Azul da Cor do Céu

Capitulo 6 | Convidada de Honra.

A aula finalmente acabou, foi um completo tédio ter que ficar em silêncio por quase vinte minutos apenas escutando sobre sociologia, assunto que não me interessa nem um pouco. Jack está se despedindo dos amigos, Sebastian e um outro rapaz que eu não conheço muito bem, só sei que o nome é Aaron. Eu estou encostada na parede esperando por ele, estou curiosa para saber para onde ele vai me levar, mas até agora ele não me deu uma única dica. O Jack é muito bom, as vezes tenho até medo de ter uma amizade com ele e acabar estragando-o, não quero que ele mude o jeito de ser. A companhia dele me faz muito bem, é uma sensação que eu já não tinha a muito tempo, com ele eu não preciso fingir estar me divertindo ou estar feliz, porque eu automaticamente quando estou com ele me torno uma garota feliz. Tenho vontade até de voltar a usar minhas roupas coloridas para agir feito louca igual ele, mas aí me lembro que a maioria das minhas roupas coloridas são de manga curta e logo desisto da ideia. As vezes eu acho que nunca vai vou conseguir ficar sem blusa na frente de alguém novamente, parece que o trauma se instalou dentro do meu coração e não pretende sair tão facilmente. Eu nunca me relacionei com um cara, mesmo antes do acidente, por isso tenho evitado cem por cento os convites nem um pouco discretos do Sebastian, eu não quero ter que ficar sem roupa na frente dele, principalmente agora com essas cicatrizes imensas nos braços, eu me sinto horrível quando estou sem casaco. Eu retiro o que disse sobre minha autoestima, eu tenho lá meus picos de loucura onde eu começo a chorar na frente do espelho quando vejo as marcas do acidente que são impossíveis de serem extraídas de mim. Eu queria meu corpo de volta.

Jack finalmente finaliza a conversa com os amigos e vamos andando lado a lado pelo corredor, como dois arco-íris fora do céu. Eu estou toda colorida hoje, ele já está um pouco mais básico, mas não deixa de estar fora do comum. Ele está usando um moletom inteiro azul, é a coisinha mais meiga, há uma borboleta também azul no centro do moletom, o que me faz lembrar do que aconteceu ontem à tarde. Eu ainda não perguntei a ele sobre o que aconteceu, e nem pretendo fazer isso enquanto não chegarmos no nosso destino. Eu preciso esfriar a cabeça com alguém ou vou acabar indo para um bar encher a cara, e eu não quero ter que fazer isso. Meu estômago já não está tão bom por causa da tal injeção que meu pai me forçou a tomar, se eu beber qualquer bebida alcoólica tudo pode ficar pior, então é melhor evitar cem por cento esse tipo de bebida por enquanto... ou quem sabe para sempre, se eu for forte o suficiente para aguentar, o que eu acho uma grande ilusão. Hora ou outra eu vou me frustrar com alguma coisa e irei beber a garrafa toda de tequila que tenho escondida embaixo da minha cama. Como eu já disse, tenho que beber uma dose de tequila sempre que começo a ter pesadelos com o acidente ou com qualquer coisa que me deixe com medo, mas tem dias que eu bebo muito mais do que uma simples dose para dormir, então acabo desfalecendo na cama.

- Alye - Diz Jack ao abrir a porta de seu carro. Caraca, ele tem um carrão! Eu não sei exatamente qual, mas é muito bonito e... bom, não é azul, é branco.

Acomodo-me no banco macio do carro e assisto Jack fechar a porta e dar a volta para sentar-se no banco do motorista, bem ao meu lado. Fico feliz da vida quando ele liga o carro e automaticamente começa a tocar I Never Told You na rádio, é uma das minhas músicas favoritas da vida! Eu nunca tive um alguém para cantar essa música, mas sempre fui apegada a ela pelo simples fato de ser agradável aos meus ouvidos. Jack não parece se importar com a minha cantoria, pelo contrário, ele começa a cantarolar junto comigo. Esse garoto é perfeito.