Anos antes.
O Hospital Nossa Senhora do Amparo, já tinha um alto índice de mortes, e comparada aos demais, a taxa poderia ser considerada "normal", principalmente entre os idosos, a Direção nunca foi questionada de crimes ou negligência, mas também nunca se preocupou com essa suposta taxa. Mas com o passar do tempo, Edgar Sanches, o mais novo Diretor do Hospital começava a desconfiar de algo mais concreto, principalmente no mês onde o número de óbito - parecia ter aumentado - chamou sua atenção. Discreto e astuto como ele consegue ser, não demonstrou surpresa, apenas ficou atento, mas por mais que tentasse ser sorrateiro em suas investigações, um nome brilhava em neon em seu cérebro de réptil:
Donna Dolabella.
A tão atenciosa e simpática enfermeira não conseguiu enganar Sanches como havia enganado tantos outros funcionários do hospital, mas não ele, pois aos seus cinquenta anos o elegante e charmoso Edgar Sanches já havia lidado com pessoas iguais a falsa-boa enfermeira e assim que seus olhos se cruzaram um reconheceu o outro - como dois predadores astutos e perigosos. -Se conhecendo de verdade apenas através do olhar, ou a falta de sentimento que neles ali parecia faltar, mas diferentemente de Donna, Edgar Sanches não ficou de braços cruzados, olhando repetidamente para o seu Rolex banhado a ouro ele confirma o horário marcado com seu informante dias antes, e com espantosa pontualidade o seu celular toca e ele atende de imediato.
_Quando o Rubens disse que você era pontual eu não levei ao pé da letra - ele levanta-se de sua cadeira e contorna a sofisticada mesa onde se encontrava todo seu material de trabalho e documentação enquanto caminha até seu armário e encontra com seu reflexo num discreto espelho embutido no móvel. - Espero que seja tão eficiente quanto.
_Sempre - responde uma voz feminina com um tom de desprezo. - Faço o que sou paga para fazer, mas não me agradou essa missão.
_Imagino, você tem uma fome para assassinatos - o homem encara seu reflexo com visível satisfação. - Espero que tenha informações importantes.
O elegante Sanches passa a mão em seu cabelo liso e grisalho, deixando-os para trás sem dificuldade.
_A sua enfermeira de fato trabalhou no hospital ao qual informou, mas essa é única verdade - a voz parou um instante o que Sanches pode perceber que ela estava dando um trago em seu cigarro. - Ela trabalhou por dois anos no local onde um misterioso índice de mortes assustou muita gente e não demorou até uma equipe de investigação aparecer por lá e muitos funcionários passaram por entrevistas, exceto uma...
Sanches sorriu maliciosamente.
_Ivana Duarte era a enfermeira que teve o nome cotado para os interrogatórios, mas tragicamente ela sofreu um terrível acidente no percurso do trabalho - houve mais uma pausa para um novo trago -, obviamente ninguém achou estranho, apenas lamentaram a morte da tão atenciosa enfermeira que logo fora esquecida, mas como eu tinha a foto da tal Donna Dolabella eu não acreditaria que se tratasse de uma irmã gêmea ou apenas um pequeno milagre da vida. Ela estava bem viva.
_Qual dos nomes é o verdadeiro?
_Donna Dolabella é de fato verdadeiro.
_Certeza?
A mulher solta um exasperado suspiro de impaciência do outro lado da linha telefônica.
_Além de uma ótima assassina, também manjo de falsificação - a mulher volta a falar mais decidida. -, ela não tinha nenhum registro de sua mãe, o que é estranho já que você confirmou que ela mora com a velha.
_Ótimo... Parece mesmo que teremos uma integrante à altura.
_Se você diz... Acredito que não temos mais nada para falar.
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Série Psicopatas Vol.02 - A envenenadora
Mystery / ThrillerLinda. Sorrateira. Donna consegue encantar a todos, não só com seu charme, mas até com seu humor negro, conseguindo seus mais maldosos planos, destruindo sonhos e vidas. - Donna já é assim desde sempre. - Porém, além de toda essa indiferença e vaida...