Capítulo 17

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Lauren não estava chorando e Emma não conseguia ver se havia algum potencial para aquilo acontecer. Ela sempre fora tão forte. No entanto, sabia que se continuasse olhando para ela por muito tempo, com certeza sentiria vontade de chorar.

— Regina esteve aqui. Ela vai assumir o caso.

— Você confia nela? — perguntou Emma.

— Ela está fazendo isso por você e por Camila. Então sim, confio nela. Você não?

— Não quero falar sobre Regina. Quero saber o que vai fazer em relação a Camila.

— Não queria que ela soubesse que estou aqui.

— Lauren, o seu celular ficou no bar. Tem umas vinte mensagens de Camila e dezenas de ligações não atendidas.

— Responda as mensagens. Invente alguma coisa, mas não atenda as ligações.

— Caralho, isso não vai funcionar. Mais cedo ou mais tarde ela vai querer falar com você.

— Se Regina conseguir o habeas corpus, sairei antes que ela volte e então contarei tudo. Por favor, Emma. Como vou olhar para ela se encontrá-la aqui dentro?

— Está bem, vou fazer o que está me pedindo. Mas Camila não é boba, Lauren. Ela vai desconfiar quando não ouvir a sua voz.

— Obrigada.

— Se cuide, por favor. Voltarei no próximo dia de visita.

Era fim de tarde, o sol estava quase desaparecendo quando o celular de Lauren tocou mais uma vez. Com o aparelho nas mãos, Emma suspirou ao ver o nome de Camila. Ela deixou que tocasse até a ligação cair, e em seguida, lhe enviou uma mensagem dizendo que a cafeteria estava tão lotada de gente que não tivera tempo sequer de ir ao banheiro. Camila não parecia satisfeita com a resposta e até pensou em ligar mais tarde, quando a cafeteria finalmente fechasse. Mas então lembrou-se do fuso horário e descartou a ideia. No dia seguinte, ela tentou de novo, e de novo, mas por alguma razão Lauren não atendia suas ligações. Quando por fim recebeu uma mensagem dela apresentando a mesma desculpa do dia anterior, Camila ligou para Regina.

— Não sei, Mila. Tem dias que não vou lá — disse Regina, preferindo não sustentar a mentira de Lauren, tampouco revelar a verdade.

Quando a ligação foi encerrada, Camila se sentou na beirada da cama e avaliou cuidadosamente a situação. Havia alguma coisa errada. Mesmo que a cafeteria estivesse lotada esses dias, seria impossível Lauren não atender uma chamada e falar com ela por pelo menos um minuto. Estava prestes a ligar para ela de novo, mas então resolveu mandar uma mensagem.

Lembra dos brincos azuis que você me deu? Não consigo encontrá-los. Acho que esqueci no seu quarto. Se encontrá-los, me avisa? Estou com saudades, te amo.

Depois de enviar a mensagem, Camila foi tomar banho perguntando-se o que teria acontecido. Os mais diversos tipos de suposições apertavam seu coração a cada minuto sem um retorno dela. Pouco tempo depois de sair do banheiro, viu que sua mensagem tinha sido respondida. Contudo, aquela resposta avisando que procuraria o adereço não poderia ter vindo de Lauren, afinal, ela nunca lhe presenteara um par de brincos azuis, e, se por acaso tivesse feito, certamente lembraria. Erguendo o braço, Camila correu a mão nervosa pelos cabelos e então se pôs a arrumar as malas. Estava decidido: voltaria para casa naquele mesmo dia.

[...]

Quando Regina entrou na cafeteria, Emma fez aquela coisa que sempre fazia com os cabelos: colocava-os para cima e os prendia com um lápis, dando forma a um coque lindo e desarrumado. Regina sempre se surpreendia com o quão sexy ela ficava fazendo aquilo, mesmo sem perceber.

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