Capítulo 20

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Gringo

Flashback 06/06/2017

Já faziam 3 dias de busca e nada de achar a Amália, Yasmin a melhor amiga dela também estava maluca a procura, pois segundo ela a Amália não dava sinal de vida, e elas conversam todos os dias desde a partida dela, ela mostrou as mensagens que elas trocavam, as horas nas ligações de voz ou de vídeo, e tanto eu quanto ela estávamos desesperados sem notícia alguma.

Tentei entrar em contato com Seu Carlos e dona Karolina e nada, mas já tinha visitado várias vezes os pais da Amália, e eles gostavam de mim, obviamente não sabiam que eu era Dono do Morro e com o nome mais sujo que um lixão, então não fazia sentido na minha cabeça que eles não me atendessem, já que pensavam em mim como empresário de influência, e eu sempre fingi bem já que meu pai me forçou a estudar, a ser fluente em 4 línguas, surgiu daí meu vulgo também, eu sabia fazer muito bem o papel de cidadão de bem. 

Mandei os menor ontem pra casa dos velhos, mas lá não acharam ninguém, mandei ficarem de vigia lá, eu já não sabia mais o que pensar, onde procurar, e estava na minha sala aguardando resposta, pensando que mais cedo ou mais tarde um dos cria iam ligar avisando que ela tinha chegado com os pais em casa, e estava tudo certo. 

De repente a porta da minha sala foi aberta com brutalidade, e a Yasmin entrou chorando tanto que mal conseguia respirar. 

Gringo: O que aconteceu Yasmin, algum filha da puta fez alguma coisa você?- Já me alterei, o estado que a mina tava me deixou bolado, mas eu nem sabia o que tinha rolado, ela balançou a cabeça em sinal de negativo.

Yasmin: Grin… Gringo e ela, a Amália- ela falou baixo e  entre soluços, eu quase não consegui ouvir - Ela sofreu em acidente. - Meu mundo parou por um minuto, eu não estava conseguindo raciocinar.

Gringo: O que? Mas ela ta bem né? Em que hospital ela ta? - Yasmin estava de cabeça baixa e permaneceu, abraçou o próprio corpo e chorou mais - FALA CARALHO, ONDE É QUE ELA ESTÁ - Me exautei, não sei pra que esse mistério todo, não podia ter acontecido o pior, não com ela.

Yasmin: ELA MORREU PORRA - Yasmin gritou auto com a voz embargada e  eu fiqui sem reação, sem acreditar, sem...- o carro que ela estava bateu em uma carreta Gringo, não sobrou nada dela, você NUNCA mais vai ver ela, eu NUNCA mais vou ver minha melhor amiga, o que eu vou fazer? Meu Deus eu não consigo pensar em nada- Yasmin sentou no sofá da minha sala e chorou com a cabeça apoiada nas mãos, o meu chão caiu, senti uma dor invadir o meu peito, as lágrimas caírem involuntariamente dos meus olhos e meu corpo todo amolecer, senti meu peso cair sobre a cadeira, eu queria acreditar que não era real, mas a Yasmin naquele estado era tudo que eu precisava pra acreditar que era a realidade. 

Um tempo depois Yasmin dormia no sofá depois de tanto chorar, minha mente estava a milhão, e os cria começaram a entrar em contato falando sobre o acidente, sobre o local, e eu decidi ir pra Serra Negra. 

Gringo: Yasmin, acorda ai - Chaqualhei o corpo dela e ela abriu os olhos - To partindo pra Serra Negra agora! - Ela coçou os olhos um pouco confusa e se sentou. 

Yasmin: Eu vou com você, e se você não me levar eu dou meu jeito de chegar lá - Sabia que esse momento era doloroso para mim e pra ela, e desequilibrada do jeito que estava era capaz de acontecer outra tragédia.

Cerca de meia hora depois um vapor chegou com o carro, ele foi dirigindo, e eu atrás com a Yasmin, sabia que eu não tinha a menor condição de dirigir naquele momento, e no caminho eu só me lembrava das viagens com a Amália, das risadas dela, do jeito manhoso, tudo me lembrava ela. 

Yasmin contava aos poucos sobre a vida da Amália nesse último mês, ela estava trabalhando em uma loja, morava com os pais, não tinha muitos amigos e estava se envolvendo com um cara, mas não estava muito feliz com essa última parte, dizia se sentir suja em estar com alguém amando outra pessoa. Parecia que a vida dela tinha ido pra frente sem mim, e eu só conseguia pensar como tudo seria diferente se eu não tivesse estragado tudo, e talvez agora ela ainda estivesse comigo. 

Quando passamos por onde tinha acontecido o acidente, meu peito apertou, o carro e a carreta nem lá estavam, mas sobraram alguns destroços no acostamento da pista. 

A casa que era da Amália, já tinha alguns parentes, e eu já tinha cuidado das coisas do velório, já era 18:30 da tarde e eu estava indo para o local do velório junto com a Yasmin, o salão de uma igrejinha, iam velar o corpo do meu amor e dos pais dela, o motorista até então continuava sem identificação. 

Estava subindo um balão, e alguém tocou meu ombro fazendo que eu me virasse.

Yasmin: Me dá um trago - Entreguei o finim pra ela que tragou e depois me devolveu - É… vamos entrar os caixões acabaram de chegar - Ela falou assim que viu os carros funerários chegarem e descerem os caixões.

Todos os caixões tiveram que ser lacrados, dos corpos não restaram muita coisa, mas eu sentia que era a Amália alí, e sabia também que essa era a última vez que poderia ficar perto do corpo dela, mesmo que sem vida, e por isso mesmo que mal conseguisse ficar de pé eu nem  conseguia pensar em sair da li. Horas depois a Yas me arrastou de lá  a força, ela me obrigou a colocar alguma comida que eu nem gosto senti pra dentro, sei que se obrigou a comer também, mas pra mim depois disso minha mente ficou em branco, meus pensamentos eram um completo borrão.  

Entre eu e ela, vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora