Pesadelo

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Minha cabeça doía. Minha última lembrança era de uma luta sangrenta contra vários demônios. Isso antes daquele demônio aparecer. Minha vida ultimamente tem sido assim. Treinar arduamente todos os dias, e lutar contra demônios que estejam causando algum tipo de confusão. Sim, esses monstros existem na vida real e não apenas em pesadelos ou histórias de terror.

Lembro claramente do demônio segurando minha cabeça e a batendo contra a parede, - talvez seja por isso que ela estava doendo - e mais uma coisa, ele havia mencionado Juliette... Mas não poderia ser possível, demônios mentem. Eles fazem de tudo para abalar o nosso emocional, certamente ele estava tentando me distrair -, e conseguiu.

Logo parei de pensar nessas coisas. Mas algo me incomodava, - não digo que incomodava, mas era estranho - durante o tempo que estive dormindo, não tive aquele pesadelo recorrente. Ele me incomodava há tanto tempo, será que finalmente me deixou. Finalmente.

Abri os meus olhos devagar. O choque foi grande. Eu estava deitado em minha antiga cama, na casa dos meus tios. O que está acontecendo - pensei, - como vim parar aqui? Levantei em silêncio, atravessei o corredor chegando à sala, estava vazia. Certamente meus tios não estavam em casa, ― melhor assim ― se me vissem aqui sem dúvida chamariam a polícia. Eles não falam comigo desde o dia em que fui preso, provavelmente nem sabem que fui solto.

Ouvi um barulho vindo da cozinha, me aproximei devagar para averiguar. Ao passar pela soleira da porta, meu coração quase saiu pela boca. Senti um frio percorrer a minha espinha e explodir na minha cabeça. Permaneci parado, sem dizer uma palavra, apenas a observando.

- Bom dia dorminhoco. Seu café está quase pronto. - Disse Juliette com um largo sorriso no rosto.

Eu só podia estar alucinando. Isso não era possível. Esfreguei os meus olhos para enxergar melhor. Mas a alucinação não desapareceu. - O que está acontecendo aqui?! Você não é real. Eu estou sonhando? - Perguntei.

Juliette me encarou com certa preocupação no olhar. ― Você parecia estar sonhando quando estávamos dormindo, você se revirou na cama a noite inteira.

- Isso não é possível, você não pode estar aqui. Você morreu Julie, ― disse com um grande peso no coração ― isso aqui não pode ser real.

Ela se aproximou de mim, me olhou nos olhos e me deu um beijo como se nunca tivesse me beijado na vida. ― Isso parece um sonho para você?! ― Perguntou ela.

Realmente foi real, o calor de seus lábios tocando os meus, a sensação de tê-la em meus braços. Com certeza não era apenas um sonho.

- Fique calmo meu amor, você teve apenas um pesadelo. Eu estou bem, estou aqui com você. - Tranquilizou-me Julie. - Talvez você tenha exagerado na bebida ontem na festa sombria.

Festa sombria?! Mas... Isso não é possível.

- Nós chegamos até essa festa?! - quando tentava lembrar-se de algo, minha cabeça doía.

- Nossa Mike, você não lembra de nada?! - Perguntou ela intrigada.

- Lembro de estarmos a caminho da festa, quando atropelarmos alguém...

- Do que você está falando?! - Me interrompeu Juliette. - Não atropelamos ninguém. Nós saímos daqui, e logo chegamos à festa. Dançamos a noite inteira, você bebeu demais e eu voltei dirigindo para casa.

Seria isso possível?! Será que tudo isso foi um longo pesadelo? Eu só queria acreditar que sim. - Me desculpe meu amor, fico feliz por estar aqui com você. - Me aproximando lhe beijei mais uma vez.

Hunters - o caçador das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora