Estava visível pela confusão expressa no rosto de cada um dos presentes que ninguém fazia ideia do que estava acontecendo - alguns não sabiam nem mesmo quem era o anjo que tinha Seungcheol como alvo, mas no geral, a confusão se mantinha porquê ninguém conseguia achar uma explicação lógica para a cena que se desenrolava em torno da fogueira.
- Pai? O que você está fazendo? - Eunhyuk não moveu um músculo sequer ouvindo a indagação repleta de hesitação. Jeonghan sentia em ondas a raiva que emanava de seu pai, arranhando sua pele e o deixando quase tão irritadiço quanto. Foi preciso muito esforço para não se deixar levar por aqueles sentimentos que não lhe pertenciam.
- Não se mete nisso, Jeonghan.
Era óbvio que nenhum dos amigos de Seungcheol estava contente com aquele acontecimento, divididos entre infelicidade e angústia, todos estavam prontos para revidar a qualquer olhar torto que o anjo direcionasse ao rapaz que se recuperava do susto ainda estirado no chão. Jeonghan não conseguia se decidir se questionava seu pai ou se tentava acalmar os ânimos de seus amigos descontentes.
- Você pode, por favor, soltar Seungcheol? - para a surpresa de todos - até para o próprio Eunhyuk que estava quase absorto em sua própria cena de fúria - o primeiro a se pronunciar havia sido Wonwoo, e, pela primeira vez desde que se esbarraram em Manderley, Jeonghan sentiu a parte demônio do amigo o repelir com intensidade. Não havia sido tranquilo como no primeiro contato. Naquele momento, o sangue do submundo que corria pelas veias do meio demônio tinha o único e específico objetivo de confrontar qualquer ser celestial presente e, infelizmente, Jeonghan também sentia o ataque com a mesma magnitude que seu pai.
- Acha mesmo que isso vai me impedir, garoto? - Eunhyuk, pela primeira vez desde o momento que pousou na areia em uma entrada dramática, desviou os olhos de Seungcheol, apenas para debochar de Wonwoo.
- Não estou tentando te impedir, estou te avisando. - Jeonghan trancou a respiração. Wonwoo se aproximou alguns passos, tão lentamente que parecia que o tempo quase o acompanhava na lentidão. - Avisando que seria sábio soltar Seungcheol.
- Acho sua lealdade extremamente admirável, mas esse é um assunto do céu. - Jeonghan não sabia se achava muita ousadia de Wonwoo tentar encarar seu pai ou se ficava surpreso por Eunhyuk nem mesmo enxergar o meio demônio como um inimigo em potencial.
- Se é do céu, então você me deve satisfações. - Jeonghan exclamou, naquele instante não sabendo se aquela raiva que borbulhava dentro de si ainda era de seu pai ou se já era a sua própria.
Seungcheol tentava se levantar lentamente fazendo o possível para desviar das asas manchadas apontadas para ele. Jeonghan nunca o viu tão perdido como naquele momento, parecendo algo como frágil. Imaginou o quanto Seungcheol odiaria se ver daquela forma.
- Também estou querendo saber porque fui atacado de forma tão gratuita. - o tom de voz do salamander era incerto, parecendo temeroso como se, dependendo do que dissesse, Eunhyuk fosse lhe cortar em pedacinhos sem lhe dar tempo de acender uma chama sequer para se defender.
- Você sabe muito bem porque estou aqui. - Eunhyuk avançou sobre Seungcheol, as asas arqueadas atrás do corpo, os olhos brilhando com a luz do fogo de forma ameaçadora. - Depois do que você fez com o céu, estou aqui para te prender.
- Espera, o quê? - Seungcheol indagou, as mãos em frente ao corpo brilhando com as chamas que estavam se formando. - Do que você está falando?
- Pai, o que aconteceu com o céu? - Jeonghan segurou o braço de Eunhyuk o empurrando para longe do salamander. Haviam muitas perguntas rondando o ar e uma quantidade mínima de respostas para solucioná-las.
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Asas entre chamas
FanfictionA Terra não parece tão assustadora olhando do céu, mas quando Jeonghan desce procurando uma vida normal, encontra uma série de crimes onde o rastro de sangue leva diretamente para os portões do paraíso. De quebra ainda tem Choi Seungcheol, o salaman...