O ataque

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Durante o caminho de volta, não trocamos uma palavra se quer. Talvez o que quase acabou de acontecer tenha sido o motivo do silêncio. Mas nesse momento isso não poderia nos distrair, estávamos sob ataque. Precisavamos estar concentrados para dar o suporte necessário para nossos amigos, antes que fosse tarde de mais.

A madrugada estava fria, certamente uma boa noite para lutar, sentir o sangue ferver durante a batalha. Uma sensação que desde a súcuboeu não sentia. Já faz tempo que eu estava desejando cruzar com um demônio na rua.

Pegamos algumas armas que estavam escondidas fora da base, espadas das sombras, e armas com balas que matam demônios.

A base estava cercada, contamos doze demônios espalhados ao seu redor. Todos com seus olhos vermelho cintilantes, e expressões assassinas no rosto. Enquanto uns tentavam arrombar a porta e forçar uma invasão, outros brandiam suas espadas e gritavam palavras em uma lingua que era estranha para mim.

- E então, qual é o plano? - Perguntou Liza.

Foi a primeira coisa que ela falou depois do acontecido lá na colina.

- Bem... Vamos cortar umas cabeças eu acho. - Respondi com um sorriso de canto de boca.

Nos aproximamos devagar, escondendo-nos nas sombras. Ao chegar mais perto, separamo-nos. Liza se esgueirou pela esquerda da base, onde cinco dos doze demônios se encontravam. Eu fiquei com o lado direito, onde os outros sete se concentravam. Eram quatro homens e três mulheres, um dos homens era grande e forte, e se encontrava mais a frente, liderando a invasão, não podia ver seu rosto, pois estava de costas.

Me aproximei sorrateiramente pelas costas de um dos demônios que estava distraído. - Hey, você tem horas? - Perguntei. Quando o demônio se virou para ver quem o chamava, enterrei minha espada em sua barriga. Com um grito seco ele se desfez, assim como a súcubo.

Continuei avançando, logo os demônios perceberam minha presença e avançaram contra mim. O primeiro veio gritando com sua espada no alto, pronto para me cortar ao meio. Levantei minha espada e interceptei o primeiro golpe, me abaixei para escapar do segundo. Levantei e acertei com o punho da espado no rosto do demônio, que cambaleou para trás tonto por causa do golpe. Antes que ele pudesse se recuperar, atravessei minha lâmina das sombras em seu pescoço.

Outros dois demônios vinham em minha direção, um homem e uma mulher. Aqueles olhos vermelhos brilhavam na escuridão da noite. Saquei minhas duas pistolas especiais, e atirei. Com um buraco fumegante na cabeça, ambos caíram no chão e desapareceram.

Uma mulher demônio bradou sua espada e se lançou contra mim. Antes que eu pudesse atirar novamente, fui desarmado. As armas simplesmente voaram de minhas mãos. Meus reflexos foram rápidos. No momento em que perdi as armas, logo saquei minha espada e defendi o golpe mortal que a mulher demônio desferiu sobre mim. A outra mulher que esperava uma oportunidade para atacar, aproveitou esse momento e correu na minha direção empunhando uma pequena adaga, pronta para me perfurar. Em um movimento rápido e preciso, girei a espada desarmando a outra demônio e a segurando em minha frente como um escudo. A mulher demônio que atacava com a adaga não recuou e enterrou a adaga em sua própria companheira.

- Nunca gostei dela mesmo - disse a mulher lambendo o sangue na adaga -, agora é sua vez garoto.

Recuei e esperei por sua investida. Ela não demorou a atacar, com estocadas rápidas e precisas tentava me perfurar. Fui rápido o suficiente para escapar de todas, eu sabia que se qualquer um desses golpes me acertasse, eu estaria morto.

Em um corte horizontal ela tentou cortar minha garganta. Por instinto dei um passo para trás e ao mesmo tempo levantei minha espada, e a desci sobre o braço da mulher demônio o decepando.

- Aaaaaaarrrrghhh!! - Berrou o demônio.

Antes de seu grito cessar, minha espada já havia atravessado seu peito. A fazendo cair no chão e desaparecer como os outros.

O único que continuava de pé, era o cara maior e mais forte. Ele estava parado, continuava virado de costas para mim. Somente depois que todos os demônios que ali estavam caíram ele virou-se lentamente batendo palmas, - muito bem Michael, você progrediu muito desde a última vez que nos encontramos. Vejo que a motivação que lhe dei serviu para algo. - Concluiu o demônio.

Meu coração quase parou. O calor da batalha havia se transformado em um frio terrível. Era como se eu estivesse enfrentando a morte de frente. De certa forma eu estava mesmo, este era o demônio que matou Juliette, e por fim me matou.

Os sentimentos mais fortes me preenchiam, tais como a raiva, a sede de vingança, e também um certo medo. Eu apertava o punho da espada com toda minha força, meu rosto estava salpicado pelo sangue dos outros demônios.

Eu esperei tanto por esse dia, e agora que ele chegou eu não sabia o que dizer. As únicas palavras que saíram de minha boca foram - você vai pagar - com ódio em cada sílaba.

O demônio apenas abriu os braços, desarmado, como se estivesse dizendo - venha.

-Aaaaaaaaahhh! - sem hesitar, eu corri em sua direção, bradando com a espada no alto.

O primeiro ataque foi imprudente, deixei a guarda aberta, e ao desviar do golpe o demônio me acertou em cheio, me jogando longe com uma força sobrenatural.

Levantei novamente e voltei a atacar. Meus golpes eram inúteis, o monstro era mais rápido e habilidoso que eu. A raiva dentro de mim atrapalhava os meus sentidos. Eu não conseguia me concentrar. Tudo que eu fazia era atacar, porém sem estratégia, era apenas raiva reprimida.

O demônio se esquivava de cada tentativa de ataque, e entre eles aproveitava para me ferir de alguma forma. O ódio dentro de mim me levantava e me colocava de pé novamente. Mas eu estava ficando cansado, minhas forças estavam se esvaindo aos poucos.

- Eu... Vou... Matar... - me faltava fôlego para falar.

Corri mais uma vez contra a criatura e saltei sobre ele com a espada em punho. Infelizmente o monstro desviou, e girou o corpo acertando um soco forte nas costas da minha mão, que na mesma hora soltou a espada. Mais rápido do que eu esperava, o demônio agarrou meu pescoço e me arrastou até a parede, levantando-me na altura de seus olhos.

- Você ainda não está preparado Michael Kane, que decepcionante - disse o monstro colando seu rosto ao meu. - Quando estiver pronto volte a me procurar. Talvez eu diga algo sobre sua antiga namorada e o que ela anda fazendo...

Meu sangue voltou a ferver.

- O que ele quer dizer com isso... Não pode ser... - pensei.

Meus pensamentos foram interrompidos quando o demônio bateu minha cabeça na parede. Senti dor, depois sono, e por fim minhas pernas amoleceram.

- Juliette... Juliette... - Balbuciei antes de cair inconsciente no chão.

Hunters - o caçador das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora