Capitulo 22 | Está Sozinha?

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     Será possível que eu sempre faço tudo errado? Para começo de conversa, trouxe carne para uma casa onde todos os moradores são vegetarianos, não pude comer a comida que Jack preparou com todo carinho porque eu dou alérgica a amêndoas, quebrei ...

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Será possível que eu sempre faço tudo errado? Para começo de conversa, trouxe carne para uma casa onde todos os moradores são vegetarianos, não pude comer a comida que Jack preparou com todo carinho porque eu dou alérgica a amêndoas, quebrei um prato enquanto estava lavando a louça e, por fim, fui inconveniente com a mãe dele quando falei que tinha um pouco de medo de animais grandes quando ela me convidou para ir conhecer a fazenda. Ela me odeia, cheguei a conclusão de que eu sou a pior pessoa que a família do Jack já conheceu em toda a vida. Eu não consigo encontrar uma forma de me desculpar, aliás, não consegui! Eu nem me esforcei para tentar me redimir, juntei as minhas coisas, entrei no carro e passei em um fast-food qualquer para comer algo antes de vir para a primeira festa que encontrei através de um grupo no celular. Eu estou em um grupo onde divulgam todo tipo de festas, geralmente clandestinas, que fazem a noite. E eu estou em uma exatamente agora, enchendo a cara para tentar esquecer da vergonha que passei na casa dos pais do Jack e também da voz da Martina. Eu não sei como, mas de uma hora para a outra a voz dela pareceu estar tão perto, eu quase enfiei o carro numa parede de concreto a caminho da festa e agora estou enchendo a cara. Típico de uma garota idiota.

Para todos os lados que eu vou, por todos os lugares que olho, escuto a voz da Martina. Parece loucura, e talvez realmente seja, mas algo dentro de mim reativou o sentimento e é como se ela estivesse bem perto de mim e tentasse me falar alguma coisa. Eu queria muito conseguir escutar claramente o que ela quer me dizer, mas tudo o que escuto é "Alye.." e depois me distraio com outro barulho que me faz perder a concentração no que eu realmente quero. Festas tendem a ser barulhentas mesmo, eu só não pensei que as pessoas fossem tão escandalosas! Eu escolhi a festa onde sabia que não encontraria nenhum conhecido, não estou com pique para conversar com ninguém depois do ocorrido vergonhoso na casa do Jack. Quando sai de lá, nem peguei mais meu celular porque tenho uma breve ideia de que ele deve estar me odiando por eu ter sido tão indecente no primeiro encontro com a mãe dele.

- Olha só quem eu encontro por aqui, senhorita Alyssa - a voz grave que invade meus ouvidos está longe de ser a de alguém que eu conheça, eu não faço ideia de quem possa ser, e por este motivo eu me viro para conferir. Aaron, ele é amigo do Sebastian e do Jack, os três vivem, ou viviam, colados pelos corredores do colégio pelo que eu me lembre. Eu não sei se ele resolveu se afastar dos dois ou se aconteceu alguma briga entre eles, mas nunca mais o vi andando com os meninos e também nunca agi como uma curiosa idiota e perguntei para o Jack se eles tinham brigado. Apenas reparei que eles tinham se afastado e... enfim. Aaron é alto, tem o corpo todo tatuado, inclusive o pescoço e uma parte do rosto, e lábios deliciosamente rosados. Se eu estivesse em uma outra situação, talvez eu me interessasse em beijar a boca dele para tirar a voz da Martina da minha cabeça por um tempo. Eu estou enlouquecendo, tenho a plena consciência de que a minha cabeça está mais confusa que no dia do acidente. Eu queria muito voltar a tomar meus remédios, mas infelizmente eu só poderei fazer isto se voltar a passar diariamente com a psicóloga e eu não quero fazer isto porque sei que meu pai ficará sabendo de toda a minha vida! Como sou menor de idade, a psicóloga é obrigada a falar com meus pais a respeito do meu processo, então eles ficam sabendo de tudo e mais um pouco da minha vida. Eu não ligo que a minha mãe saiba sobre meus problemas, ela sabe sobre a maioria deles, mas meu pai já é um caso totalmente diferente! Desde que paramos de nos falar, eu não consigo mais confiar nele, então não quero que ele fique sabendo da minha vida. Se eu quisesse que ele soubesse, eu mesma contaria tudo, não preciso que ninguém faça isto por mim.

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