Dois dias depois
Brandon voltara ao laboratório. Johnson estava, como sempre, andando para lá e para cá no laboratório, freneticamente. O padrinho às vezes lembrava à Brandon uma formiguinha atômica, com a diferença que ele era alto demais para ser uma formiga. Brandon tocou no ombro do padrinho, que deu um pulo, assustado. Brandon franziu a testa, estranhando.
― O que foi, padrinho?
― O Sistema. Esse maldito Sistema! ― exclamou Johnson, agitado. ― Sabia que não foi assim que Mackenzie o idealizou? Aquele maldito Rosseau que mudou praticamente tudo, que transformou nesse regime totalitarista mundial que vemos hoje! Trouxe benefícios sim, eu reconheço, hoje em dia uma pessoa pode andar na rua até de madrugada sem ter medo de ser assaltado, violentado ou morto. Mas tudo tem um preço. E o preço que eles cobram é caro demais ao meu ver.
― Eu sei. ― concordou Brandon. ― E sabia que agora os civis só podem sair de madrugada com anuência do Sistema? Temos que informá-los com antecedência. ― ele sacudiu o pequeno celular. ― Eles verificam se não temos passagem pela polícia, se estivemos envolvidos em alguma briga ou protestos e então nos liberam.
― É o que digo. Daqui a pouco nem poderemos ir ao banheiro sem a permissão do Sistema. ― disse Johnson, sério, começando a guardar seus equipamentos em caixas.
Brandon deu uma risadinha e depois foi ajudar o padrinho a recolher ferramentas e equipamentos.
― O senhor vai finalmente limpar esse laboratório? Mamãe vai adorar saber, já estou vendo ela chegando com o esfregão. ― brincou Brandon.
― Sua mãe tem mania de limpeza. ― o cientista fez uma careta. ― Meu laboratório não é tão sujo assim.
Brandon olhou em redor, vendo algumas teias de aranha nas paredes.
― Não, não mesmo... ― ele murmurou, mas Scott não percebeu a ironia.
― Mas não é por causa da sua mãe. Ela seria uma presença bem-vinda agora... ― disse Johnson, empacotando algumas coisas. ― O Sistema descobriu sobre o projeto.
― Sobre a máquina do tempo? ― indagou Brandon, preocupado.
― Sim. ― confirmou Johnson, chateado. ― Eu deveria saber que um dia eles descobririam tudo. Sempre descobrem... ― ele suspirou. ― Preciso sumir por uns tempos... ― ele pegou a caixa de chumbo. ― E já sei para onde ir... ― ele suspirou. ― Mas antes, quero deixar você, Bruce e Cora seguros. Por isso, temos que sumir com esses equipamentos daqui.
― Até o protótipo? ― perguntou Brandon, olhando para a primeira máquina.
― Principalmente o protótipo. Não quero que eles sequer façam ideia de como tudo começou.
Brandon assentiu, concordando e voltou a ajudar Scott. Bruce entrou correndo no laboratório, com um olhar assustado.
― Eles estão vindo, Scott! Eu vi aquele maldito carro preto dobrando a esquina!
― Precisamos sumir pelo menos com a máquina! ― gritou Scott.
― Acho que não dará tempo, temos que fugir! Cora está esperando no carro! ― ele gritou e olhou para o filho, colocando a mão em seu ombro. ― Desculpe colocar você nisso, filho.
― Tudo bem, pai. ― disse Brandon, tranquilizando-o.
Pai e filho trocaram um olhar carinhoso. Eles sempre foram muito unidos e desde que Brandon se tornara um adulto, essa união se fortaleceu, pois o jovem passou a compreender mais o pai. Bruce considerava Brandon um bom filho. Nunca lhe trouxera graves aborrecimentos, nunca se envolvera com drogas, amizades erradas, ilegalidades... Houve algumas discussões e desentendimentos, mas aquelas normais, típicas de pais e filhos. Cora entrou no recinto.
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Perdido no Tempo
Ficção CientíficaBrandon Bennet vive na Nova Iorque de 2035, num mundo regido pelo Sistema, um regime que comanda uma sociedade teóricamente ideal, sem violência, corrupção, crises econômicas, crimes... Mas seria mesmo tão perfeita assim? Brandon, assim como outros...