Lizzie interrompeu o beijo quase sem fôlego. Era tão bom estar nos braços de Brandon, mas também era uma loucura sem tamanho!
― Brandon... Trinta anos nos separam... Você nem me conhece no futuro!
― Posso vir conhecer...
― Brandon, quando você fizer o que tem para fazer aqui, terá de ir embora. Você é de 2035, não de 2001. Pelo amor de Deus, irá nascer daqui a três anos ainda!
― É, eu sei. E hoje, por pouco, nem isso eu teria. – ele se lembrou do atentado à Cora e Bruce.
― Seus pais... futuros pais... brigaram?
― Não. Eles foram atacados. Papai levou dois tiros. – ele contou.
― Oh meu Deus! – Lizzie arregalou os olhos e tampou a boca com a mão, assustada.
― Mas ele está bem. O tiro no braço foi de raspão. E a bala foi removida da perna, os médicos asseguraram que ele não terá sequela alguma.
― Ainda bem. – disse Lizzie, mais aliviada. Ela suspirou. – Brandon, por mais que eu adore estar com você, os seus beijos... – ela foi interrompida por mais um beijo. – Brandon, nós sabemos que é simplesmente impossível um relacionamento entre nós. Por isso eu preferi me afastar.
― Porque é tão impossível assim? – ele teimou e a segurou pelos ombros. – Lizzie, no futuro você será mais velha do que eu, mas nem tanto assim. E eu não sou nenhum adolescente, nós dois juntos não seria sedução de menores. Existem vários casais por aí onde alguém é mais velho do que o outro.
― Brandon, por favor! – ela se afastou. – É completamente diferente e você sabe! Quando você voltar para 2035, serão como se trinta anos tivessem passado. Trinta! Muita coisa pode acontecer nesse período de tempo! E se eu for casada no futuro? Provavelmente já terei netos!
Brandon ficou calado. Era uma grande possibilidade. O futuro reservara caminhos diferentes para os dois, tanto que a família Bennet não era próxima de Lizzie Gilbert. Sua mãe, Cora, jamais lhe falara sobre Lizzie, sinal de que elas nunca foram amigas.
― E tem outra coisa... – Lizzie continuou, tentando ser o mais lúcida possível. – Quando você voltar, provavelmente não irá se lembrar de nada...
― Não, eu vou me lembrar. – ele assegurou e ela franziu a testa. – Meu padrinho também fez uma viagem temporal e se lembra com riquezas de detalhes do que viu em 2006.
― Dois mil e seis? – ela repetiu, surpresa.
― Pois é. O relógio temporal está voltando a funcionar. – ele colocou a mão no bolso da calça jeans e de lá tirou o relógio, que mostrou à Lizzie. – Por precaução, quando ouvi os tiros hoje, peguei o relógio e resolvi trazê-lo comigo. – contou.
― Nossa... – ela olhou para o relógio. – E como será o mundo em 2006? Você terá dois anos. – ela disse, achando tudo muito louco.
Brandon sorriu.
― Pois é. Aprendendo a falar. O Sistema ainda não será tão rigoroso e nem ter tanta força, mas já estará em vigor... – ele disse, pensativo. – Pena que não consegui convencer Mackenzie... – ele suspirou. – Pensando aqui... Ele não me pareceu do tipo de cara que estouraria os próprios miolos... Não me surpreenderia se Eric Russeau e Richard Fredenbach estivessem por detrás disso também. Acho que as aulas de História não eram tão precisas.
― Elas nunca são, Brandon. – Lizzie sorriu. – Você falou com todas essas pessoas?
― Apenas Mackenzie e ele acha que eu não passo de um drogado. – Brandon bufou e Lizzie ficou com pena. – Eu pensei em mostrar-lhe o relógio temporal. A ele e à Mendell.
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Perdido no Tempo
Science FictionBrandon Bennet vive na Nova Iorque de 2035, num mundo regido pelo Sistema, um regime que comanda uma sociedade teóricamente ideal, sem violência, corrupção, crises econômicas, crimes... Mas seria mesmo tão perfeita assim? Brandon, assim como outros...