nada, mas Jeonghan desconfiava que aquilo servia para acionar algum médico ou enfermeiro sobre o despertar do anjo.

- Precisa de alguma coisa? Está se sentindo bem?

E, de repente, Jeonghan se lembrou.

A imagem de Seungkwan caindo lentamente da beirada da torre, o modo como Jeonghan entrou em pânico, o medo que sentiu por seu amigo. Todas as lembranças, entrelaçadas com os sentimentos do anjo o atingiram, tão vividos como no momento em que aconteceram.

A máquina ao lado da maca surtou acompanhando os batimentos acelerados de Jeonghan, a tela piscando em um vermelho terrível enquanto ele tentava lidar com as memórias que o acertaram.

- S-Seungkwan... Eu preciso v-ver Seungkwan! - Jeonghan tentou sair da maca, mas haviam tantas camadas de cobertas que o impediam, o anjo ficando frustrado a cada segundo. Seungcheol o segurou pelos ombros, numa tentativa quase falha de mantê-lo na maca para impedi-lo de se machucar.

- Jeonghan, fique calmo, por favor.

- Eu preciso s-saber se Seungkwan está bem. Ele... ele...

Finalmente o salamander conseguiu conter os movimentos de Jeonghan, os olhos grudados nos do anjo com a intenção de passar a ele a calma e a tranquilidade necessárias naquele momento.

- Seungkwan está bem! Ele está seguro! - aos poucos os protestos de Jeonghan foram diminuindo, dando lugar a olhos repletos de lágrimas das quais nem ele mesmo sabia de onde surgiram. - Você o salvou.

Asas entre chamasOnde histórias criam vida. Descubra agora