Capítulo 09

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Aqui a Meryl Strip tem 35 anos, vocês vão ter que imaginar ela mais filé, e menos coroa.

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Camila ficou parada em frente a sua sala por alguns minutos, e quando deixou de lado a exaustão e as suspeitas em relação a visita do pai tão cedo em seu posto de trabalho, ela girou a maçaneta e abriu a porta.

— Bom dia, papai. O que está fazendo aqui?

— Não posso fazer uma visita a minha filha? — ele se aproximou e beijou seu rosto.

— Bom dia, querida. Aconteceu alguma coisa?

— Não. Por quê?

— Se me lembro bem, você tem pavor a atrasos.

— Ah. Foi só um imprevisto.

— Imagino...

— Papai, eu tenho que trabalhar.

— Não se preocupe. Não vou tomar muito o seu tempo. Só queria saber se estava tudo bem e conhecer o seu posto de trabalho...

Ele olhou em sua volta, em seguida se fixou nas mulheres que formavam uma fila ao lado de uma outra porta bem próxima da sala onde ele estava. Camila notou que ele parecia enojado enquanto olhava para elas. Era por isso que não queria que ele estivesse ali.

— Você poderia ter ligado. Não precisava ter vindo até aqui.

— E você é melhor do que isso, Camila. Valorize-se um pouco — ele disse.

A reprovação queimando no olhar. Ela ficou pálida, indignada com a falta de empatia dele. Sem olhar para trás, Alejandro abriu a porta e saiu.

Durante as horas seguintes, Camila manteve a mente ocupada em seu trabalho. Ela não se limitava a atendê-las e medicá-las. Camila fazia o que poucos profissionais da saúde estavam dispostos a fazer: ouvir e compreender, sem julgamentos. No final do dia, havia enumerado algumas ideias que certamente ajudaria na recuperação daquelas mulheres. Provavelmente a direção não aprovaria, mas, ainda assim, ela tentaria.

[...]

Alguns dias depois...

Havia mais de um ano que Lauren vinha dizendo que estava tudo bem, que conseguiria seguir em frente sem pensar no passado. Às vezes, até acreditava nisso. Ela se perguntava quanto tempo levaria para conversar com Camila sem mentir. Antes de conhecê-la, Lauren tinha se transformado em uma flor que estava morrendo lentamente. Mas depois de conhecê-la, voltara a florescer.

— Você está bem? Parece preocupada — Emma a ouviu suspirar, um som desapontado, cansado, que conhecia bem.

— Hoje é o aniversário de Camila.

— Não é um motivo mais do que suficiente para você estar um pouquinho animada?

— O pai dela dará uma pequena festa para comemorar. Não quero ir, mas sei que se não aparecer, Camila ficará magoada.

— Não precisa ficar na festa até o fim.

— Não é esse o ponto. O pai e a madrasta vão me encher de perguntas. Estou com um mau pressentimento.

O tom de voz de Lauren soava tão desolado e havia tanta tristeza por trás daquelas palavras que Emma evitou olhar para ela.

— Lauren, relaxa. É só uma festa. Se não se sentir à vontade, vaza de lá e assunto resolvido. Já comprou um presente?

— Sim.

— O que comprou?

— Um colar em ouro branco com um pingente de pena.

Mentiras de PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora