Série Psicopatas Vol.02 - A envenenadora

Submersos

 Muitas vezes podemos dizer, (Como eu mesmo já disse), que temos o azar de nos depararmos com psicopatas, pensamos que são pessoas normais, com sentimentos iguais aos nossos, mas depois do estrago percebemos que eles nem se quer são pessoas, e sim criaturas sem sentimentos ou consciências, sem amor ao próximo que não se abalam com suas atitudes muitas vezes criminosas. Javier estava apenas fazendo seu trabalho, ele sempre foi um bom homem, já tinha sofrido no passado com sua cor de pele, mas também sempre estava de cabeça erguida, nunca deixou ser abalado com preconceitos contra sua cor negra, pelo contrário, sentia-se orgulhoso. Na faculdade de jornalismo ele conheceu Suzi (Suzana), se apaixonou completamente pela linda ruiva, ela também retribuiu por alguns anos esse amor, mas Suzana sempre deixou seu trabalho em primeiro lugar até ela perceber que era uma grande amizade que sentia pelo seu namorado. Javier abandonou a faculdade de jornalismo, ele percebeu que não era o que ele queria, seguiu a carreira militar até especializar-se na área de investigação.

 Dentro do carro o casal Javier e Suzana falava como iriam mostrar todas as evidências que tinham contra Donna, depois o detetive liga para seu contato sobre as imagens das câmeras de vídeo do local da festa onde Sônia foi vista pela última vez, Javier pedia para que o homem enviasse as imagens para seu e-mail assim que as tivesse, ele também forneceu o de Suzana que falava para Javier que por sua vez repetia para o homem do outro lado da linha telefônica.

_Ok! Pode enviar as imagens para os dois E-mails, por favor. Tudo bem, obrigado. - Javier desliga o celular e põe uma música romântica, nada menos que Berlin - Take my breath away (Top Gun Theme), o que faz Suzana encarar os olhos de Javier, ela tenta mas não aguenta segurar a gargalhada.

_Ai, desculpa J. Mas essa música e muito brega é fossa, e ainda lembra aquele filme do Tom Cruise. - Javier fica sem graça, mas tenta disfarçar.

_Na verdade me lembra você Suzi. - Ele encara os olhos da jornalista, eram de um verde intenso e seu coração dispara. - Eu te amo ruiva.

_Nossa J. Até quando vamos ficar nessa? - Suzana parecia triste agora. - Você sabe que eu jamais quis te magoar.

_Mas você nunca me magoou ruiva, desculpa, não deveria ter dito isso.

_Mesmo assim me sinto meio culpada. - Suzana passa as mãos no rosto de Javier, mas nesse momento um carro se aproxima e liga os faróis altos, fazendo o casal olharem pelo retrovisor, Javier teve que fechar os olhos e fez sinal com as mão para que o motorista que vinha atrás diminuísse os faróis.

 No carro que os seguia estava Dan, ele acelera e bate na traseira do carro de Javier, o que faz Suzana gritar, ele repete o mesmo ato só que com mais força o que faz o casal irem para frente como um empurrão.

_Mas o que é isso? - Pergunta Suzana. - Tão batendo na gente de propósito Javier.

_EU SEI! CACETE. - Grita Javier.

 Mas uma batida e mais desespero para o casal, Javier vai para a direita, nesse momento Dan pega uma arma, uma RT calibre 38, depois ele se aproxima pela direita e fica próximo da Suzana, ela o vê, seus olhos se cruzam, ela jamais esqueceria o rosto daquele louco que tentava mata-la e a Javier também, com a mão esquerda Dan aponta a arma para Suzana, ela grita e abaixa-se.

_Ele vai atirar. - Avisa Javier vendo apenas uma arma apontada em sua direção.

 Javier tenta proteger sua amada, apoiando-se nela e leva o primeiro tiro disparado pelo seu perseguidor, e o atinge no braço, fazendo-o dar um uivo de dor. As coisas só pioraram e Javier agora não seria tão rápido quanto Dan.

_Mas quem é esse desgraçado? - Grita Javier.

_Não sei, não me lembro de tê-lo visto antes. - Responde Suzana ainda agachada, mas com dificuldade devido ao cinto de segurança.

 Mais um disparo, dessa vez atinge e estilhaça o vidro do carro do casal.

_Rápido Suzi, tem uma arma no porta-luvas, pega. - Suzana fica desesperada, mas com dificuldade ela encontra o revólver Colt 38. - Agora atira nele, mas tenha cuidado de não ser atingida.

_Eu não sei atirar J. - Ela estava assustada. - Ai meu Deus.

_SUZI ! - Grita Javier. - É ele ou a gente.

 Dessa vez Dan bate de lado do carro, fazendo Javier bater no acostamento de ferro, Suzana apesar de amedrontada sabia que seu ex tinha razão, então apontou a arma e disparou, no primeiro tiro ela atinge o seu perseguidor no ombro, ele grita e seu ódio só aumenta, Javier passa para a faixa da direita novamente e Dan faz o contrário, ele se aproxima e Javier o vê, e o reconhece.

_Cacete, eu sei quem é esse filho da puta. - Javier o conhecia, ele já tinha visto Dan não só na festa, mas nas muitas vezes que foi falar com Tony em sua empresa. - É o D...

BANG!

 Mas um disparo de Dan não permite que Javier termina sua frase, nesse momento uma bala atinge bem o meio da testa do detetive, o silenciando para sempre, a morte de Javier foi instantânea. Um grito de dor e desespero ecoa pelo carro do detetive morto, era o de Suzana que tentou agarrar o volante, mas era tarde, o carro atinge o acostamento de ferro, rompendo a proteção e o carro cai da ponte, uma altura de cinco metros, caindo de encontro ao rio.

 Ainda na ponte e sangrando, Dan pára o seu carro, ele corre até o ponto que o carro caiu, ele já estava submerso, na mesma hora ele vê que se aproximam outros veículos, corre até o seu e acelera para fugir, ele agora teria que tratar de seu ferimento, mas não poderia ir até um hospital, pois ele teria que justificar o ferimento de bala, ele ia até a casa de Donna.

***

Dentro do rio:

 Lutando para se livrar do cinto de segurança que dificultava Suzana de salvar-se daquele acidente só aumentava seu medo, o carro já estava completamente submerso, afundando ainda mais nas águas escuras, ela conseguiu destravar o cinto, ela puxou Javier pelo ombro trazendo-o para perto dela, ele estava morto e o sangue não parava de sair de sua testa, ela sentiu uma dor profunda de ter perdido seu amigo, o homem que a amava e a protegia, ela sabia que não poderia leva-lo consigo, ela já estava ficando sem fôlego e ele era pesado, sem contar no desespero do momento, ela o puxou para mais perto e o abraçou, um abraço com muito amor e dor, passou a mão em seu rosto como despedida e saiu pala janela. Suzana nadava com dificuldade, ela sabia que não iria conseguir chegar as margens do rio, estava sem fôlego e sem falar nas dores que sentia pelo corpo devido ao acidente.

 Ela sabia que não poderia desistir, não depois de Javier ter levado um tiro para protegê-la, não agora que ele estava morto no fundo do rio, preso nas ferragens do carro, ela lutou, nadou mais e mais, e depois ficou de barriga para cima para que ficasse boiando, fazendo com que seu corpo chegasse em terra firme, pessoas que viram uma parte da ponte caída, saíram de seus carros e gritavam a cima da ponte, mas ela já não dava importância, ela deita na areia, e simplesmente apaga.