Anjo em Terra

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    Aquelas - quase - duas horas descendo até a Terra tinham sido tortura suficiente para Jeonghan. Ele sabia que era algum tipo de castigo de seus pais por ele ter decidido que iria mesmo descer (para ficar), mas ele não ligava. Finalmente tinha convencido aqueles dois de que era um anjo grande o suficiente para ascender sozinho e desfrutar das maravilhas que a Terra tinha a oferecer.

    Talvez Jeonghan tivesse se esquecido que "as maravilhosas que a Terra tem a oferecer" seriam dentro de salas de aula rodearas por muros e seguranças. Nesse momento agradecia aos céus por ter convencido seus pais de que morar em um apartamento fora de Manderley seria mais proveitoso do que usufruir de dormitórios compartilhados.

Manderley era tudo o que ele conseguia imaginar e exatamente idêntica às fotos. Tão velha quanto seus tios e com uma aura sombria demais para a alma de anjo de Jeonghan. Mas ele gostava. Aquele lugar era tudo o que ele idealizava para sair de sua rotina claramente pacata no céu.

Só que ninguém havia avisado da quantidade exorbitante de seres sobrenaturais que estariam por ali naquela manhã. A maioria deles Jeonghan nunca havia visto, como as fadas batendo asas, ou alguns metamorfos correndo pelo gramado. Ele quase desmaiou quando um enorme dragão passou voando sobre sua cabeça. Nunca tinha visto um dragão de verdade.

Haviam pessoas de todos os cantos em Manderley, ela era a primeira instituição de ensino sobrenatural da história, a mais famosa e poderosa escola sobre aquele universo mágico. A muitos anos, quando Manderley foi fundada, havia um preconceito tremendo com os seres sobrenaturais que ainda eram recentes, aquele lugar era um refúgio para essas pessoas. Jeonghan ouvia histórias horríveis de assassinatos em massa e de como qualquer sobrenatural sofria tentando sobreviver.

Depois de muito tempo os humanos normais e os sobrenaturais concordaram em viver em harmonia. As coisas, desde então, caminhavam para a paz. Os anjos, seres que viveram no céu desde a criação da Terra, ficaram mal vistos entre alguns sobrenaturais por não se envolverem na luta pelos direitos dos seres mágicos. Eles teriam sido de grande ajuda, mas não se posicionaram. O primeiro anjo a descer na Terra foi um dos tios de Jeonghan, Malaquias, logo depois que o decreto de paz foi anunciado. Anjos se tornaram, aos olhos de muitos, seres egoístas e mesquinhos, que não pensavam no bem comum.

Apesar de tudo, Jeonghan sabia que essa não era a verdade absoluta. Seus povo lutava suas próprias guerras no céu. Não havia sido egoísmo ou negligência, era apenas medo.

Jeonghan desconfiava que ninguém sabia quem ele era. Suas asas nunca ficavam a mostra e ele não tinha nascido com auréola, era basicamente impossível que soubessem de onde ele vinha.

A única pessoa que sabia de sua origem estava andando em sua direção com um sorriso estampado no rosto e uma mão acenando violentamente no ar. Aquele era Seungkwan, o tritão filho de Telxiépia e único amigo que Jeonghan já teve.

Os dois se conheciam a quase cinco anos, sua amizade começou quando o anjo desceu - em uma de suas primeiras vezes - a Terra com seus tios e encontrou o garoto preso em redes não muito longe da costa do mar. Ele sempre ouviu que sereias eram hostis e desagradáveis de se conviver, mas Jeonghan achou o jovem tritão extremamente fofo preso aquelas cordas. Desde então eram amigos, uma amizade completamente estranha para o restante dos anjos que não simpatizavam muito com sereias.

Seungkwan sempre foi muito animado quando estava com o amigo, Jeonghan não entendia de onde vinha tanta felicidade e como cabia dentro daquele corpo pequeno.

- Por que não me avisou que chegou? Podia ter me mandado uma mensagem.

Seungkwan também não era muito de abraços, Jeonghan já havia percebido isso.

Asas entre chamasOnde histórias criam vida. Descubra agora