Juntos

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 As vozes estavam quase inaudível, ela sabia que o socorro tinha chegado, ela queria agradecer, queria sorrir mas estava fraca de mais, a agulha venenosa que levava para suas veias o líquido tóxico não estava mas circulando pelo seu corpo e aquilo já era um alívio, mesmo paralisada de dor ela notou que os homens fardados que a ajudava estavam preocupados e alguns deles estavam com a mão no nariz, ela não percebeu pois seus sentidos já estavam quase partindo de seu moribundo corpo, foi quando ela entendeu que eles tentavam não sentir o mal cheiro que vinha dela mesma, não só pelo fato dela está suja com suas necessidades fisiológicas, mas porque ela simplesmente estava podre, ela quis gritar de vergonha mas aquilo seria um luxo que não teria mais, o que importava era que iria encontrar seus pais e seu noivo, não que ela esperasse que estaria viva para revê-lo, ela sabia que iria morrer em poucas horas mas pelo menos sua família lhe daria um funeral decente. Os homens a colocam dentro de algum lugar que de início lhe parece uma vam, todos falavam ao mesmo tempo, foi quando uma voz parecia familiar, era Tony, ele gritava para os homens ajudarem sua noiva, NOIVA! Ele ainda a queria, mesmo depois dela ter dado aquele "pití" na festa, ela também se culpava por muitas coisas que lhe aconteceram naqueles últimos dias, Sônia queria olhar para seu noivo e lhe dar um sorriso mas ela nem conseguia mexer a cabeça para o lado, tempo depois ela sentia um choque no seu peito, ela demorou mas depois percebeu que já não estava mas na ambulância, e sim no hospital e aqueles homens estavam lutando para não perde-la, mas uma vez ela sente o impulso no seu peito mas nem um grito saía de sua garganta, foi quando ela ouviu alguém dizer:

_Coma induzido.

Tony já tinha saído da sala de cirurgia faziam três dias, ele estava em observação médica, ganhou dezesseis pontos na barriga, os médicos disseram que foi muita sorte ele não ter tido nenhum de seus órgãos atingidos, o que fez Tony pensar que Donna já sabia onde iria atingi-lo, talvez ela realmente não quis mata-lo e só atrasa-lo. O problema em relação ao estado de saúde de Tony foi que ele perdeu muito sangue, e apesar do seu tipo sanguíneo ser difícil de ser encontrado, até que não demorou muito para que ele recebesse algumas bolsas de sangue, no fim da tarde que ele e Sônia deram entrada no Amparo, ele recebeu a notícia que Sônia entrou em coma induzido, Tony ficou desesperado mas entendeu que seria o melhor para sua noiva, mas algo diferente aconteceu, Tony sempre foi muito cético em relação a fantasma, sinais divinos e até mesmo em relação a Deus, principalmente depois de tudo que ele passou, perdeu seu pai que sempre foi um bom homem pelas mãos da mulher que amou, e agora a mulher que ele escolheu para passar o resto de sua vida agora estava em coma com seus órgãos quase podres, ele imaginava que se existisse um Deus ele não era pai, e sim padrasto.

O desígnio da vida é algo que ninguém vai desvendar, ninguém entende os caminhos traçados por Deus, nem Tony, nem Sônia, nem eu e nem você, podemos entender o porque de um sofrimento que possivelmente iremos nos deparar nessa vida, será porque Deus é cruel ou ele faz de nós seres humanos apenas uns fantoches ou apenas é a lei da vida? Eu particularmente creio num Deus bom, um Deus que nos deu escolhas para sermos o que quisermos, vai depender de nossas atitudes sermos julgados bons ou maus, no caso de Tony, algo aconteceu no terceiro dia que ele e Sônia estavam internados.

Tony ainda estava meio grogue depois de tantos remédios para aliviar sua dor, Sônia não saiu de sua mente nem por um segundo, ele estava deitado na cama de seu quarto quando percebe que está sendo observado, lentamente ele vira seu rosto para a porta que dava acesso ao corredor hospitalar e seu queixo escancara ao ver Sônia. Ela estava simplesmente linda o olhando com seus olhos que pareciam pular de alegria ao vê-lo, ela não era mais aquele ser cadavérico, estava tão linda quanto no dia que ele a viu pela última vez, mas o que o intrigou era uma forte luz que vinha atrás de sua noiva, de início ele imaginou que fosse as lâmpadas do corredor mas depois de um tempo, parecia que o dia tinha se iluminado dentro do quarto e a luz vinha por trás de Sônia.

Série Psicopatas Vol.02 - A envenenadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora