Capitulo 55 | Minha Pequena.

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A L Y S S A

Eu nem acreditei quando vi o cobertor gigantesco que meu pai enviou para o acampamento, aliás, não só o cobertor, também um pacotinho com vários doces. Aaron ficou sentado comigo na recepção esperando o pacote, e quando chegou eu quase caí dura. Eu amo este cobertor, é idêntico ao que meus pais tem no quarto deles e nunca me deixaram pegar para mim. Eu nunca pensei que meu pai iria até o shopping só para comprar um cobertor igual para mim, e eu estou muito feliz por isto, feliz por estarmos nos resolvendo aos poucos! Hoje de manhã ele até me desejou uma boa viagem e também um bom dia, fiquei felicíssima em receber um "bom dia" do meu pai, fizera tempo que não escutava a voz dele direcionada diretamente para mim, mas me parece que ele finalmente está me perdoando por ter sido tão imprudente na noite do acidente. Não tem como culpar um pai que se preocupa com a segurança dos filhos, definitivamente não! E só agora que a minha ficha está caindo de que eu agi como uma idiota, não só no dia do acidente, mas também no dia que acordei do acidente e tive uma briga ridícula com meus pais porque eles estavam preocupados comigo e não quiserem falar logo o que tinha acontecido com a Martina. Eu fiquei muito irritada com eles, e por mais que tentasse manter a calma, a notícia da morte dela me deixou tão ferida emocionalmente que eu perdi a linha de raciocínio e explodi com a primeira pessoa que apareceu na minha frente, ou seja, meu pai. Sinto muito por tudo o que fiz naquele dia, eu agi de forma errada com eles dois e meu pai se chateou por isto! Eu o entendo.

Eu estou agarrada ao cobertor dentro da barraca, eu e meu pai estamos conversando por telefone, eu não resisti, retornei a ligação dele para agradecer pelo cobertor e agora estamos conversando alegremente sobre a vida. Aaron está mexendo no meu cabelo com uma mão, enquanto que com a outra ele está segurando um livro de fantasia e está lendo. Eu não sabia que ele gostava de ler, me parece uma boa novidade! Eu sempre tive mania de julgar as pessoas pela aparência, mas percebi que só perdia meu tempo já que nunca acertava sobre a personalidade de alguém. Se eu imaginava que a pessoa era faladeira e irritante, no final era só mais uma pessoa tímida e dócil.

"- E como está no acampamento, filha? Eu me lembro do dia que fui ao acampamento com o colégio, foi muito divertido estar em um lugar cercado de pessoas da mesma idade que a minha! Mas não me orgulho do comportamento que tive, porque neste dia eu e sua mãe tivemos uma briga e eu beijei outra garota na frente dela apenas para pirraça-la! Repúdio completamente minha atitude hoje em dia, penso que poderia ter revertido a situação com um pouco mais de calma e carinho, mas agi como um babaca."

"- Até agora está tudo bem, pai. Eu e Jack fomos até uma cachoeira de água quente, mas eu não o deixei entrar porque está muito frio e ele já está com sintomas de gripe, não queria que ele ficasse ainda pior ao sair da água e pegasse friagem"

"- Certíssimo. Mas me conta, e como está o Jack? Faz tempo que eu não o vejo por aqui... está tudo bem entre vocês dois? E com seu novo amigo, Aaron? Não sabia que você tinha começado a conversar com ele! Me lembro de como os pais dele eram divertidos naquela época, Deus! Eles não calavam a boca nunca, nem quando eu e sua mãe tínhamos um compromisso importante, eles continuavam falando - uma risada. Sorrio, feliz por estar escutando a risada do meu pai outra vez"

"- O Jack está ótimo, pai! Ele está melhorando de tudo, graças a Deus. E quanto ao Aaron... você sabe que eu e ele somos mais do que amigos, não sabe?"

Eu imagino que meu pai já desconfie de tudo, minha mãe não é de ficar com a boca fechada quando o assunto é relacionamento dos filhos. Até quando meu irmão beijou pela primeira vez ela foi logo contar para o meu pai sobre isto, acho incrível! Ainda bem que eu não sou reservada, caso contrário eu morreria petrificada a cada vez que meu pai ficasse sabendo de algo sobre a minha vida sem eu ter contado. Eu não me importo que meus pais saibam de tudo, não mesmo. Confio neles o suficiente para contar até os detalhes mais imundos que geralmente aconteciam nas festas! Meu pai vivia uma fera quando eu contava que algum menino tentava me tocar, ele até ameaçava de ir atrás do garoto, mas eu não deixava, até porque não tinha motivos para isto! Sempre que algum engraçadinho tentava me tocar sem a minha permissão, eu acertava-lhe uma joelhada no meio das pernas e saia andando como se nada tivesse acontecido. Por que os homens tem que ser tão imundos as vezes? Eu não entendo qual a tara que eles tem em molestar garotas durante festas, porque é desse jeito que tem que ser chamado quando um babaca tenta tocar uma menina bêbada durante uma festa ou em qualquer outra situação. Eles vinham com a mão diretamente na minha bunda e eu ficava uma fera. Ainda fico, na verdade.

Azul da Cor do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora