Capítulo 21

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— Meryl? Que porra você quer aqui a essa hora? — indagou Emma. Ela estava prestes a responder quando viu Regina aparecer na sala. Um sorriso diabólico foi surgindo de repente.

— Acho que cheguei em má hora.

— O que é que você está fazendo aqui? — Regina perguntou, os olhos vagando de Meryl até Emma, como se esperasse que as duas respondessem.

— O que eu estou fazendo aqui é assunto meu e dela — Meryl fixou seu olhar em Emma e sorriu em seguida.

— Voltarei quando não estiver ocupada — e com isso, ela se virou e foi embora.

Quando Meryl desapareceu, Emma percebeu a guerra de emoções no rosto de Regina.

— O que ela veio fazer aqui?

Emma ouviu a pergunta ser feita de modo casual, mas também tinha quase certeza de que captou algo mais, algo parecido com ciúmes.

— Eu não sei!

Regina passou a mão pelos cabelos com um gesto impaciente e a fitou com seriedade. Então, do mesmo modo inesperado como quando entrou, saiu, em silêncio. Emma fechou a porta mas continuou olhando para a madeira lisa, como se de alguma forma aquele acesso, mesmo fechado, pudesse mantê-la conectada a Regina.

Um nó se formou na garganta de Regina enquanto ela dirigia até a casa do pai. Porque o aparecimento repentino de Meryl no apartamento de Emma a incomodava tanto? Ela respondeu a pergunta para si mesma: sua madrasta era uma filha da puta interesseira que se casara com um homem velho quando na verdade gostava de ir para a cama com garotas jovens como Emma. A odiava por isso e ponto final. Regina ficou tão atordoada com esse pensamento que precisou parar o veículo por alguns minutos. As ideias que circundavam sua cabeça eram absurdas. Emma era sua e Meryl não conseguiria afastá-las como quase conseguiu fazer com Camila e Lauren. Sentindo-se uma completa idiota, ela deu um tapa no volante e em seguida acelerou. Assim que chegou à casa onde não mais habitava, procurou Meryl por todos os lados, mas não a encontrou.

— A senhora Meryl já se recolheu para o quarto junto com o patrão — disse a governanta da casa, como se tivesse lido em sua testa o que ela buscava.

Regina murmurou um palavrão e em seguida subiu para o quarto que por tantos anos fora seu. Estava ansiosa porque na manhã seguinte estaria ali, pronta, esperando Meryl sem falta. ... Em outras circunstâncias, Regina teria tomado o café da manhã antes de Meryl só para não se sentar à mesa com ela. Naquela manhã, porém, ela esperou pacientemente até que a madrasta finalmente aparecesse.

— Bom dia, querida. Parece que a noite não foi muito divertida. O que houve? — provocou Meryl, aproveitando a ausência de Alejandro.

— Porque não fala de uma vez o que porra você foi fazer...

— No apartamento da sua amante? — ela a interrompeu sem hesitar.

— A propósito, Emma é uma grande amiga minha, já te falei isso? Nos divertimos muito no passado.

— Pare de mentir e responda de uma vez o que foi fazer lá!

— Acha que estou mentindo só por que está com ciúmes? Tudo bem, eu entendo. Mas, respondendo a sua pergunta, fui visitá-la porque queria lhe dar uma ótima notícia.

— Que notícia?

— Bem, queria que Alejandro contasse, mas como você parece muito ansiosa, vou te contar...seu pai passou oitenta por cento de todos os seus bens para mim — revelou Meryl, arqueando as sobrancelhas, esperando um insulto escapar dos lábios da enteada e lhe atingir diretamente na cara.

Mentiras de PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora