Brandon saiu com as mãos erguidas de dentro da cabine do banheiro sob a mira de John Mendell.
― É curioso você também ser um Bennet. – comentou Mendell. – Geraldine o mandou aqui?
― Não.
John Mendell guardou a arma. Brandon respirou aliviado.
― Me disseram que você é primo do Dr. John Scott, mas eu te acho mais parecido com Bruce Bennet. Qual a sua real ligação com ele?
― Sou filho dele. – Brandon disse a verdade e Mendell começou a rir. – Foi você quem disse que me pareço com ele.
― Você não tem idade para ser filho de Bruce Bennet. – afirmou Mendell e Brandon deu de ombros. – Eu não sei quem você é, garoto, mas te acho estranho.
― Não sou estranho. Estranho é um pacifista estar armado. Você não é todo paz e amor?
― Você é muito piadista pra quem está desarmado. – Mendell resmungou e depois cruzou os braços. – O que realmente quer?
― Vim assistir a uma palestra.
― Não seja cínico. Você ouviu minha conversa com Mackenzie.
― Eu achava que vocês mal se conheciam. No entanto, são bastante íntimos. Ele parece saber tudo sobre você. Sobre a mentira que você é. Sobre você ter sido responsável pela morte da sua filha.
― Eu não sou responsável pela morte de Evelyn! – Mendell gritou, nervoso. Um homem entrou no banheiro. – Aqui não é um bom lugar para se conversar. Vamos a um lugar mais privativo.
― Por quê? Não confio em você.
― Nem eu em você, garoto, estamos quites. Vamos logo. Lembre-se que eu sei quem é a sua namorada. Muito bonita, aliás, a senhorita Gilbert. – ele ameaçou.
― Encoste um dedo nela e eu... – Brandon ficou nervoso.
― Calma, garoto. É só uma conversa. Vamos.
Brandon saiu ao lado de Mendell normalmente, sem fazer escândalos. Lizzie viu os dois passarem pelo salão e saírem pela porta. Ela se despediu de sua amiga e resolveu segui-los. Brandon entrou no carro de Mendell e foram para prédio em construção. Saíram do carro e ficaram frente a frente. Lizzie estacionou seu carro perto dali e ficou observando com um binóculo. Antigamente ela nem usava um, mas após os ataques de Richard Fredenbach, ela saía de casa com o que chamava de 'kit antiterror', mas Brandon não sabia disso.
― Vai me matar aqui? – Brandon perguntou, com um pouco de medo, mas principalmente com raiva. – E pensar que eu tinha você, não como um ídolo, mas como um homem honrado.
― Eu não vou matar ninguém. – resmungou Mendell. – Aqui é melhor porque estamos longe de olhos e ouvidos indesejáveis. – suspirou. – Eu não sou perfeito, mas não sou assassino.
― Você é uma farsa. Uma enorme farsa. E pensar que tantas coisas mudarão por sua causa... – murmurou Brandon, indignado.
― Do que está falando? – Mendell franziu a testa.
― Não interessa.
― É claro que interessa! Você só me diz meias palavras!
― Bom, eu devo ter aprendido com você. – ironizou o rapaz.
Mendell bufou.
― Quando eu digo que não tive responsabilidade na morte de Evelyn, é porque não tive! Acha mesmo que eu queria que a minha única filha fosse brutalmente assassinada?! – ele passou as mãos pelos cabelos, nervoso. – Evelyn era a minha alegria. Ela me via como um herói. Eu tentei me portar como um depois de sua partida, mas... Não é tão fácil se desgarrar de certas coisas.
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Perdido no Tempo
Science FictionBrandon Bennet vive na Nova Iorque de 2035, num mundo regido pelo Sistema, um regime que comanda uma sociedade teóricamente ideal, sem violência, corrupção, crises econômicas, crimes... Mas seria mesmo tão perfeita assim? Brandon, assim como outros...