Capítulo 3

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As coisas começaram a mudar quando a ideia do Sistema surgiu no planeta. À princípio era algo que as pessoas apenas teorizavam, debatiam e imaginavam. Um Sistema capaz de unificar o mundo todo, algo eficiente, que minimizasse a pobreza, o analfabetismo, a violência, que gerisse a escassez de recursos naturais. O Sistema traria benefícios a toda à Humanidade.

Wesley Mackenzie, um renomado engenheiro militar e que também se tornara herói de guerra, começou a elaborar melhor as regras do Sistema. Era necessário que todas as potências mundiais concordassem e apesar da resistência inicial, o Sistema começou a se implementado, pois muitas dessas potências estavam entrando em colapsos com suas crises econômicas. O Sistema não acabaria com a individualidade e soberania de cada país, ele apenas viria para somar, para ajudar a melhorar a condição de vida de todos, especialmente dos mais necessitados.

Mas então Wesley Mackenzie percebeu que havia falhas. Nem sempre os mais pobres eram beneficiados, havia muita corrupção, desacordo, discussões entre representantes de governos mundiais, os recursos naturais ainda não eram bem distribuídos e a sociedade como um todo só visava seu próprio lucro e benefício. Mackenzie sentia-se frustrado. Não fora assim que idealizara o Sistema. E muitos o acusavam de ser um novo socialista. Os EUA tinham grande resistência ao Sistema, pois alegavam não querer uma nova Cuba à nível mundial. Mackenzie alegava que o Sistema não era feito para que as potências mundiais perdessem sua soberania nacional, era algo visando ajudar ao próximo.

E então veio o acontecimento em 2001. O 11 de Setembro já fora traumático o suficiente para todos, mas a morte de um homem pacifista, aquele homem admirado por todos, que só pensava no bem coletivo, causara um grande impacto.

Eric Russeau, um sociólogo francês, criado nos EUA e amigo de Wesley Mackenzie decidiu que o Sistema deveria sofrer algumas pequenas mudanças. A ideia-mãe era boa, mas ajustes se faziam necessários.

E foi a partir daí que o Sistema começou a ser usado de vez. Primeiro na Europa em crise. Penas absolutamente rígidas, sem direito a lacunas, eram impostas aos criminosos; todas as crianças, sem exceção, deveriam estudar sob pena de punição aos pais; a saúde deveria ser mais ampla, com melhor assistência, com demissões aqueles que não faziam seu papel de acordo com as regras do Sistema; os recursos naturais começaram a ser geridos pelo Sistema e a corrupção era punida com rigor. Houve protestos. Muitos. Mas o Sistema passou a contar com apoio militar. E os protestos eram sufocados com prisões e alguns desaparecimentos nunca bem explicados.

Russeau percebeu que o próximo passo era diminuir gradativamente o poder da imprensa. Ela influenciava e muito a população em geral, mostrava coisas que deveriam permanecer longe do conhecimento público e isso era ruim. O Sistema deveria estar acima de todos.

Mackenzie não concordou. Não fora para isso que o Sistema fora criado. Ele deveria ajudar e somar e não se tornar arbitrário. Russeau alegara que não havia outro modo. Às vezes medidas mais duras e enérgicas eram necessárias. Era isso ou todos assistiriam o fim da civilização como a conheciam. Mackenzie achara tudo um grande exagero, mas não tivera forças para lutar.

O Sistema progredia cada vez mais forte, preocupando aqueles que viam o Sistema se tornar uma ditadura mundial. Alguns avisos foram dados através da internet e redes sociais, mas as potências viam-se satisfeitas, pois a qualidade de vida melhorava e a criminalidade diminuía.

O Sistema conseguiu diminuir o poder da imprensa e controlá-la. Fora um passo importante para que o Sistema abarcasse o mundo.

A próxima etapa foi a Limpeza. Foi assim que chamaram o grande número de desaparecimentos e mortes de criminosos, pensadores, sábios, jornalistas, mendigos, viciados em drogas, agitadores (como eram conhecidos aqueles que se opunham ao Sistema) e tudo que era considerado 'inferior' ou 'contaminante'.

Perdido no TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora