Caixinha de Surpresas

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Delilah

― Você está bem, Holly? Parece cansada ― comentei notando os círculos escuros sob seus olhos azuis elétricos quando nos encontramos durante o intervalo na sexta-feira.

Ela me olhou como se me medisse e decidisse se deveria confiar em mim e deve ter visto algo que lhe agradou, pois seus ombros caíram antes das palavras saírem:

― Minha mãe ― ela olhou ao redor ― tem lúpus e estava tendo dificuldades para fazer seu trabalho então ela foi chutada ― seus lábios se juntaram em uma linha fina. ― Eu preciso arrumar outro emprego agora que o verão acabou para conseguir manter as contas em dia, mas entre estudar aqui e cuidar dela, estou exausta até mesmo para verificar os classificados.

― Holly, eu sinto muito ― sussurrei. ― Se houver algo que eu possa fazer para ajudar, por favor me avise, nem que seja para circular locais de caneta vermelha.

Ela sorriu:

― A não ser que você me arranje um emprego que realmente ajude a pagar as despesas médicas em vez de apenas manter as luzes acesas, não há muito que você possa fazer por mim. Nesse ritmo vou precisar deixar esse lugar e isso era a última coisa que eu queria depois de ter suportado os últimos três anos.

― Vamos encontrar um jeito, querida ― garanti lhe dando um sorriso meio sem jeito percebendo que ela não queria mais falar sobre o assunto, minha mente já correndo, buscando uma forma de ajudar a pessoa que não tinha sido nada além de gentil comigo desde que eu havia chegado na cidade.

Logo após chegar em casa, bati na porta do estúdio pessoal de Ian e esperei que ele saísse já que ele tinha pedido para que eu não entrasse lá e eu não queria violar seu santuário.

― O que foi? ― perguntou com um tom neutro conforme fechava a porta atrás de si e colocava as mãos nos bolsos da calça jeans.

Eu não sabia bem como abordar o assunto então disse a primeira coisa que passou pela minha cabeça:

― Com a festa de lançamento do Forgive no sábado que vem, estou me sentindo um pouquinho sobrecarregada e queria saber se ― pausei para engolir ― posso contratar uma assistente.

Ele levantou uma sobrancelha:

― Você contou para ela sobre o nosso... ― ele limpou a garganta. ― Arranjo?

― Não! ― exclamei antes de revirar os olhos. ― Eu falei que não iria contar para ninguém.

Ele deu de ombros:

― Então tudo bem, não vejo problemas. Só me avise quando ela vier, para que eu possa voar baixo.

― Assim tão fácil? ― indaguei desconfiada.

― Se esperava um não por que me perguntou? ― retrucou levantando uma sobrancelha.

― Ela precisa de ajuda ― sussurrei.

― E ela assinará um contrato com uma cláusula de silêncio como qualquer outro funcionário ― ele cruzou os braços em frente ao peito. ― Você ganha a assistente que precisa e eu recebo as roupas que precisamos no prazo, não é perfeito para todos nós?

Era e por isso franzi as sobrancelhas:

― Obrigada ― agradeci porque minha mãe havia me dado educação.

― De nada ― ele sorriu, o mesmo sorriso que estampava todo pôster e capa de revista que tinha a banda. ― Agora volte ao trabalho.

Ele entrou novamente na sala e eu fiquei ali me perguntando por que ele estava sendo subitamente tão legal.

A Chance de DelilahOnde histórias criam vida. Descubra agora