― E aí, Bruce? ― Scott cumprimentou o amigo com um aperto de mão. ― O que você faz aqui a essa hora do dia?
Brandon olhava para Bruce tentando não encará-lo. Era estranho ver seu pai trinta anos mais novo. Eles eram realmente parecidos fisicamente, esperava que o pai não percebesse. Aliás, teria que evitar a todo custo chamá-lo de pai. Que bela enrascada se meteu!
Bruce tinha os cabelos negros e lisos em desalinho, pareciam precisar de um corte, usava camisa azul de algodão folgada, calça jeans e tênis cinza. Bruce olhou para Brandon, que desviou o olhar. Se o pai percebesse alguma semelhança familiar entre os dois, seria uma longa história para contar.
― Desculpa, não sabia que você estava com visita. ― disse Bruce, para Scott.
― Ah que isso... ― Scott forçou um sorriso e resolveu apresentá-los, mesmo com medo de algum reconhecimento por parte de Bruce. Mas como o amigo reconheceria um filho que ainda nem nascera? ― Esse é o Brandon, meu amigo. Ele veio passar uns dias aqui. Brandon, esse é o meu amigo Bruce.
― Bruce Bennet. ― disse o próprio, simpático, estendendo a mão para Brandon.
― Eu sei. ― disse Brandon, apertando a mão do pai, se recriminando em seguida pela gafe. ― Quer dizer, o Scott me falou de você.
― Hum... ― Bruce teve uma sensação estranha ao apertar a mão de Brandon, mas deixou passar. Ele sorriu e olhou para Scott. ― Ele não me falou de você.
― Ah é que o Brandon é um amigo da faculdade. Um amigo... inesperado... ― disse Scott, pensando na chegada surpresa do rapaz. ― Mas agora vocês se conhecem, então...
Bruce e Brandon assentiram, concordando. Bruce olhou para Scott.
― Bom, eu sei que você é um ermitão, que vive preso dentro de casa, mas eu falei com a Shirley ontem e ela disse que estará no Rockett. E com uma amiga, a Nina. Então eu pensei...
― Você quer me arrastar para mais um dos seus encontros furados... ― adivinhou Scott, nada empolgado. ― Você sabe que eu não sei interagir direito com a espécie humana...
Bruce e Brandon começaram a rir. Scott notou que eles tinham risadas iguais, era incrível que Bruce não percebesse isso. Porém acreditava que seria uma questão de tempo até o amigo notar traços familiares em Brandon. Tinha que mantê-los afastados.
― Olha só como ele fala! ― exclamou Bruce, olhando para Brandon e depois para Scott. ― São garotas e não espécimes de laboratório! Elas não mordem! ― ele riu e Scott olhou-o incrédulo. Bruce meneou a cabeça. ― Bom, talvez algumas mordam, mas dependendo da mordida até que não é nada mal... ― ele sorriu de modo malicioso.
― Bruce, olha o garoto... ― disse Scott, apontando para Brandon.
― O quê? ― Bruce olhou para Brandon. ― Vai dizer que você nunca pegou uma garota?
― Eu fiquei com algumas... ― contou Brandon e Bruce deu um sorriso de aprovação. ― Mas nunca, sabe... me apaixonei por ninguém. Você tem alguém especial? Alguém que goste mesmo? ― sondou Brandon.
Scott deu um olhar de repreensão para Brandon. Sabia o que o afilhado queria fazer. Saber dos sentimentos de Bruce para com Cora. Deus ajudasse que ele nunca conhecesse Cora!
Bruce ficou pensativo.
― Hum, quando eu tinha uns 12 anos eu gostei de uma garota, mas ela nunca me deu bola. Depois disso... Não, ninguém.
― Quem sabe um dia ela apareça. Talvez esteja até por perto... ― disse Brandon com um tom misterioso.
Bruce franziu a testa e Scott olhou para o teto. Brandon estava dando bandeira demais! Brandon simplesmente não conseguia se controlar. Adoraria ver os pais juntos.
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Perdido no Tempo
Science-FictionBrandon Bennet vive na Nova Iorque de 2035, num mundo regido pelo Sistema, um regime que comanda uma sociedade teóricamente ideal, sem violência, corrupção, crises econômicas, crimes... Mas seria mesmo tão perfeita assim? Brandon, assim como outros...