― Então você acha que Cora ... adivinhou que você é o filho dela e de Bruce? – indagou Scott, enquanto guiava o carro pela rua.
― Não sei. Pode ser. Ela não falou comigo depois disso, mas me olhava estranho. – Brandon colocou as mãos na cabeça. - Eu pensava que essa coisa de intuição de mãe, instinto maternal, fossem só lendas...
― Hum, as fêmeas humanas realmente tem um instinto muito forte em relação às suas crias. Não todas, claro. São incontáveis os casos de mulheres que abandonam os filhos até mesmo recém-nascidos, mas existem aquelas que parecem apreciar muito o fato de cuidar de outro alguém, moldá-lo, orientá-lo e tem uma forte conexão sentimental com os filhos, e às vezes nem é necessário um laço consanguíneo para isso.– Scott estacionou o carro na garagem. – Mesmo as fêmeas da espécie animal tem um instinto protetor muito forte com as crias, mas só enquanto são filhotes. Depois eles têm que se manter sozinhos. As fêmeas humanas são as únicas que se mantém apegadas aos seus filhotes mesmo depois que eles desmamam.
― Padrinho, o senhor poderia falar de um jeito menos cientifico? – pediu Brandon. Ele suspirou. – Se a minha mãe percebeu que eu sou filho dela, então...
― Brandon, Cora não percebeu nenhum laço filial entre ela e você, por favor! – exclamou Scott. – Teoricamente, você não existe ainda. Só irá nascer daqui a três anos. Ela só deve ter te achado muito parecido com Bruce, apenas isso...
― Pior ainda! Ela vai concluir que eu sou filho dele!
― Como, Brandon? É impossível Bruce ter um filho da sua idade nesse presente! – argumentou Scott, saindo do carro. Brandon também saiu. – É virtualmente impossível.
― No entanto, aqui estou eu. – Brandon abriu os braços.
― Sim, mas ninguém acreditaria nisso. Bruce não pode ter um filho que é praticamente da sua mesma idade. É ilógico. Biologicamente e cronologicamente impossível. Sim, eu sei que você veio do futuro, mas para Cora, por exemplo, você é um jovem de 30 anos. Percebe a impossibilidade de você ser considerado o filho de Bruce Bennet nesse ano de 2001? – Scott abriu a porta de casa.
― É, eu sei... talvez eu esteja exagerando... – Brandon suspirou e entrou na casa, fechando a porta. – Nem Lizzie acreditou em mim...
― O que, você sabe, contar a verdade para ela foi uma enorme imprudência. – afirmou Scott, jogando a chave do carro em cima da mesa da sala. – Pense como seria se ela tivesse acreditado? Como seria contar tudo? Como isso poderia mudar os acontecimentos na linha temporal dela? Se bem que, você já modificou isso quando impediu que ela fosse atropelada.
― Você queria que eu deixasse que ela fosse atropelada? – Brandon cruzou os braços.
― Sim, se fazia parte do tempo cronológico dela. – afirmou Scott e Brandon abriu a boca, indignado. Scott atalhou os seus protestos. – Brandon, entenda, não estou desejando o mal para a moça. Acontece que você está alterando a vida dessas pessoas. Sequer deveria ter interagido com Cora e Bruce! Você mesmo está com receio de Cora tê-lo associado à Bruce em relação ao parentesco familiar! Compreende? É tudo muito maior e mais sério do que nós sequer poderíamos supor. E nós nem sabemos quem será Lizzie Gilbert no futuro! – Scott ficou pensativo. – Eu poderia fazer uma pesquisa...
― Padrinho, nem perca o seu tempo. Já te disse que ela não é de Nova Iorque. Que ela veio estudar aqui e sente falta de casa. Eu até dei uma olhada na internet e não há nada grave sobre Elizabeth Gilbert.
― Pode existir muitas Elizabeth Gilbert no mundo... – comentou Scott. – Você pode ter cruzado o caminho dela por alguma coincidência ou de repente ela tem ligação com algo sobre o Sistema ou aqueles que são os responsáveis pelo surgimento desse regime.
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Perdido no Tempo
Science FictionBrandon Bennet vive na Nova Iorque de 2035, num mundo regido pelo Sistema, um regime que comanda uma sociedade teóricamente ideal, sem violência, corrupção, crises econômicas, crimes... Mas seria mesmo tão perfeita assim? Brandon, assim como outros...