Capítulo 13

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Nem mesmo o momento que mais esperou na vida, poderia diminuir a mágoa que se instalara em seu peito. Ela tentou pensar em qualquer coisa que não fosse Regina, tentou encontrar algo que afastasse a desilusão da sua cabeça. Mas era difícil. Emma fechou os olhos. Aqueles momentos a assombrariam para sempre. Quantas vezes havia desejado voltar no tempo.

— Você não vai me contar o que aconteceu? — perguntou Lauren. Ao longo do dia, Emma não dissera uma só palavra.

Lauren notara que os olhos dela estavam injetados, como se tivesse chorado por muito tempo. A clientela que lotara a cafeteria naquele dia nublado tinha se tornado a barreira que a impedira de pressioná-la a falar. Mas agora que finalmente chegaram ao final do expediente, Emma não escaparia das suas perguntas.

— O que aconteceu é que eu sou uma idiota — disse ela, empurrando uma cadeira e colocando-a no lugar logo em seguida.

As mãos deslizaram pelos longos cabelos encaracolados e ela sorriu, embora não houvesse um pingo de diversão em nada daquilo. Lauren permaneceu em silêncio, esperando pacientemente que ela falasse.

— Fomos jantar... — ela começou. — O lugar era bonito e elegante. Conversamos amenidades e depois ela me levou a um hotel ainda mais bonito. Passamos uma noite incrível. Então, quando acordei, ela não estava mais na cama. Mas espere para ouvir a melhor parte... — ela sorriu outra vez enquanto os olhos se enchiam de lágrimas. Parecia confusa e magoada.

— Emma... — Lauren fez menção de falar, mas ela ergueu a mão, silenciando-a.

— No lado da cama em que ela dormiu, estava um cheque de três mil. Você está entendendo? É isso o que eu sou para ela, uma prostituta! — suas palavras foram tomadas pela amargura. A exaustão emocional pesava sobre ela.

— Não imaginava que Regina fosse uma filha da puta. Sinto muito que tenha terminado assim.

Emma pegou uma caixa de lenço e enxugou os olhos, mas aquelas lágrimas idiotas continuavam caindo.

— Sabe de uma coisa? Se eu fosse você contaria tudo a Camila. Ela foi compreensiva, não te julgou e nem te humilhou como a imbecil da irmã dela fez comigo. Não a deixe escapar, Lauren. Lauren suspirou.

Lá fora, a chuva batia na janela, uma intensa chuva como aquelas repentinas de verão. Talvez Emma tivesse razão. Levantando-se, Lauren puxou a amiga para um abraço longo e apertado. Na sua cabeça, uma voz continuava gritando que Emma tinha razão. Precisava revelar tudo a Camila e se livrar daquele peso sufocante em seu peito. Quando por fim se separaram, ela fez menção de dizer alguma coisa, mas a chegada de Regina interrompeu seu raciocínio.

— Você é uma filha da puta e não deveria estar aqui — disse Lauren, o rosto tão próximo ao dela que qualquer movimento poderia provocar um beijo acidental. — Mas já que está, vou deixá-las a sós. Com licença.

Com as sobrancelhas arqueadas, Regina a acompanhou com o olhar até perdê-la de vista. Emma, por sua vez, permaneceu onde estava, contendo a respiração como se a imobilidade do seu corpo e o silêncio da sua voz pudessem mudar o curso do que já tinha acontecido.

— Posso saber por que não pegou o cheque? — indagou Regina.

Emma arregalou os olhos. Uma explosão de raiva e perplexidade a invadiu.

— Vá se foder, e leve o seu maldito cheque.

— Não foi isso o que nós combinamos?

Regina estendeu o cheque na direção dela. Emma olhou para o pedaço de papel por um momento, depois o puxou de sua mão, ergueu no ar e o rasgou ao meio.

Mentiras de PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora