O poder do anjo

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- Por quê?

Kali o olhou nos olhos, analisando o que o anjo perguntava.

Jeonghan imaginava que sua imagem não devia ser uma das melhores, mas ele definitivamente não tinha energia para se importar com sua aparência naquele momento. Sua mente estava um turbilhão de pensamentos, preocupado com Seungcheol amarrado a alguns metros, parecendo se agarrar ao último suspiro de vida, preocupado com as fadas do lado de fora, já que era de seu conhecimento que Kali sabia do plano, e torcendo para que alguém fizesse milagres e tirasse seus pais daquela prisão no canto da sala e os mantivesse salvos.

- Sobre o que exatamente está falando?

- Tudo. - Jeonghan suspirou. - Por que matou aquelas pessoas? Você claramente não precisava dos poderes delas. Por que quer destruir o mundo a todo custo? E por que precisa que eu use meus poderes?

- Oh, é agora que eu faço meu monólogo de vilã? - Kali sussurrou, como se falasse consigo mesma. Jeonghan estava começando a se cansar daquele teatro que ela criou. - Aquelas mortes nunca foram para mim, Jeonghan. Eu sabia que, se quisesse destruir a todos, incluindo o céu, eu precisaria de ajuda. Mas não se engane, eu não precisava porque não era forte o suficiente, mas sim porque, apesar de ser poderosa, sozinha eu não conseguiria atingir tantas pessoas, ou pelo menos não na velocidade em que tudo foi feito. E para que meu exército fosse imbatível, eu precisava que eles fossem poderosos. Roubar os poderes dos outros seres apenas foi uma maneira fácil de fazer isso. 

- Você os usou. - Jeonghan constatou. 

- Lealdade definitivamente não é o que nos une. - Kali afirmou enquanto cruzava os braços. Jeonghan ficava cada vez mais surpreso sobre como o peso dos seus crimes realmente não pesavam para Kali. - Todos que estão aqui tem um objetivo em comum, e é assim que respondo sua segunda pergunta. Eu nunca disse que queria destruir o mundo, Jeonghan. Os anjos? Bom, eles sim, mas eu preciso do mundo para governar. As coisas passaram muito tempo da mesma maneira, seres mágicos oprimidos por anos, sendo tratados como monstros pelos humanos e, de repente, nos pedem para fingir que todo aquele mal que aconteceu antes nunca existiu. Nos fazendo de idiotas, nos tratando como ignorantes, e o pior, nós simplesmente aceitamos.

- Nós escolhemos a paz, Kali, mas acho que você não entende isso. - Jeonghan retrucou.

- Nós? - Kali exclamou, o tom se elevando. - Que grande hipocrisia vinda de um anjo. Sua querida família se manteve omissa durante milênios enquanto via todos os seres serem massacrados na terra, sem levantar um dedo para impedir. Foram tão cruéis quanto os humanos, se escondendo atrás de seus portões dourados como se fossem superiores.

- Você não é Deus para decidir quem é certo ou errado na história. 

- Posso não ser Deus, mas tenho poder suficiente para mudar as coisas. Eu vou criar um lugar onde os seres mágicos são verdadeiramente valorizados e vou garantir que todos entendam porque devemos estar no comando. E acredite, eu vou destruir qualquer um que se mostrar um obstáculo.

- Você diz que faz isso pelos seres mágicos, mas ajudou a matá-los, torturou uma fada sem motivo algum, você os machuca e os destrói. Acho que no final você é um pouco anjo sim, é igualmente hipócrita. - Jeonghan esbravejou, sem conseguir se conter. O poder de Kali tremeu dentro dela e Jeonghan sentiu a onda de raiva vindo.

- Nunca mais me compare com os anjos! - ela gritou, o salão tremendo visivelmente dessa vez. - Eu não dou as costas para o meu povo quando eles precisam. Eu não ameaço matar meu irmão porque ele decidiu ter um filho. Eu não sou nada como vocês.

Jeonghan choramingou quando os espinhos das videiras começaram a perfurar sua pele, respondendo a fúria da nefilim.

- Se você odeia tanto os anjos, porque precisa de mim? - Jeonghan questionou, se esforçando para ficar imóvel para que os espinhos não se movessem mais. 

Asas entre chamasOnde histórias criam vida. Descubra agora