Capítulo 46

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Tenebrosa

Acordei pouco atordoada depois de passar mal em um julgamento e precisar  sair sem cumprir minhas obrigações, olhei ao meu redor e percebi estar no quarto do hotel onde estava hospedada, enxerguei um teste de gravidez sobre o criado mudo, junto a ele um bilhete. 

"Faça o teste, se a resultado for positivo, você vai voltar para casa, e saiba que lhe darei todo apoio, caso o resultado for negativo, iremos procurar um médico!

Atenciosamente: Medusa "

Encarei aquele teste sobre o criado mudo e senti meu corpo estremecer de medo, mas criei coragem e o fiz. Observei os dois riscos vermelhos surgirem, e com isso o desespero surgir também, meu coração parecia sair pela boca, e na minha mente ficava rodando as perguntas " O que é que vou fazer? Como eu vou criar uma criança nessa vida? Eu não sei cuidar de mim, como eu vou cuidar de um ser dependente de mim?" 

Depois de chorar por horas, avisei medusa que voltaria para o Brasil, ela se ofereceu para voltar comigo, então embarcamos, durante a viagem eu preferi tomar um calmante, que claro não prejudicasse a criança, e apaguei tentando me livrar de todos aqueles pensamentos e questionamentos que minha mente insistia em se fazer. 

Acordei já no aeroporto do CV em Sp, e durante o caminho até em casa eu tentava saber como eu fui deixar isso acontecer, até lembrar que há 2 meses atrás eu retirei meu implante contraceptivo, por causa que a validade dele havia vencido, mas que precisaria esperar um novo chip chegar, porque o da marca que eu usava estava em falta, na mesma época teve uma festa por conta de uma operação bem sucedida do CV que gerou muito dinheiro, lembro de beber muito e que Ulisses bebeu além da conta também, tanto que fomos os dois aos tropeços para o quarto e que logo em seguida durante  uma conversa confusa de dois bêbados decidimos transar, e pelas minhas contas eu tenho certeza que foi ali que a merda aconteceu. 

Cheguei em casa e tudo que eu queria era matar alguém, e esse alguém era o senhor meu marido Ulisses Alves. Ouvi o barulho do vídeo-game e foi o suficiente para me fazer surtar de vez. 

Tenebrosa: GRINGO EU VOU MATAR VOCÊ!!! - Gritei e ele me olhou assutado, arremessei meu chinelo, mas ele conseguiu abaixar a cabeça e o chinelo passou voando e fez eco quando bateu na parede, e meus olhos começaram a marejar sem eu mesma  entender o porquê-  Eu não acredito que tu me engravidou CARALHO!- Ele me olhou pasmo e se levantou, ele começou a rir e veio em direção a mim.

Gringo: É sério eu vou ser pai?!- Ele me abraçou e me girou. - EU VOU SER PAI, É A MELHOR NOTÍCIA DA MINHA VIDA, EU TE AMO, EU AMO VOCÊ E A NOSSA CRIA. - A felicidade dele me chorar, e com isso que ele me colocou no chão me olhando confuso. - O que foi meu amor? O que você tem? 

Tenebrosa: Ulisses eu não sei como nós vamos criar essa criança, eu sou uma assassina, você é o dono do morro, as nossas cabeças são procuradas por todo canto, como a gente vai criar essa criança? Me diz como? Eu não estou preparada pra ser mãe! - Afundei minha cabeça sobre as minhas mãos, mas ele a ergueu e me  olhou nos olhos. 

Gringo: Ei gatinha, você é uma mulher foda, você é A TENEBROSA, a dona do meu coração, nós vamos dar nosso jeito, ele ou ela vai ser criado com muito amor, não se preocupa com isso não! Você é incrível, vai ser a melhor mãe do mundo e eu vou estar aqui para te apoiar em tudo! - Respirei fundo tentando processar tudo aquilo. - Você… Você não tava pensando em tirar essa cria daí não né?- perguntou com um receio nítido em sua voz. 

Tenebrosa: Não, não tenho coragem de tirar a vida de uma criança, e ainda mais uma criança indefesa, mas eu pensei sim em talvez deixar outra pessoa criar ela. - Confessei e vi ele fazer uma careta de bravo e em seguida. - Mas foi só uma ideia passageira, não é justo alguém criar um filho que eu fui mulher e você homem pra fazer, agora vamos ter que ser homem e mulher o suficiente para bancar essa parada... Eu só estou com medo. - Ele sorriu e me beijou demoradamente. 

Gringo: É isso ai amor, nós vamos ter um cria, e eu to feliz da vida que vou ser pai, e mais feliz ainda porque a mãe do meu filho e uma mulher incrível e o amor da minha vida! - Deixei as lágrimas caírem e agora foi minha vez de beijar ele, o soltei apenas quando faltou fôlego. - Depois de amanhã vamos fazer um festão pro meu aniversário e eu vou sair gritando para todo mundo, ou melhor, eu vou colar na testa que vou ser pai! - Comecei a rir dele, que fez careta e ergueu minha camiseta depositando um beijo na minha barriga.

Gringo: E ai filhote?... Fala para o papai como tá aí dentro da barriga da mamãe?... Pô ela é lindona, você também vai ser, papai já não vê a hora de pegar você no colo, te ver correr pela casa… - Ele falava pausadamente como se esperasse resposta, o que me arrancou alguns risos baixos, mas ele permanecia ali com cabeça grudada na minha barriga enquanto eu fazia carinho em seus cabelos.

É incrível como o Ulisses me entende e me faz enxergar as coisas por outros ângulos, ele me faz ver que as minhas fraquezas vistas de outro ângulo podem ser minhas maiores forças. 

Meu pai logo entrou pela porta e Ulisses se afastou da minha barriga, ele estava aqui porque provavelmente algum vapor avisou que cheguei, vi ele estreitar os olhos para aquela cena. 

Gringo: Eai sogrão? Firmeza mermo? Você vai ser vovô! - Antes de eu pensar em falar alguma coisa o boca de sandália arrebentada do Gringo já tinha dado com a língua nos dentes, meu pai me olhou buscando confirmação e eu assenti com a cabeça, e um sorriso brotou em seus lábios.

Entre eu e ela, vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora