Capítulo 45

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Gringo

6 anos depois

Mermão eu nem pisquei e daqui à dois dias vou fazer 33 anos, mas mudou nada, continuo bonito e gostoso, e trabalhando sem parar.

Tava  à espreita com o carro num acostamento da rodovia, e com a chave já na ignição só esperando o carro forte passar pra pisar o pé. Na real a operação já tava em andamento, o motorista do carro forte já era soldado da minha tropa, mas precisava escoltar né, e é aquela história aquela se quer bem feito, faz tu mesmo. 

Além do mim, Dz estava mais a frente em outro carro, assim que vi o carro dele ligar e já partir em desparada, liguei o meu e em seguida o carro forte passou, entrei atrás e começamos o desvio até Paraisópolis, que foi mais tranquilo do que o esperado, estacionamos no Galpão onde agora era feito a lavagem de dinheiro, mas antigamente servia para estocar drogas

Dz: Mais um caralho, nóis é foda! Vai ter festa de aniversário né chefe?- Ele saiu do carro comemorando e vindo na minha direção, sobre a festa na real eu nem queria, porque pra mim só ia ter graça se Estela estivesse aqui.

Fui descer do carro pra responder ele, mas não deu tempo de eu por o pé pra fora que os fogos já começaram sinalizando invasão, a polícia já tava batendo aí, os cara veio pique flash. 

Já começou uma correria, cada um pegando um colete, arma  e munição, e descendo pra barreira no doze, mas eles conseguiram avançar, então começou a pulação de laje em laje, Rei apareceu do meu lado, e eu não sei como o velho ainda tem pique pra essas coisas, já mandei o papo pra ele se afastar do movimento, mas adianta não.

Acertei a cabeça de três caras da polícia, o silenciador das armas ajudava pra caralho na hora de matar grupinho assim, malandro morre sem nem saber como, era 5 ou 6 sem ninguém perceber que o do lado caiu, sai acertando uns e outros, ajudando morador a entrar em casa, ajudando a fechar loja, bar, restaurante, mas sempre atirando nos cuzão. Foi mais uma hora de confronto e os cara saíram vazado, os menor ainda tiveram tempo de roubar três viaturas, que a gente fazia modificação e depois usava em operação grande. 

Cheguei a ir na boca principal ainda, porém não eram 19h e eu já tinha feito um monte de coisa, por isso nem enrolei lá, só conferi a produção de droga e já piei pra casa, tava cansadão e com saudades da minha ruiva, que por sinal eu nem sei quando volta de Missão. Depois que a Medusa assumiu a Máfia Russa e largou o comando do CTA, eu passo dias sem ver Estela, porque Medusa fez acordos com MR e um desses era que Estela, ou melhor a Tenebrosa, trabalharia pros dois, MR até pensou em tentar negar, mas aquela mulher faz até o diabo ter medo, então ele nem teve voz pra negar  e eu muito menos.

Entrei em casa, fui direto pro banheiro tomar um banho, e de repente bateu uma brisa de tudo que rolou nos últimos anos, depois que Estela saiu do CTA passamos a integrar a parte mais poderosa do CV, nos casamos, e tudo na minha vida mudou. A principal foi praticamente reconstruída, Estela quis um casarão, e eu que nem sou doido de falar nada deixei ela fazer tudo do jeito dela, tudo coisa fina parecia até casa de novela, pra mim  o que importava era estar com ela do lado, e até a minha quebrada mudou depois de Estela, agora tava mil vezes melhor, só evolução, a idéia da lavagem de dinheiro partiu da Estela, e com isso começarmos a faturar pra caralho, então aqui na favela o postinho virou um hospital, tinha remédio mais barato, se não de graça, pros morador, a escolas e creches tinha ar condicionado, computador e os bagulho tudo do bom e do melhor… Falar que parece até sonho ver tudo melhorando assim, mas pra mim tudo isso perde a graça e a cor quando ela não está aqui. 

Depois do banho, pedi pra um menor buscar uma quentinha pra mim e liguei a televisão da sala pronto pra jogar um game. 

Foi questão de 10 minutos que eu tava jogando que ouvi alguém entrar em casa, eu nem fiz questão de olhar quem era, porque pra conseguir entrar assim era alguém de casa, aposto que Yasmin ou meu sogrão, ouvi os passos chegarem sala.

Tenebrosa: GRINGO EU VOU MATAR VOCÊ!!! - Ela gritou e eu olhei assustado um pouco pelo grito e um pouco por ela estar em casa, só deu tempo de abaixar a cabeça e o chinelo dela passar voando e  fazer eco quando bateu na parede, ela estava com cara de choro. - Eu não acredito que tu me engravidou CARALHO! - as palavras dela fizeram meu mundo parar.

Entre eu e ela, vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora