Capítulo 19

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Gringo

Daqui a 5 dias completam 3 anos desde a morte da Amália, e é quando todo o pesadelo que eu vivi naqueles dias vem a tona.

Gringo: Desenrola Yasmin,vou zarpar e largar tu aqui - Apertei a buzina do carro, enquanto a madame fechava a casa dela.

Yasmin: Ai cala boca mané, eu que vou ter que te aturar não to reclamando - olhei feião pra ela, que em seguida entrou no carro e dei partida.

Desde o acidente, nessa época do ano eu largo tudo e parto para Serra Negra, Yas sempre vai comigo, e Deus sabe o que seria de mim se não fosse ela lá.

No caminho a Yas dormiu e as lembranças da Amália começaram a bater na minha mente, o amor da minha vida que eu perdi por vacilação.

Eu conheci a Amália em novembro de 2016, fazia pouco mais de um ano que Paraisópolis estava sobre meu comando, eu tava pilhado, meu pai tinha morrido, e eu me iludi com o poder, achava que que eu era melhor que todo mundo e tava nem ai com nada, só queria curtir com os meus parças. Quando eu me bati pela primeira vez com a maluca, em uma social na casa do Nandinho, ela era recém chegada na quebrada, toda cheia de não me toque não me rele, mas desde aquele momento eu quis ela no meu nome, então corri atrás.

Não era novidade os meus casos de 1 mês, mas com a Amália, 1 mês eu gastei só pra levar ela pra cama, fazia o bom moço para ela, mas qualquer oportunidade de sair pra beber e usar drogas até esquecer meu nome eu tava dentro, Amália era muito ingênua no início, de coração grande e transbordava alegria, então quando despiava para goma dela bêbado e drogada, lá estava ela para cuidar de mim, me dar banho, me por na cama e ajudar com a ressaca, dando um sermão ou outro que eu curava um beijou ou transa boa . Ela fazia de tudo por mim, e eu gostava dela mesmo assim eu fazia dela gato e sapato, e assim foram os 3 primeiros meses, eu na farra e ela em casa me esperando, claro que como todo "casal" a gente tinha vários momentos massas, mas não posso negar que eu preferia ir pros rolê do que ficar com ela.

Com o tempo Amália foi deixando a ingenuidade dela para trás, arrumou várias amigas no morro, e Yasmin era a melhor amiga dela segundo ela mesma, e com isso logo ela começou a se impor, sair sem mim, mas foi com isso que as brigas também começaram. Eu nunca assumi de fato a Amália, eu me sentia livre pra pegar quem eu quisesse, também nunca barrei ela de pegar ninguém tá ligado, mas ela começou a querer me barrar, dizer que ou eu assumia ou já era, querer algo sério, mas eu nem dava moral, até que chegou o dia que ela levou outro pra casa, e quando eu me deparei com aquela cena, já louco chapado, não deu outra, meti bala no cu do cara e foi isso.

Para dar uma acalmada nas brigas eu parei de pegar outras minas por mais o menos duas semana, até ela se acalmar, mas quando tudo se ajeitou eu voltei pra farra e deixei ela em casa, de novo. O tempo começou a passar e continuava na mesma, ela comigo e eu com o mundo, eram altos bailes, sexo e drogas, e ela pra me curar quando eu queria.

Só que eu comecei a pegar a Amália chorando nos cantos, e vi que aquela alegria dela já não existia mais, eu como não tava nem ai com nada nem me liguei na merda que eu tinha feito. E num dia qualquer no final de abril eu cheguei na porta dela naquele estado que ela já conhecia bem, e ela cuidou de mim e me disse adeus, ela disso tudo, disse que não aguentava mais, falou também tudo que sentia e tudo que eu fiz com ela, falou as coisas que eu fiz ela passar, e mesmo assim ainda disse que me amava, e por causa desse amor que ela precisava partir, pra não acabar com ele e nem com a chance de que um dia talvez a gente pudesse viver juntos se eu tivesse disposto a mudar, e no outro dia quando eu acordei ela não estava mais lá.

Assim que a minha consciência estava no lugar, eu parei pra pensar em tudo aquilo que eu ouvi dela, e só então percebi o grande cuzão, desgraçado e filho da puta que eu fui com ela, então deixei ela partir e não fui atrás, deixei a vida seguir. Só que os dias começaram a passar e ela não estava lá, pra me por pra cima, pra curar meus machucados, pra cuidar das minhas ressacas, pra conversar comigo de madrugada depois de uma transa louca que só a gente fazia, ela simplesmente não estava lá, e eu soube que eu não sabia viver sem ela.

E foi aí que eu saquei aquela famosa frase "A gente só dá valor quando perde", descobri que amava a Amália e por isso decidi mudar, ela disse que se eu mudasse a gente ainda podia viver um amor, eu me agarrei naquelas palavras e comecei a procurar por ela, pra ter um futuro ao lado do amor minha vida, mal sabia eu o que o destino me reservava.

Entre eu e ela, vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora