Eu Não Quero Perder Nada

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Ian

Acordei com George, o Imbecil, me acertando bem na cara com um travesseiro. Com o padrão do hotel estampado, a almofada era extra macia e este foi o único motivo que me impediu de matá-lo e terminar na prisão.

― O que você está fazendo, cara? ― perguntei segurando o objeto de tortura e o impedindo de me atacar ainda mais.

Com o começo da turnê, eu estava confinado com esses idiotas por alguns dias, mas isso não significava que eu tinha que aguentar eles invadindo meu quarto, ainda menos se era para agir assim.

― Por que não me contou sobre você e a Princesa do Oregon? ― ele colocou a mão no peito como se estivesse ferido. ― Pensei que fosse seu melhor amigo.

Revirei os olhos para sua palhaçada antes que a primeira parte do que ele disse penetrasse na minha névoa de sono:

― O que você falou? ― questionei desejando não ter ouvido certo.

Ele não tinha como saber sobre mim e Delilah. Se eu não havia contado para ele, que tinha se autoproclamado meu melhor amigo anos atrás, certo como o inferno não tinha contado para mais ninguém.

― Você e a Princesa do Oregon, aos beijos no Halloween. Sinceramente, estou surpreso com como isso demorou a vazar, vocês estavam se agarrando em um local público, sem nenhuma vergonha ― ele sorriu como se fosse engraçado, mas me sentei na cama começando a ficar desesperado com tudo que aquilo podia causar.

― Como você ficou sabendo disso? ― indaguei resgatando meu celular do carregador sobre a mesa de cabeceira.

― Saiu no TMZ mais cedo, mas está por todas as redes sociais agora. Criaram uma hashtag bem maldosa sobre ela também ― ele arregalou os olhos antes de prosseguir: ― Cara, as garotas que nos shippam são loucas. Espero que você tenha avisado Delilah sobre esse aspecto de se envolver com alguém como nós.

Ele continuou a falar, mas eu estava mais interessado em constatar que o que ele dizia era verdade e entrei no Twitter e no Instagram antes de me encolher. Havia fãs furiosas pelo relacionamento, como sempre havia já que algumas pareciam crer que eram donas de um pedaço de nós, mas existiam alguns comentários racistas pelo meio também e isso foi o que mais me doeu. Não queria ver alguém com quem eu me importava tanto sendo ferida dessa forma.

Aquilo não era um aspecto novo também, infelizmente. Naev era sempre o menos votado em enquetes sobre a banda e o menos seguido em todas as redes sociais. Ao longo dos anos, a diferença diminuiu e eu pensava que nossos fãs tivessem mais bom senso e humanidade do que aquilo, mas aparentemente, eu estava errado.

― Achei que Theo ficaria bravo por ela não ter sido um par midiático escolhido, mas ele ligou cerca de uma hora atrás, superfeliz com a notícia, acho que de uma forma deturpada, ele acha que você ficar com ela tem algo a ver com promover a banda ― George devaneou.

Tentei não me encolher novamente ao ouvir as palavras dele quando disquei o número dela, mas me encolhi de qualquer forma quando ouvi sua voz doce e sem preocupações sabendo que eu seria o único a lhe dar a notícia.

Contei para ela o que aconteceu e pedi, pelo bem de sua saúde mental, que evitasse entrar nas redes sociais pelos próximos dias, me sentindo a pior pessoa do mundo quando sua voz caiu do outro lado da linha sem que eu ao menos pudesse abraçá-la para assegurá-la de que ficaria tudo bem.

― Sinto muito, Del, logo eu estarei aí com você.

Na época, eu não sabia que essa era só a primeira vez que eu a faria sofrer.

Delilah

Após minha ação ousada em nossa escapada de Halloween, eu e Ian entramos em uma espécie de lua de mel. Ele segurava minha mão, me beijava quando estávamos sozinhos, seu rosto sempre aberto e sorridente, como se aquilo tivesse desbloqueado algo positivo dentro dele e não importa o que acontecesse durante o dia, as 22h nós íamos para nossos respectivos quartos, sozinhos.

A Chance de DelilahOnde histórias criam vida. Descubra agora