Flash Back

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 Depois da morte de Isabela, a sua pobre mãe ficou inconsolável, ela passava a mão carinhosamente no rosto machucado de sua filhinha, ela estava com um semblante triste, o que era pior, elas não tinham se despedido. Fátima, a mãe da garota morta na cama, estava de joelhos ao lado do corpo de Isabela, segurando sua mão, ela chorava, ela orava, nesse momento o seu marido Heitor entra no quarto ao ouvir o choro de sua esposa, ele fica parado diante aquela cena, ela cai de joelhos e lamenta-se, ele tinha perdido sua menininha, o seu anjo tinha o abandonado e ido para o céu. Pai e mãe ficam cada um de um lado da cama onde o pequeno corpo de sua filha estava, na porta, uma outra menina via o desespero de seus pai e o corpo morto da irmã, nesse momento Fátima percebe a presença de Donna, ela fica furiosa e corre em direção a menina, mas é impedida pelo seu marido que tenta consolá-la, ele grita com Donna para que ela saia do quarto, a linda e estranha menina fixa o olhar no corpo de sua irmã gêmea, depois volta o olhar para seus pais, ela não demonstra nenhum sentimento, nenhuma culpa ou remorso, na verdade ela parecia...satisfeita.

_Tudo bem papai, vou fazer um chá para a mamãe. - Donna sai do quarto, mas fica no corredor, ela sabia que os pais iriam falar alguma coisa.

_Foi ela Heitor, eu tenho certeza que ela é a responsável, ela é invejosa, egoísta. Ela é má, ela tem que... Meu Deus...Ela tem que pagar pelo que fez.

_Fátima! Ela também é nossa filha, não temos certeza de nada.

_Esse demônio não é minha filha, temos que fazer alguma coisa.

_Sim Fátima, temos que ajudar Donna, se é verdade o que você fala, temos que ajuda-la. - Heitor era um bom homem e um ótimo pai, por mais que doesse vê a doce Isabela morta na cama, ele também amava sua estranha filha, Donna.

_Do que você está falando? - Pergunta Fátima. - Temos que chamar a polícia e colocar essa peste num orfanato, um lugar longe de todos.

_Eu não sei se isso seria ajudar. Mas vamos cuidar do corpo Isabela e depois vemos o que fazer.

 Donna desce as escadas lentamente, ela estava furiosa com a mãe, ela queria se vê longe de sua filha, Donna pensava que ela não era culpada de nada, ela achava que o que fez era normal e que os outros tinham que entender que ela tinha que ser única, a garota má preparava o chá para seus pais, ela caprichou nas ervas venenosas, depois serviu nas duas xícaras que estavam na bandeja, Donna volta para o quarto onde seus pais estavam e serve o chá, Heitor agradece com um falso sorriso, ele queria ajudar Donna mas ele também não discordou de sua esposa, Fátima nega-se a tomar o chá, mas é vencida depois de muita insistência de seu marido, já ele toma uma generosa dose, imediatamente ele fica tonto, sua esposa não percebe pois estava ao lado de sua filha, preparando para lhe colocar um lindo vestido que já estava ao lado do corpo, Heitor sai do quarto dizendo que não sentia-se bem, ele estava tombando pelo corredor, ele segura firme o corrimão da escada.

_Papai? - A voz de Donna veio atrás dele.

Heitor estava muito fraco, ele tenta equilibrar-se, sua visão estava desfocada, ele olha para Donna e vê duas delas.

_Donna? Bela?

_A única Bela sou eu. - A menina fala entre dentes, ela aproxima-se rapidamente de seu pai o assustando, ele desequilibra e rola escada abaixo.

Fátima ouve um grande barulho vindo do corredor, ela corre para vê e solta um grito quando do primeiro andar vê seu marido no chão, ele debatia-se e vomitava bastante sangue, quando ela põe o pé no primeiro degrau para descer, uma sombra surge por trás dela.

_Mamãe?

Fátima mal tem tempo de virar-se e é empurrada por Donna, ela rola escada abaixo gritando de dor, ela já era uma senhora e já tinha alguns problemas de saúde.
Fátima cai no chão da sala ao lado de Heitor que já não respirava, ela tenta gritar mas estava sem ar e só aos poucos o seu pulmão enchia-se de oxigênio, marido e mulher no chão, um com o rosto virado para o outro, mas apenas os olhos de um não tinha vida, o de Heitor.

Fátima acorda horas depois, ela sentia muita dor, ao abrir os olhos ela não vê o corpo de Heitor e teme pelo corpo de sua Isabela, Fátima desesperadamente embora lentamente, sobe as escadas, ela subia de quatro, pois mal tinha forças para levantar-se, em fim chegando ao quarto, ela chora quando não encontra o corpo de sua filha.

_Oi mamãe. - A voz não parecia ser de uma menina que tinha acabado de matar o próprio pai, parecia um lindo anjo que usava o lindo vestido que Fátima iria vestir em Isabela. - Eu estou bonita?

_Maldita! Você é a coisa mais feia que eu já vi, Donna.

O rosto da menina má encheu-se, ela ficou vermelha de ódio e largou a mão na cara da própria mãe fazendo-a gemer de dor.

_Mentirosa, eu sou linda. - Donna aproxima-se de sua mãe que ainda estava no chão passando a mão no rosto molhado de lágrimas. - E a partir de agora você vai me chamar de Bela.

Donna matou seu pai Heitor, sua irmã Isabela da qual sentia um ódio inexplicável, seu egoísmo e vaidade era de mais para sua pouca idade, ela tinha apenas doze anos e já era uma assassina, ela escondeu o corpo do pai e da irmã numa grande caixa que Heitor tinha no porão, e ela manteve sua mãe na cama durante 4 anos, ela amarrava Fátima na cama e diariamente aplicava pequenas dosagens de veneno, ela também usava materiais que sua mãe tinha como seringas que eram aplicadas diretamente na veia de Fátima.

Fátima foi a vítima de Donna que mais sofreu, seus órgãos estavam podres, ela já não falava mais, estava em estado vegetativo, mas ainda quando falava ela nunca chamou Donna de Bela e sempre sofria punições por causa disso, algumas vezes quando aparecia alguma visita na casa, Donna se fazia de pobre menina que cuidava da mãe moribunda e que elas tinham sido abandonadas pelo pai que fugiu levando a outra filha, muitas vezes Fátima tentava falar mas Donna sempre dava um jeito, mas depois de um tempo a pobre mulher era um esqueleto humano que orava para que a morte viesse o mais rápido possível, depois que morreu, Fátima teve seu corpo colocado junto com os de Heitor e Isabela, Donna conseguiu um trabalho no hospital onde a falecida mãe trabalhava, todos se comoveram com a triste história da linda mulher, e foi ai que começaram as mortes no Hospital Nossa Senhora do Amparo.

***

Ainda em choque, Suzana olhava para os esqueletos, ela não imaginava quem eram, mas só de entender que Donna mataria até uma criança, seu coração apertou-se dentro do peito, e ela imaginou pela primeira vez na vida, que talvez não fosse conseguir sobreviver.

_Você os encontrou. - Falou Donna que estava sentada em um dos degraus que dava acesso ao porão, parecia tão calma. - Você é realmente uma jornalista espetacular.

Suzana não se assustou com a voz que vinha atrás dela, ela estava preparada para qualquer coisa no momento.

_Quem são? - Pergunta Suzana.

_Minha família. Pai, mãe e irmã. - Responde Donna friamente.

_Deus me ajuda. - Uma lágrima escapa dos olhos de Suzana.


Série Psicopatas Vol.02 - A envenenadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora