Revelações ao anjo

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    O apartamento nunca pareceu tão frio quanto naquela manhã. Jeonghan sabia que estava igual a sempre, mas o silêncio que fazia tanto dentro do prédio quanto nas ruas paradas do lado de fora tornavam o clima pesado e faziam ele sentir como se o mundo não estivesse bem naquele momento.

    Era estranho aquele sentimento de vazio que pairava sobre a cidade, ou como todas as pessoas se tornaram quietas e fechadas. Era fácil de entender que ninguém estava devidamente recuperado do atentado, mas Jeonghan nunca imaginou que as consequências seriam de tão longo prazo.

    Já faziam duas semanas que Chungha havia morrido, duas semanas que Jeonghan tinha encontrado seu pai e discutido com ele. Duas semanas que tudo parecia tão melancólico e doloroso. Ele mal saia de casa, sempre preso entre suas cobertas e rondando pela sala espaçosa esperando que o tempo passasse mais rápido.

    As aulas em Manderley não ocupavam nem 10% de sua mente naqueles dias, e provavelmente ele não era o único se sentindo assim.

    Wonwoo quase nunca estava no apartamento, apenas para dormir - porque ainda se recusava a dormir perto de alguém que não fosse imune a seus poderes. Ele sempre estava com Mingyu ou trabalhando e Jeonghan não podia culpa-lo, também queria ter algo para ocupar a mente naquele momento.

    Seungkwan o mandava mensagem todos os dias e Jeonghan sabia que o tritão só fazia aquilo para saber se ele ainda estava vivo ou já havia morrido de tanto comer comida enlatada. Seungkwan também contava sobre seu dia e o atualizava como podia sobre Hansol, mas Jeonghan sentia que ele só o fazia porque precisava, mesmo que por mensagem, conversar com alguém para se manter distraído.

    Ele não tinha notícias de Hyuna ou Hyojong, mas acreditava que estavam vivos e bem - na medida do que era possível.

    Enquanto Jeonghan passava seus dias tentando se distrair com qualquer coisa dentro de seu apartamento, ele sabia que Seungcheol estava lá fora trabalhando desde cedo até tarde da noite e esse era seu modo de se ocupar. Eles conversavam por mensagem, mesmo que não passassem de mais de quatro textos de cada. Pelo menos isso era suficiente para Jeonghan saber que Seungcheol estava tentando se manter firme, mesmo que ainda doesse.

    Todos estavam lutando suas batalhas naquelas semanas, levando dia após dia como uma vitória e tentando superar as coisas que tinham acontecido.

    Sobre o ataque, tudo ainda era muito incerto. Jeonghan já havia desistido de ligar a televisão ou olhar as redes sociais porque elas sempre estavam cheias das mesmas teorias do que havia acontecido naquela madrugada.

     Algumas pessoas, que ousavam o suficiente para se pronunciar na internet, diziam que era um ataque orquestrado pelo governo e criavam milhares de teorias conspiratórias para explicar tais acontecimentos, mas sempre infundadas, ou pouco prováveis, alimentadas pelo ódio incomum que aquelas pessoas tinham dos governantes do mundo sobrenatural.

    Outros insistiam em colocar a culpa nos humanos, mesmo que as provas que os inocentavam fossem em abundância. A briga entre o mundo sobrenatural e o humano sempre existiu, mas a relação entre eles estava estreitada desde o momento em que as acusações começaram. Jeognhan se perguntava até que momento os dois lados se manteriam quietos diante da quantidade de acusações das duas partes.

    O jornal e todas as mídias "confiáveis" vinham com a mesmo história dita pelos representantes do governo e das autoridades. Contavam sobre um possível grupo terrorista, ainda sem muitas provas, que eram formados por todos os tipos de pessoas - fossem elas humanas ou sobrenaturais - que tinham o intuito de causar o caos e disseminar desordem assustando e amedrontando a população da cidade - ou até mesmo do país.

Asas entre chamasOnde histórias criam vida. Descubra agora