Scott fechou a porta com força. Brandon ficou olhando para a porta de olhos arregalados. Bem, essa não era a recepção que esperava. Achava que o padrinho tivesse a mente mais aberta, mas aparentemente aquela versão mais jovem do cientista não acreditava em coisas teoricamente impossíveis.
Brandon voltou a bater na porta. Iria ficar ali até ser atendido, até porque não havia outro lugar para ir. Scott abriu a porta novamente com um ar enfezado.
― O que foi, cara?
― Olha... ― começou Brandon, com um sorriso tenso. ―... eu sei que parece maluquice. Eu sei disso. Eu mesmo não acreditava nessa coisa de viagem no tempo. Qual é, só faltava você aparecer com o DeLorean! Mas... ― ele suspirou. ― É verdade. Você e meu pai conseguiram. Vocês criaram uma máquina do tempo e...
― Você é maluco! ― exclamou Scott, tentando fechar a porta novamente, mas Brandon não deixou, colocando o pé no vão.
― Por favor, me escuta, só me escuta! ― pediu Brandon, desesperado. ― Você e meu pai criaram essa máquina. Quer dizer, ela começou a ser pensada bem antes, pelos pais de vocês! Eu também achava que não iria funcionar. Que era coisa de cientista maluco. ― ele olhou para Scott, que estava sério. ― Sem ofensas. ― ele forçou um sorriso. ― Mas o fato é que funciona.
― Sei... ― disse Scott, incrédulo, cruzando os braços. ― E supondo que eu acredite em você e não ligue para o hospício... De onde vem essa sua ideia de que eu possa ou ainda vá construir uma máquina do tempo?
Brandon pigarreou.
― Essa foi uma ideia de Samuel Johnson e Lars Bennet. Eles ousaram sonhar com uma máquina do tempo quando todos diziam que era pura loucura. Que jamais conseguiriam. Mas nenhum dos dois conseguiu ver a máquina pronta. Eles só deram o pontapé inicial para os protótipos. Foram você e meu pai que conseguiram finalizar o projeto.
― E seu pai seria...
― Bruce Bennet.
Scott arregalou os olhos e ameaçou fechar a porta de novo.
― Você é definitivamente maluco, cara!
― Não, não! Padrinho, por favor! ― Brandon segurava a porta para que ela não fosse fechada. ― Você tem que acreditar em mim!
― Você me chamou do quê? ― Scott o fitou, sério.
― Scott Johnson. ― disse Brandon, desviando o olhar.
― Você me chamou de padrinho! De pa-dri-nho! ― gritou Scott e o cachorro do vizinho latiu. ― Vai embora, você é completamente doido! Eu não tenho nenhum afilhado e o Bruce muito menos um filho!
― Não agora. Mas ele irá ter. ― afirmou Brandon, com segurança. Ele teve uma ideia e tirou um celular muito fino do bolso. Apertou uma tecla e mostrou uma foto para Scott. Eram Brandon, Cora e Bruce em uma típica foto de família. ― Viu como estou dizendo a verdade?
Scott pegou o objeto que ele nunca tinha visto na vida, afinal em 2001 os celulares não estavam tão avançados. Ele olhou com atenção para a foto. Cora e Bruce mais velhos. Cora nunca deixara de ser bonita e ela e Bruce tinham sorrisos felizes no rosto. Scott sentiu uma pequena pontada no peito. Então, apesar de tudo, Cora e Bruce, em um futuro distante, ficariam juntos, casariam e teriam um filho que viajaria no tempo. E ele, Scott Johnson, seria o padrinho! Scott deu um pequeno suspiro. De algum jeito estranho, ele achava que fazia sentido Cora e Bruce estarem casados, mas isso não aliviava sua sensação de perda. Quer dizer, não que um dia ele tivera algo. Ele só imaginara e criara esperanças, pelo visto, inúteis.
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Perdido no Tempo
Science FictionBrandon Bennet vive na Nova Iorque de 2035, num mundo regido pelo Sistema, um regime que comanda uma sociedade teóricamente ideal, sem violência, corrupção, crises econômicas, crimes... Mas seria mesmo tão perfeita assim? Brandon, assim como outros...