Jayce...
Havia algo intrigante nessa mulher. Seus olhos, apesar de terem um tom lindo de verde, era coberto por um manto escuro. Zinn, se perdia em seus próprios pensamentos, era como se as memórias a consumissem, sem conseguir se libertar, como agora. Seus olhos parecem perderem o brilho da vida, fixos no vazio, sua testa está franzida, ela segura um pacote de ervilha na mão, apertando com tanta força que os nós de seus dedos, estão brancos.
Gesticulo minha mão em frente aos seus olhos, estavam vidrados.
— Zinn?
Eu chamo mais uma vez, tentando não assusta-la, mas ela não reage. Toco de leve em seu ombro a fazendo pular, seus olhos agora estavam estalados e sua respiração ofegante.
— Ei, você parecia perdida em algum lugar.
— Desculpe, só estava lembrando de algo.
— Quer contar?
Ela desvia seus olhos, demonstrando nervosismo.
— Não, estou bem, só preciso terminar as compras.
Mesmo não me sentindo convencido, decido não insistir, ela se armava facilmente.
— Tem certeza, que pegou tudo que precisa?
Ela está pálida, o sangue parece ter sido sugado, roubando a cor da sua pele.
— Isso é o suficiente.
Continuo caminhando ao seu lado, mesmo que agora, só há silêncio.
Quando ela chega no caixa, a Senhora Madson abre aquele sorriso carregado de calor.
— Quem é a sua amiga, Jayce, uma namorada nova?
Ok, talvez aquele sorriso tão simpático, seja apenas uma desculpa para a enxurrada de perguntas. Olho para Zinn, agora seu rosto exibia um rubor marcante.
— Senhora, Madson, essa é a Zinn, minha vizinha.
— Ela é muito bonita.
Olho diretamente para aqueles olhos verdes, naquele rosto fino, lábios generosos, percebi que toda vez que ela tentava sorrir, um furinho se destacava na bochecha, meus olhos descem pelo seu pescoço esguio, parando no busto avantajado.
— Sim, muito bonita.
Seu rosto agora, estava totalmente corado, o que a deixava com ar de proibida, o que era péssimo, a reação na minha calça foi quase impulsiva. Merda, eu não podia ficar excitado, pelo menos não com a Senhora Madson parada na minha frente.
Quando finalmente conseguimos nos livrar das perguntas dela, seguimos o caminho de volta.
— Eu poderia fazer um jantar, e te convidar.
Ela abre um sorriso. Reação imediata na minha calça.
— Não tem nada de errado com congelados.
— Você diz isso, porque nunca experimentou meu filé com salada de batatas.
Ela revira os olhos, tenho vontade de curva-lá contra minhas pernas e dar umas palmadas nela. Porra, balanço minha cabeça querendo me livrar desses pensamentos, o problema era que o amiguinho lá embaixo, não entendia o recado.
— Parece bem apetitoso, ouvindo você falar.
Ela não fazia ideia, do quão estava faminto, imaginando minha boca em cada parte daquele corpo. Porra, qual era o problema comigo. Eu jurei que não me envolveria com ninguém, já tinha experiência nada agradável com meu último relacionamento, que me assombra até hoje.
— Amanhã não posso, mas depois, eu terei prazer em cozinhar para você.
Ela desvia o olhar, aquela mesma expressão de pesar estava lá.
— Melhor não.
Um banho de água fria, teria sido melhor que ouvir aquelas palavras. Quando chegamos a frente a sua porta, entrego as sacolas e me despeço.
********Meus sonhos, foram invadidos por olhos verdes e aflitos, acordei com uma baita ereção e de péssimo humor. Precisava eliminar essa energia acumulada. Minha vizinha nova, era confusa e me deixava cada vez mais intrigado. Eu não quero me envolver, isso é fato, só quis ser um bom vizinho, convidando-a para jantar. Merda, que desculpa esfarrapada, podia repetir isso em voz alta diante do espelho, a reação entre minhas pernas, era oposta.
Salto da cama e decido correr, talvez isso ajudasse meu juízo voltar ao normal.
