DOIS - Poncho

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Acordo lá pelas sete e meia da manhã, levanto e vou fazer minha corrida matinal, não é só porque estou de férias que vou deixar de me cuidar, ainda mais que nessa temporada de férias gatinhas dos Estados Unidos inteiro vem para cá.

Quando retorno para o apartamento vejo que Christian, já estava em pé, isso era oito e quarenta, ele nunca levanta cedo.

- Fez xixi na cama? – Ela deu um pulo, pois estava virado de costas para a porta.

- Minha nossa Poncho! – Exclamou ele. – Não a Any, vai chegar hoje e a Dul está pensando em fazer uma pequena Recepção para ela.

- A irmã bailarina dela? – Indaguei-o e ele assentiu positivamente. – Estou fora, nova-iorquinas são metidas e arrogantes. – Falei por fim.

- Ela não é nova-iorquina. – Falou ele como se fosse algo óbvio. – Mas, ok. – Deu de ombros. – Vou cruzar o corredor e vou ajudar as meninas a organizar, te vemos no almoço?

- Sim. – Falei e ele saiu, me deixando em meio aos meus pensamentos.

Já me relacionei com uma nova-iorquina em minha adolescência, nasci e fui criado lá, eu amava aquela menina, porém ela não era tudo o que eu almejava em ser, mas tudo foi como um balde de gelo caindo na minha cabeça. Soube que ela estava comigo por ganancia, meus pais não são milionários, mas são bem de vida, temos um pequeno café chamado Central Perk, que fica em frente ao Central Park, lá foram gravados inúmeros episódios da série F.R.I.E.N.D.S.

Quando soube, que ela me traía com meu 'melhor amigo', fiquei muito mal e resolvi ficar bem longe daquela cidade e prometi a mim mesmo que nunca mais ira me relacionar com uma nova-iorquina, nem que seja uma nativa de outro lugar e só está estudando ou trabalhando e aqui não é diferente, sempre pergunto de onde é minha acompanhante da noite ou do dia.

Alguns minutos se passam e recebo uma mensagem de Rodrigo, meu companheiro de time na universidade, jogamos basquete e somos uma ótima dupla, segundo nosso técnico, me chamando para treinar uns passes na quadra que tem na praia, de imediato respondo:

Que horas?

Nehme: Agora, estamos precisando de mais um integrante no time.

O.K., logo chego.

Mais que depressa vou para a praia, sei que marquei de almoçar com meus amigos e a bailarina, mas o basquete é minha prioridade.

- Hey! – Chamou-me Rodrigo, tendo minha atenção todinha para ele. – Vi o Christian sair correndo do seu prédio, disse que precisava comprar algumas coisas para um tal almoço, para uma pessoa que iria chegar hoje.. – Falou quicando a bola no chão e me passando a mesma.

- Ahhh! É uma bailarina nova-iorquina que irá passar as férias de verão aqui. – Ele assentiu.

- Hmmm, nossa nova-iorquina? Você odeia esse "tipo" de mulher. – Falou a palavra tipo fazendo aspas com os dedos.

- Pois é. – Dei de ombros. – Mas ela deve ser uma gata corpo definido, pernas torneadas afinal ela é uma bailarina. – Fiz o passe por cima da minha cabeça, mas não me toquei na minha força, meu amigo não conseguiu segurar e bateu em cheio em uma moça de cabelos no tom chocolate, me aproximei e pedi desculpas. – Me desculpe, senhorita. – Ela olhou para mim com um olhar raivoso, só aí que notei que ela estava toda ensopada com milk-shake.

- Aii minha roupa! – Ela olhou para si e chacoalhou a mão no ar, tentando se livrar do sorvete que havia derramado em suas pequenas mãos. – Caramba! Qual é o seu problema? Não vê que pessoas passam por aqui? No meu lugar poderia estar passando uma senhorinha e ela podia se machucar feio. – De certa forma ela estava certa, poderia ter tomado cuidado, mas tudo culpa de uma nova-iorquina, já estava com uma ponta de raiva.

- Ahhhh sujei a roupa da Barbie... – Fiz uma cara de deboche e ela me fuzilou com aqueles olhos azuis.

- Qual é o seu problema cara? Dormiu com a bunda descoberta? – Escutei uma risada contida atrás de mim. – Você nem me conhece e me trata assim. – Notei o seu sotaque, nova-iorquino fiquei tenso.

- Eu tenho que ir. – Joguei a bola para meu companheiro e saí as pressas deveria me afastar o máximo de pessoas dessa cidade, parece criancice mas foi o único jeito de me proteger.

Avistei o bar do Felipe, havia uma plaquinha escrito Nájeras's Bar, sim ela de descendência latina. Abri a porta de madeira que soou um sininho no alto da mesma, olhei ao meu redor e o lugar era estilo rústico, havia um chão de madeira, a luz era baixa e as mesas e cadeiras eram todas de madeira com verniz. Me aproximei do balcão e sentei-me em um dos banquinhos, logo apareceu um homem de óculos e cabelos grisalho.

- Poncho! – Cumprimentei com um sorriso. – Tão cedo no meu estabelecimento, qual foi a merda da vez? – Indagou-me, fazem três anos que me mudei para cá, para fazer faculdade de educação física, quando cheguei estava procurando um apartamento para dividir, por sorte ou coincidência divina, estudava na sala de Christian e ele comentou que precisava de um colega de apartamento, pois o aluguel estava pesado, prontamente eu aceitei e no ano seguinte Ucker veio transferido de Stanford para cá, para jogar no nosso time da universidade. Nunca soubemos o porquê, o cara era bom, então deixamos quieto era um assunto dele e do treinador.

- Vi uma nova-iorquina que se acha a rainha da Inglaterra. – Ele me lançou um olhar reprovador.

- Certo, conte-me sua versão. – Falou ele secando um copo de uísque, comecei a falar, contei tudo. – E você fez tudo isso em uma fração de dez minutos? – Assenti. – Você é bom atraí-las, mas para repelir é ótimo, em falar atrair, olha quem chegou. – Falou ele olhando em cima do meu ombro segui meu olhar em direção a porta, notei que era Diana, quando me viu abriu um sorriso e veio ao meu encontro.

- Poncho querido! – Disse ela com aquela voz enjoativa, ela é ótima na cama, mas como pessoa não é uma das melhores, ela está a algumas semanas aqui e já saímos alguns dias também.

- Diana. – Forcei um sorriso, meus pais sempre me ensinaram a tratar bem as mulheres, eu até fico com elas mais algumas vezes porem não me apego a nenhuma.

- Senti saudades, quando acordei não te encontrei em minha cama. – Falou manhosa, brincando com a minha barba.

- Eu tinha que resolver algumas coisas, por isso saí sem falar nada, mas deixei um bilhete. – Ela assentiu.

- Sim, eu li. – Suspirou. – O que acha de terminarmos o que começamos? – Falou sugestivamente e Felipe pigarreou.

- Não vai dar, meus amigos estão esperando uma amiga deles que chega de Nova York hoje, então fica para próxima. – Ela me fuzilou com os olhos.

- Amiga? Sério? – Assenti. – Ok, vou fingir que acredito nisso aí. Bom já vou indo, minhas amigas estão esperando. – Apontou para uma mesa perto da grande janela que dava para a rua, a vi se afastar rebolando, voltei meu olhar para Nájeras.

- Então, vai querer alguma coisa? – Indagou ele.

- Hoje não, eu tenho que voltar para casa, estou desde cedo na rua. – Falei sem a mínima vontade de voltar e dar de cara com outra, sendo que a de mais cedo me tirou do sério com aquela pompa de patricinha, na verdade foi o sotaque dela, que me deixou desconcertado.

- Tudo bem, mas Herrera. – Começou a falar Felipe. – Nem todas são iguais. – Assenti, me despedi dele e saí do estabelecimento.

Chegando no corredor que dava para meu apartamento escutei uma risada gostosa vindo do apartamento das meninas, abri a porta e não acreditei no que eu vi.

- Você?! – Falamos eu e a mulher a minha frente.

No ritmo da bolaOnde histórias criam vida. Descubra agora