Capítulo 21

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― Não foi isso que eu disse, Brandon. – Scott tentou amenizar a situação.

― Pois foi isso que eu entendi. – retrucou Brandon.

― Eu também entendi a mesma coisa que o Brandon... – disse Lizzie, com um olhar triste.

Scott respirou fundo e resolveu se explicar.

― O que eu disse é que os fatos irão acontecer independente de nossas vontades, MAS... – ele atalhou antes que Lizzie e Brandon falassem algo. - Isso não quer dizer que algo não possa ser modificado na cadeia dos acontecimentos. Prestem atenção: desde o momento em que Brandon veio de diretamente de 2035 a este ano de 2001, as pessoas diretamente ligadas a ele estão sendo afetadas. Por exemplo: Cora e Bruce demoraram mais tempo se tornarem um casal do que na primeira linha do tempo. Ou seja, a linha onde não havia a intervenção de Brandon. Até mesmo o primeiro beijo aconteceu de forma diferente. – ele disse, com certo desgosto.

― Porque você interferiu, padrinho. – lembrou Brandon.

― Sim. – ele fez uma breve careta e depois suspirou. – Mas pelo que você me contou dos relatos que ouviu de seus pais, é que a aproximação e a posterior união fluiu naturalmente. Sem intervenção externa. A sua simples presença modificou isso. Os meus pensamentos mudaram. – ele admitiu e Brandon e Lizzie trocaram um olhar. – Mas deixemos meus arroubos de fora. – o cientista abanou a mão. Scott ficava constrangido em falar sobre isso. – A minha própria vida mudou, Brandon. A sua presença está me fazendo tentar combater um inimigo que para mim é invisível e que só será revelado no futuro.

― Um futuro muito próximo e te garanto que o Sistema não tem nada de invisível. – Brandon afirmou.

― Mas, se você não estivesse aqui, eu jamais saberia disso e jamais tentaria algo para que o Sistema não se tornasse uma realidade. – observou Scott.

― Faz sentido. – o rapaz disse, pensativo.

― Sua aproximação com a Srta. Gilbert é outro fator que não existia na primeira linha temporal. Você me disse, várias vezes, que sua família não tem qualquer laço de estreitamento ou amizade com Lizzie Gilbert.

― Não, não tem... – murmurou Brandon, que olhou para Lizzie.

― Ou seja, na linha original, não era você quem impedia que a Srta. Gilbert fosse atropelada. Talvez ela até tivesse sido realmente atropelada na, digamos, primeira versão, mas a sua interferência mudou isso.

― Hum, pelo menos uma coisa positiva. – comentou Brandon e Lizzie assentiu.

Scott preferiu não comentar que ele acreditava que não só Brandon impediu o atropelamento de Lizzie Gilbert, como interferiu em algo mais grave. E se sua tese estivesse correta, em algum momento, a vida iria corrigir essa 'falha'. Se com Cora, Bruce, Leo Gilbert acontecera assim, não seria Lizzie Gilbert a escapar.

― Então, a única peça que não faz parte desse tabuleiro é você, Brandon. Por isso, de alguma forma, você desestabiliza o jogo, mas não impede que ele aconteça. Minha teoria: o Sistema vai acontecer, porém, existe a possibilidade que ele aconteça de forma diferente graças a sua intervenção. Ou seja, você tem a oportunidade de fazer com que um regime totalitário se torne algo benéfico para todos.

Brandon ficou pensativo. Sua intenção era impedir que o Sistema viesse a existir, mas se a teoria de Scott Johnson estivesse correta, então ele só poderia impedir que o pior ocorresse e assim evitar que a Humanidade vivesse sob o jugo de um regime que podava a liberdade e ainda evitar que Cora Bennet morresse de forma trágica.

Perdido no TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora