― Prontos para a Zumbiland?! – Bruce entrou na sala de Scott, animado. Brandon achava graça. Seu pai sempre fora efusivo. Bruce jogou a mochila em cima do sofá, abriu-a e tirou de lá a fantasia. – A noite dos mortos vivos! MUAHAUAHA! – riu cavernosamente, fazendo Brandon rir e lembrar de sua infância. – Quem será o zumbi-rei esse ano, ahn, ahn? – apontou para si mesmo.
― Com certeza o senhor... digo, você. – corrigiu-se Brandon.
― Exato! Eu! – Exclamou Bruce, erguendo os braços. – Mas não me chame mais de 'senhor', por favor. Senhor era o meu pai.
― Eu queria tê-lo conhecido... – murmurou Brandon, pensativo.
― Você queria ter conhecido o meu pai? – perguntou Bruce, estranhando.
― Sim! – exclamou Scott, dando um olhar de reprimenda para Brandon. – Eu mostrei uma foto dos nossos pais juntos e contei algumas histórias. – mentiu e Bruce acreditou. – Mostrei até aquela foto no lago, lembra? Quando eles iam pescar, nos levavam e não nos deixavam falar para não espantar os peixes?
― Lembro! – Bruce riu. – Então a gente nunca mais quis ir, porque era muito chato ter que 'brincar em silêncio'. – Bruce ficou pensativo. – Hoje em dia eu penso que teria sido bom ter ido mesmo nesses passeios mais silenciosos. Seria mais tempo com meu pai. – ele disse, saudoso. – Uma pena que meus filhos não irão conhecer os avós... – ele olhou para Brandon e esclareceu. – Eu moro sozinho. Minha mãe, Eva, também faleceu. Meu pai morreu alguns meses depois dela. Eles eram muito unidos. Ele ouvia a mesma canção que tocou no baile onde eles se conheceram. Várias e várias vezes, sem cansar. Eu me cansava, mas ele não. Nunca. – Bruce suspirou. – O mundo ficou muito vazio para papai depois que minha mãe morreu...
Os três ficaram em silêncio e os olhos de Bruce umedeceram. Brandon sabia o quanto o pai sentia falta dos pais dele. Depois Bruce sacudiu a cabeça.
― Mas deixemos o passado no passado. – ele piscou os olhos, contendo as lágrimas. Bateu palmas. – Eu vim aqui levar vocês para escolherem as fantasias para o Zumbiland!!!
― Zumbiland!! – Brandon gritou, animado, batendo sua mão contra a de Scott, que estava boquiaberto. – Vai ser demais!!!
― O que?! Não! – Scott gritou mais alto do que gostaria e os dois Bennet olharam para ele. Scott pigarreou. – Quer dizer... Bruce, Brandon e eu temos um compromisso importante esse final de semana...
― Mas a Zumbiland é amanhã. – lembrou Brandon. – E o nosso compromisso é depois de amanhã! Dá ir pra ir tranquilamente aos dois lugares!
Scott não acreditava no que via. Não importava o quanto recomendasse para que o enteado interagisse menos tempo possível com Bruce, o rapaz insistia no contrário.
― Que compromisso? – quis saber Bruce.
― Ahn... Vamos visitar um amigo em comum. – mentiu Scott.
― Eu conheço? – quis saber Bruce.
― Na verdade, eu vou conversar com um cara que pode mudar o meu futuro. – disse Brandon, para exasperação de Scott.
― Vai procurar um emprego? – indagou Bruce.
― Exatamente! – Brandon concordou de imediato e Scott relaxou. – E o meu futuro depende desse cara. É muito importante.
― Uau, boa sorte então! – Bruce desejou sinceramente, dando tapinhas no ombro de Brandon, que já considerava um amigo. – Então, chega de enrolação e vamos comprar as fantasias!
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Perdido no Tempo
Fiksi IlmiahBrandon Bennet vive na Nova Iorque de 2035, num mundo regido pelo Sistema, um regime que comanda uma sociedade teóricamente ideal, sem violência, corrupção, crises econômicas, crimes... Mas seria mesmo tão perfeita assim? Brandon, assim como outros...