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Eu tenho o costume de ler quando não tenho aulas, quando tenho tempos vagos ou só quando não quero almoçar, então resolvi ir para a biblioteca e ficar na parte dos puffs enquanto entrava no universo de Dan Brown.

- Não gosto desse livro - olho para frente e vejo Louis

- Então não é digno de confiança - brinquei

- Eu sou a pessoa mais confiável que já existiu - se gabou e jogou de leve a franja que cobria uma pequena parte de seu olho

- É o que uma pessoa não confiável diria - ri e fechei o livro, repousei sobre meu colo 

- Está partindo meu coração, Sr. Styles - pôs a mão no peito e mudou o semblante para um magoado, eu ri

- Peço-lhe perdão, caro Sr. Tomlinson - fiz uma breve reverência e sorri

- Ah, eu não ia me importar, Harry Edward. Seria uma honra ter meu coração partido por você - sorriu

- O quão mais clichê você consegue ser? John Green? Sério? Acho que é por isso que não gosta de Dan Brown - caçoei

- Sou uma caixinha de surpresas, ou aquelas bonequinhas russas que sempre tem mais uma dentro - se ajeitou sobre o puff - E acabou de ofender todos os leitores de livros adolescentes escritos por John Green, achei que fosse adepto a inclusão

- Não subestime minha capacidade de ter todos os livros de John Green na minha estante - ri - E você é único demais pra ter outros iguais a você - meu sorriso foi diminuindo devido ao tempo em silêncio, mas o dele se mantinha ali, sempre maroto e sempre como se escondesse algo, isso me deixava nervoso por não saber ao certo o que se passava em sua mente

- Quem está sendo clichê agora? - dessa vez sorriu doce e eu neguei com a cabeça - Eu tive uma ideia e queria que viesse comigo. Vamos matar aula

- Claro que não - arregalei os olhos e neguei rapidamente - Vão descobrir a gente, eu não posso ter isso no meu currículo escolar, Lou

- Eu prometo que não vaia acontecer nada com você, gatinho. Confia em mim - se levantou e me estendeu a mão, eu pensei e estava quase decidido a ficar, mas então ele ergueu a sobrancelha e sorriu mais uma vez

- Se nos dermos mal, eu coloco a culpa em você - menti, nunca seria capaz de fazer isso

- É pra começarmos a mentir agora? - bufei e segurei sua mão pra ficar de pé

Sair do colégio não era a tarefa mais difícil, não tinha alguém cuidando das portas que davam acesso a escola, os monitores não eram tão ativos e o estacionamento ficava bem a lado do prédio principal, por isso, entrar no carro de Louis e ter ele dirigindo pra sabe-se lá onde não foi complicado. Ele ligou o rádio no caminho e fomos ouvindo algo calmo, eu nunca tinha escutado, mas ele sabia a letra e cantava bem baixo enquanto batucava os dedos no volante. 

Nick sempre me disse que há dois tipos de pessoa na Terra, as que usam as duas mãos e seguram firme no volante enquanto fazem uma curva e as que deixam apenas uma mão aberta apoiada enquanto desliza pelo volante. Na teoria dele, as pessoas da segunda opção são as mais confiáveis, as mais intensas sexualmente e doces sentimentalmente, uma linha tênue entre a pessoa perfeita e a pessoa com os mínimos erros possíveis, o tipo para se envolver sem quaisquer preocupações porque dificilmente terá seu coração partido. Na hora da curva, Louis usou apenas uma mão e isso me fez rir.

- Por que estamos na nossa rua? - perguntei quando entramos nela

- Porque nós estamos indo para um lugar - me olhou brevemente e seguimos em direção a casa dele e eu gelei. Louis gostava de dar festas, mas ele nunca fazia isso em casa, ele nunca levou ninguém sem ser Zayn, todos sempre comentavam sobre isso e era muito raro alguém entrar lá, uma vez rolou aposta entre as meninas pra ver quem seria a primeira a ir, mas elas nunca foram e eu não sabia como reagir a isso

Borahae (l.s)Onde histórias criam vida. Descubra agora