― Não foi isso que eu disse, Brandon. – Scott tentou amenizar a situação.
― Pois foi isso que eu entendi. – retrucou Brandon.
― Eu também entendi a mesma coisa que o Brandon... – disse Lizzie, com um olhar triste.
Scott respirou fundo e resolveu se explicar.
― O que eu disse é que os fatos irão acontecer independente de nossas vontades, MAS... – ele atalhou antes que Lizzie e Brandon falassem algo. - Isso não quer dizer que algo não possa ser modificado na cadeia dos acontecimentos. Prestem atenção: desde o momento em que Brandon veio de diretamente de 2035 a este ano de 2001, as pessoas diretamente ligadas a ele estão sendo afetadas. Por exemplo: Cora e Bruce demoraram mais tempo se tornarem um casal do que na primeira linha do tempo. Ou seja, a linha onde não havia a intervenção de Brandon. Até mesmo o primeiro beijo aconteceu de forma diferente. – ele disse, com certo desgosto.
― Porque você interferiu, padrinho. – lembrou Brandon.
― Sim. – ele fez uma breve careta e depois suspirou. – Mas pelo que você me contou dos relatos que ouviu de seus pais, é que a aproximação e a posterior união fluiu naturalmente. Sem intervenção externa. A sua simples presença modificou isso. Os meus pensamentos mudaram. – ele admitiu e Brandon e Lizzie trocaram um olhar. – Mas deixemos meus arroubos de fora. – o cientista abanou a mão. Scott ficava constrangido em falar sobre isso. – A minha própria vida mudou, Brandon. A sua presença está me fazendo tentar combater um inimigo que para mim é invisível e que só será revelado no futuro.
― Um futuro muito próximo e te garanto que o Sistema não tem nada de invisível. – Brandon afirmou.
― Mas, se você não estivesse aqui, eu jamais saberia disso e jamais tentaria algo para que o Sistema não se tornasse uma realidade. – observou Scott.
― Faz sentido. – o rapaz disse, pensativo.
― Sua aproximação com a Srta. Gilbert é outro fator que não existia na primeira linha temporal. Você me disse, várias vezes, que sua família não tem qualquer laço de estreitamento ou amizade com Lizzie Gilbert.
― Não, não tem... – murmurou Brandon, que olhou para Lizzie.
― Ou seja, na linha original, não era você quem impedia que a Srta. Gilbert fosse atropelada. Talvez ela até tivesse sido realmente atropelada na, digamos, primeira versão, mas a sua interferência mudou isso.
― Hum, pelo menos uma coisa positiva. – comentou Brandon e Lizzie assentiu.
Scott preferiu não comentar que ele acreditava que não só Brandon impediu o atropelamento de Lizzie Gilbert, como interferiu em algo mais grave. E se sua tese estivesse correta, em algum momento, a vida iria corrigir essa 'falha'. Se com Cora, Bruce, Leo Gilbert acontecera assim, não seria Lizzie Gilbert a escapar.
― Então, a única peça que não faz parte desse tabuleiro é você, Brandon. Por isso, de alguma forma, você desestabiliza o jogo, mas não impede que ele aconteça. Minha teoria: o Sistema vai acontecer, porém, existe a possibilidade que ele aconteça de forma diferente graças a sua intervenção. Ou seja, você tem a oportunidade de fazer com que um regime totalitário se torne algo benéfico para todos.
Brandon ficou pensativo. Sua intenção era impedir que o Sistema viesse a existir, mas se a teoria de Scott Johnson estivesse correta, então ele só poderia impedir que o pior ocorresse e assim evitar que a Humanidade vivesse sob o jugo de um regime que podava a liberdade e ainda evitar que Cora Bennet morresse de forma trágica.
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Perdido no Tempo
FantascienzaBrandon Bennet vive na Nova Iorque de 2035, num mundo regido pelo Sistema, um regime que comanda uma sociedade teóricamente ideal, sem violência, corrupção, crises econômicas, crimes... Mas seria mesmo tão perfeita assim? Brandon, assim como outros...