Dois anos atrás: Ayssa

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Martina está andando para cá e para lá enquanto me explica um pouco mais sobre a festa de hoje à noite. Eu estou espatifada na minha cama, com as pernas para cima e o rosto afundado em um travesseiro colorido. Estamos na casa da Martina desde que saímos da escola, hoje eu não tive um dia bom, acordei com um pouco de tontura e ainda estou meio tonta, confesso! Alana, a mãe de Martina me deu um remédio assim que chegamos aqui, mas ainda não comecei a melhorar.

- Ei, você está me escutando, Alygator?

Eu dou uma risadinha quando ela diz isto. Este apelido surgiu quando nós nos conhecemos e eu imitei um dinossauro para a Martina, parece loucura, e talvez seja! A Martina é maluca de vez em quando.

- Estou!

Não, eu não estou a escutando. Além de estar falando sobre a tal festa de hoje que eu não estou nem um pouco animada para ir, Martina também está me contando sobre o menino que ela está paquerando, mas não está sendo paquerada de volta. Eu não sei de quem ela está falando, nunca vi o tal garoto que ela descreve, mas ela insiste em dizer que ele anda com os meninos do time e que é muuuuito fofo com os cabelos loirinhos, olhos azuis e estilo bizarro. Desconfio de que ela esteja doida. Eu nunca vi nenhum garoto com essa mesma descrição andando com os garotos do time.

- Você não está me escutando, pirralha! - ela me arremessa uma almofada colorida. Agarro-a e me sento na cama - ele é tão fofo! Eu nunca tinha reparado nele, mas hoje ele estava passando com aquele tal de Aaron e eu me iludi completamente por aquele garoto.

Martina de joga de costas na cama, suspirando baixinho em frustração.

- Eu não reparei nele, então não sei se ele realmente existe ou se você está delirando! - eu dou risada. Martina grunhe e ergue os braços no colchão, ainda deitada de barriga para baixo - eu estou brincando, tonta.

- Como você não reparou nele? Ele estava usando uma roupa toda preta e um capuz preto na cabeça tampando os cabelos loiros! Eu só consegui reparar no quão fofo ele é.

- E por que não foi falar com ele ao invés de ficar me enchendo a paciência com descrições desnecessárias?

- Porque você é minha melhor amiga e, bem, eu gosto de encher a sua paciência de vez em quando! E outra, o garoto provavelmente de assustaria se eu chegasse nele de surpresa.

- Por que acha isto? Você é a garota mais legal daquela escola, e não adianta negar porque todo mundo concorda comigo! Você ganhou como rainha do baile e sequer se esforçou para isto.

- Sim, mas não é tão fácil quanto você imagina! Eu não posso simplesmente chegar no garoto e dizer que acabei ele insuportavelmente fofo, ele acharia que eu sou maluca - ela finalmente desencosta a cabeça do colchão e me encara - você não acharia?

- Eu não preciso achar nada, tenho certeza de que você é maluca. Mas sabe de uma coisa, Tina? Eu adoraria se um garoto chegasse em mim do nada e dissesse que me achou fofa.

- Mas é diferente!

- Por que você acha isto?

- Porque nós garotas gostamos deste tipo de clichê, os garotos são diferentes. Eu nunca soube como chegar em um! Sempre que eu quero beijar alguém, eu te coloco para ir falar com a pessoa, você é cara de pau.

- Calúnia - dou uma risadinha e agarro a mão dela na minha - ei, quer que eu vá falar com ele amanhã? Ou quem sabe hoje se ele aparecer na festa.

- Não, eu não quero. Eu só achei ele muito fofo, não quer dizer que eu quero a boca dele na minha! Mas sim, ele é muito bonitinho. Nunca tinha reparado nele na escola, só vi hoje porque ele estava sentado na mesma mesa que o Aaron enquanto estávamos no refeitório.

- Mesmo? Eu não reparei, e olha que eu olhei algumas vezes para a mesa do Aaron hoje cedo, ele é muito bonito.

- Você acha? Eu juro que não vejo graça nos garotos do time, eles são todos iguais, e eu também não gosto muito de meninos tatuados!

- Você gosta de crianças, resumindo.

Martina revira os olhos e se arrasta na cama até estar deitada do meu lado, com a cabeça apoiada em meu peito. Qualquer pessoa que entre no quarto teria todo direito de pensar que eu e ela somos namoradas, até eu pensaria se visse essa cena de fora, mas não... é simplesmente o nosso jeito. Eu sempre gostei de afeto, e Martina parece gostar ainda mais do que eu, ela está sempre abraçada comigo, principalmente quando dormimos uma na casa da outra.

- Eu não quero te perder nunca. Então nunca tente dar uma de louca comigo, pirralha, eu juro que dou um jeito de arrancar seus cabelos se um dia nós brigarmos!

- Nós nunca vamos brigar, idiota.

- E se um dia você morrer, saiba que eu dou um jeito de morrer junto para ir encher seu saco onde quer que você esteja!

- Nós só temos quinze anos, Martina! Por que você está pensando em morte agora? Deus, este garoto está realmente mexendo com a sua cabeça - eu dou risada - nós vamos morrer juntas com noventa e sete anos, em uma cadeira de balanço, enquanto falamos sobre o quão ruim é a comida do asilo.

- Por que noventa e sete? Eu quero morrer com cem anos, quero completar um século na terra!

- Por que tanto tempo?

- Quanto mais tempo enchendo o seu saco, melhor.

Sorrio. Espero que se concretize.


Capítulo especial antes do capítulo de hoje à noite.
❤️
Piticas.

❤️Piticas

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Azul da Cor do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora