Capítulo 35

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Tenebrosa

Abri os olhos sentindo dificuldade de me acostumar com a claridade, meu corpo chacoalhava levemente, então  percebi que estava no colo de alguém que andava em uma direção desconhecida por mim naquele momento. Forcei a visão e consegui enxegar que Gringo me carregava em seus braços, me mexi tentando descer.

Gringo: Fica quieta aí Estela, você acabou de desmaiar não vai ter forças nem pra ficar de pé, quanto mais pra chegar até na boca. - Eu abri a boca para argumentar alguma coisa, mas decidi ficar quieta, apenas me ajeitei no colo dele. 

Quando chegamos na boca principal ele me levou numa salinha onde ficavam os materiais de primeiros socorros. Logo uma mulher chegou e começou a me examinar. 

Xxx: Não foi nada demais, o desmaio ocorreu por causa de uma exaustão psicológica, geralmente ocasionado por uma forte emoção, ou pode ter sido uma simples  queda de pressão, de qualquer forma você pode ficar confusa por algumas horas, então sugiro que descanse. - Ela estendeu um comprimido na minha direção. - Esse é um clonazepan, um calmante, beba e você vai dormir por algumas horas, quando acordar já estará melhor. - Ela me deu o calmante, eu o engoli, e a mulher disse que não demoraria a fazer efeito, então permaneci deitada.

Gringo ainda estava na sala, eu encarava o teto e me forçava a lembrar o que aconteceu antes de eu desmaiar, mas não consegui, mimha mente era um completo borrão, a última coisa a qual me lembrava era da explosão em Heliópolis. Gringo estava mexendo no celular dele e eu cocei a garganta chamando sua atenção.

Gringo: O que foi? - Perguntou aparentemente irritado, o que não era surpresa ultimamente.

Tenebrosa: Nada, ham… O que aconteceu comigo para desmaiar e parar aqui ?- Perguntei e ele arqueou a sobrancelha. 

Gringo: Do que você se lembra? - ele estava com a curiosidade e preocupação estampada em seu rosto.

Tenebrosa: Me lembro da explosão em Heliópolis e só, do restante eu tento me lembrar, mas não consigo. - respondi ainda tentando me lembrar.

Gringo: Você desmaiou quando Micaela levou um tiro. - Quando ele disse as memórias voltaram, uma dor no peito me invadiu, lembro de tentar correr para protege-la e ela levar um tiro do Lilo - Ela já foi para um Hospital, e o Lilo, não surta… Ele é o filho do Jacaré, mas pegamos ele, já tá na sala de tortura. - Por alguns instantes eu não assimilei as coisas, tudo que me importava era Micaela no hospital.

Tenebrosa: Eu quero ir ver a minha irmã Gringo! - Falei me levantando no impulso, mas senti as minhas pernas fraquejarem e ele teve que me segurar. 

Gringo: Relaxa aí, que não vai adiantar nada você lá agora - Ele me colocou na maca de novo - Agora vem cá, uma assassina que desmaia quando vê alguem levar um tiro? Isso não é para você…

Tenebrosa: Gringo, Micaela é minha irmã, preferia ter levado um tiro no lugar dela. - Ele se calou e sentou de novo onde estava, segundos depois o calmante fez efeito e meu corpo relaxou, minhas pálpebras ficaram pesadas e fui obrigada a fechar meus olhos.

Acordei, mas não reconheci a salinha onde adormeci, estava na sala do Gringo, num sofá, não faço a mínima ideia de como vim parar aqui. Me sentei, um pouco zonza, e então a porta foi aberta, Gringo entrou falando com alguém no celular e eu relaxei o corpo.

Gringo: Ta bem?- Acenti com a cabeça - Eu tenho que falar com você. - O receio dele era nítido, e meu coração já disparou se preparando para o pior. 

Tenebrosa: Fala logo Gringo, essa enrolação ta me deixando nervosa! - Disse, e ele coçou a cabeça. 

Gringo: Olha, primeiro a Micaela passou por 2 cirurgias, você capotou por mais ou menos 6 horas, a notícia boa é que a Micaela está viva, ela ainda não acordou por causa dos cedativos. Mas, eu tenho uma notícia ruim, o cria que ela tava carregando… eles não… não conseguiram salvar ele, o bebê morreu. - Ao mesmo tempo que estava aliviada de Micaela estar viva, eu estava sem chão em saber que ela tinha perdido o bebê, e sei que isso vai fazer a cabeça dela virar um caos. 

Tudo aquilo que me preocupa é que com o fim da guerra, eu volto para o CTA provavelmente em poucos dias, e vou deixar minha família no meio de um furacão, sem nem direito a questionar qualquer coisa. Nesse momento dúvido se as minhas escolhas foram realmente as mais corretas, será que a carreira de assassina é realmente o que eu quero? A escolha certa para mim ? Será que eu vou ser uma boa líder? De qualquer forma agora não importa mais, porque uma vez lá dentro não há mais volta!

Entre eu e ela, vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora