O incidente

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Antigamente eu costumava acreditar que tínhamos escolhas, que tudo que acontecia em nossas vidas eram fruto de boas ou más decisões. Não acreditava em um destino pré determinado, sempre pensava: eu faço o meu destino, eu escolho o que fazer da minha vida. Por muito tempo pensei assim, mas as coisas mudaram, tudo mudou. Eu não escolhi ser o que sou. Não escolhi fazer as coisas que tenho feito, foi o destino, ele quis assim e assim será. O que mudou? Você quer saber a minha história? Muito bem. Meu nome é Michael Cane, eu sou um Hunter. Um caçador, minha missão é eliminar toda criatura das trevas que cruzar o meu caminho. Mas nem sempre foi assim, a alguns meses atrás eu era apenas um garoto normal, com uma vida comum, e uma namorada incrível. O nome dela era Juliette, tinha 16 anos, um ano a menos que eu na época. Ela tinha o corpo bem definido, pele clara, cabelos longos e negros, olhos azuis como o céu, uma voz soave e doce que sempre me acalmava. Eu a amava como nunca havia amado ninguém. Estávamos cursando o último ano do ensino médio, eramos um casal muito popular na escola, aquele tipo de casal que todo mundo gosta, sabem? Até então tudo bem, as coisas começaram a ficar estranhas no dia 20 de dezembro, fazia muito frio aqui em Nova York, estava nevando como sempre nessa época do ano. Era sexta feira, recebemos um convite para uma festa. Um papel todo preto, com letras brancas que dizia assim:
Festa do inverno sombrio, venha dançar e se divertir antes que você morra sem fazer nada!

Um pouco diferente e excêntrico pra um convite de festa, mas depois de uma semana cheia na escola, acabamos por decidir que iriamos na tal festa sombria.

Por volta das 21 horas, Juliette apareceu em minha casa, eu moro com meus tios, eles não ligam muito para o que eu faço ou deixo de fazer. Na verdade, se eu morresse é capaz de eles nem perceberem. Nunca conheci e nem ouvi falar do meu pai, e minha mãe morreu quando eu era uma criança. Desde então meus tios "cuidam" de mim. Mas vamos ao que importa, Julliete estava linda, usava um vestido azul acima do joelho, combinando com os seus olhos, em seu cabelo ela havia feito uma trança que a deixava ainda mais perfeita. Por alguns instantes eu fiquei parado apenas olhando para ela.

- Acorda Michael, não vai me convidar para entrar, está frio aqui fora - disse Juliette dando um abraço em si mesma por causa do frio.

- Você está linda.

- E com frio. Posso entrar?

Antes que eu pudesse responder ela entrou me deu um beijo e foi para o meu quarto.

Namoramos um pouco, conversamos sobre nosso futuro depois do ensino médio. Planejavamos fazer faculdade juntos, estudar algo que os dois gostassem e continuar juntos mesmo depois da escola.

- Amor, promete que ficaremos pra sempre juntos? - disse Juliette me olhando com aqueles olhos angelicais.

- Prometo sim Julie, pra sempre. Não importa o que aconteça eu nunca vou desistir de você.

Nos beijamos mais uma vez e logo saímos para a tal festa. Desde o ano passado eu já dirigia, economizei dinheiro e comprei um carrinho meia boca.

Estávamos felizes, alegres, a caminho de mais uma festa. Mas a alegria durou pouco, a rua estava deserta, nevava muito forte, quase não podia ver a estrada. Derrepente uma sombra surge na frente do carro, mesmo com reflexo rápido não consegui desviar. Juliette soltou um grito abafado, me olhava com cara de assustada.

- Matamos alguém - dizia ela com uma expressão de medo no rosto.

- Fica calma, eu vou ver se ele tá bem, liga pra emergência - disse eu tentando parecer calmo.

Sai do carro, a neve parecia estar mais forte do que antes, olhei para um lado e para o outro, não vi nenhum corpo. Avancei um pouco a procura de alguma pista do atropelado, e então aconteceu.

- Você não pode fugir do seu destino Michal Cane - disse uma voz sombria que vinha de onde o carro estava.

Olhei rapidamente, era uma figura humanóide, mais alto do que o comum e com os olhos vermelho sangue, ele segurava Juliette pelo pescoço, ela não conseguia gritar, parecia que estava sendo sufocada.

- Um pequeno incentivo para você caçador - disse a coisa que segurava Juliette.

Ele me chamou de que? Caçador? Antes que eu pudesse entender, ou reagir, ele fez algo horrível, com uma das mãos apertou e quebrou o pescoço de Juliette e atirou seu corpo sem vida na minha frente.

Nesse momento o meu chão sumiu, meu coração parou. Não sabia o que fazer, nem o que pensar. A minha amada Julie morta, bem na minha frente, eu não pude fazer nada. Caí de joelhos em cima do seu corpo e comecei a gritar e chorar, não podia ser verdade, aquilo era um pesadelo, eu precisa acordar, olhar nos olhos dela mais uma vez. Então senti uma estocada nas minhas costas, algo perfurou o meu corpo e atravessou o meu coração, senti frio, dor, solidão. Em poucos segundos eu perdi o controle do meu corpo e caí sobre o de Juliette.

Hunters - o caçador das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora