DEZOITO - Anahí

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Pelas minhas contas já estava nesse lugar, há cinco dias, se eu não estiver enganada, também cerca de 14 horas. Então cinco dias e 14 horas longe de minha família e trancafiada nesse lugar escuro e úmido.

Velasco aparecia duas vezes ao dia, uma pela manhã e uma pela noite, ele trazia minhas refeições, desse tempo eu tomei banho apenas duas vezes, ele queria conversar comigo, mas eu não queria escutar a sua voz, ele se irritava e joga minha comida pelos ares ou me batia, mas eu preferia mil vezes morrer do que ter que trocar palavras com ele.

Algo batendo na porta me despertara de meus pensamentos.

- Bom dia flor dia! – Disse ele com um sorriso maligno em seus lábios. – Hoje você vai jantar comigo.

- Eu não quero jantar com você. – Disse em bom som para que ele pudesse escutar, senti sua mão nojenta tocar no meu queijo, repulsa era o que eu sentia.

- Escuta aqui Anahí, se você não percebeu, você não está podendo recusar nada, você não tem essa opção. – Soltou meu queixo bruscamente e num passe de mágica ele mudou seu tom de voz. – Logo mais te soltarei para você se arrumar para o nosso jantar, não se preocupe com as roupas eu vou te trazer o que você vai usar.

Assim como veio, me deixou, como um furacão, onde passa só deixa destruição e mais uma vez me entreguei as lágrimas, estava cansada de tanto chorar, parecia que eu só sabia fazer aquilo, eu queria, eu precisava achar uma forma de sair dali, mas eu não sabia como, não conseguia decifrar nenhum som, parecia que o quarto estava equipado com alguma proteção sonoro e aquilo me deixava mais com medo. Deixei as lágrimas me levarem para o vale onde eu mais adorava, o vale do sono.

Acordei assustada ouvindo alguns passos apressados correndo em direção ao quarto a porta se abriu abruptamente, quando olhei na direção dela não acreditei no meus olhos estavam vendo, Velasco estava com uma arma apontada para mim.

- Levante-se, precisamos sair AGORA! – Ele gritou a última palavra. – VAMOS ANAHÍ NÃO TEMOS MUITO TEMPO! – Eu fiquei paralisada com medo do que ele faria com aquela arma em mãos, me levantei devagar, pois eu estava fraca e não havia comido nada naquele dia, senti uma leve tontura, mas fui puxada bruscamente por Manuel. – Já falei que era para agilizar.

- Mas o que está acontecendo? – Perguntei visivelmente assustada.

- Parece que te acharam. – Quando ele falou isso, escutei algumas sirenes de carros da polícia. – Droga. – Murmurou Velasco. – Acho que o nosso jantar vai ter que ficar para quando chegarmos no nosso novo esconderijo.

- Novo esconderijo? – Pergunto. – Mas... Mas...

- Fica quieta Anahí. – Sinto meu rosto ser virado e uma ardência na minha bochecha esquerda. – Você acha que eu iria só te matar? – Deu uma risada de vilão de novela mexicana. – Pobre garota, você será minha, vou usar você até me cansar e quando isso acontecer, aí sim me livro de você. – Falou se virando de frente para mim.

Cuspo na cara dele e ele limpa o local. – Você nunca, nunca mais vai colocar um dedo em mim ouviu bem? Nunca mais! – Falei quase gritando.

- Ahhh minha pobre e doce Anahí acha mesmo que vou deixar você assim tão facilmente? – Ele solta uma risada maligna. – Venha, não temos muito tempo, terminado de falar isso agarrou meu braço direito e me arrastou para fora do cômodo, assim que chegamos na porta da entrada do casebre pude escutar a sirene da polícia da vez mais perto, meu coração pulou de alegria e um sorriso surgiu no meu rosto. – MERDA! – Esbraveja Velasco. – Rápido, pela porta dos fundos. – Me arrastou mais uma vez, para uma espécie de cozinha toda suja e com um cheiro horrível de algum animal morto.

Já fora da cabana pude notar que estávamos no meio de uma espécie de mata, mas ao longe vi uma estrada e um caro preto, logo vi meu pai, Dulce e Alfonso descendo dele, meu coração bateu mais forte ao ver Poncho.

- Parece que teremos visita, para o jantar querida. – Manuel Sussurrou em meu ouvido. 

No ritmo da bolaOnde histórias criam vida. Descubra agora