Uma hora de corrida em volta da praça e minha cabeça ainda girava tentando entender o comportamento estranho dela. Zinn, parecia assustada, seus olhos sempre buscam algo. Ela pensa que não notei, e deixei que ela pensasse, quando, na verdade, meu instinto me alertava de algo errado.
Segredos, todos temos, mas acredito, que alguns são muito assustadores, meu olhar perspicaz, diz que há algo que a assusta.
De volta a minha casa, parei e olhei para a casa ao lado, a porta estava fechada e as cortinas impediam que a luz do dia adentrasse levando calor. Sinto-me um idiota por esta espionando minha vizinha. Corro para dentro da minha casa e vou à procura de uma ducha, fria, eu tinha um longo plantão pela frente e precisava está com a cabeça no lugar.
Eu acabei de me arrumar, quando alguém tocou a minha campainha.
Não sei se minha reação foi mais surpresa do que a dela. Eu diria que Zinn estava petrificada enquanto me olhava de cima a baixo.
— Zinn, algum problema?
Ela piscou rapidamente. Parecia tentar recuperar o fôlego.
— Desculpe, isso foi um erro.
Ela se virou tão abruptamente e saiu apressada em direção a sua casa. Eu fiquei parado, sem entender o que havia de errado. Eu teria ido até sua casa, mas meu parceiro, Frédéric, acabou de chegar, isso teria que esperar.
Movo-me até a viatura, onde Frédéric me aguarda com um copo de café.
— Boa noite, meu caro bonitão.
Entro na viatura e pego meu café.
— Eu só te suporto, porque me traz café.
Ele solta uma risada e sai com a viatura. Seguimos pelas ruas, patrulhando.
Meu parceiro, não era bobo, e logo notou meu silêncio durante a maior parte do tempo. Eu me limitei a menear a cabeça para concordar ou discordar, nem prestei atenção no que ele dizia.
— Tudo bem, pode falando?
Franzo a testa e faço cara de desentendido, eu sabia que não impediria, ele de persistir na sua curiosidade.
— Não faço, a mínima ideia, de onde você quer chegar.
Ele me olha de soslaio, um sorriso presunçoso se erguia nos lábios.
— Jayce, eu te conheço há nove anos. Começamos no Distrito, praticamente juntos, eu vi quando você levou um pé na bunda daquela sua namorada arrogante. Eu o vi quase se afundar, então, meu caro, não tente me enrolar. Há algo o distraindo hoje, posso afirmar com toda convicção.
— Ah! É, mamãe, desde quando pode afirmar com tanta prepotência?
Ele arqueia uma sobrancelha, seu sorriso se torna maior.
— Deixe-me ver. Talvez eu me sinta assim tão convicto, porque nos minutos anteriores, eu perguntei, se você tatuaria o ursinho pooh na bunda e você disse sim, espera, tem uma melhor. Eu perguntei, se você pegaria a Magnory e você também concordou.
Eu sabia estar fodido, pelo simples fato da sua última fala. Magnory, era o cão do departamento, ninguém nunca tentou sair com ela, o motivo, digo, os motivos, eram vários. Ela tinha mais pelo que qualquer homem naquele departamento, pior, ela pensa que só por ser educado com ela, eu a quero.
— Eu mencionei que tenho uma vizinha?
— O que têm isso, não me diga ser uma louca com vários gatos.
Sorrio. Definitivamente, Zinn passava longe de qualquer ideia de vizinha cercada por gatos.
— Porra, ela é gostosa, não é?
Reviro meus olhos. O cretino do meu parceiro, não dormia em serviço.
— Sim, ela é bonita, contudo, estranha.
Frédéric me lança um olhar confuso.
— Estranha, em que sentido?
— Tem algo que a incomoda, às vezes parece perdida em seus próprios pensamentos e hoje, antes de eu entrar na viatura, ela bateu a minha porta, do nada ela congelou, depois se virou e voltou para sua casa.
— Ela pode ter levado um pé na bunda, assim como você.
Ergo o dedo do meio.
— Sua sensibilidade, é mesmo comovente, Frédéric.
Ele solta uma risada.
— Então, você está fascinado pela vizinha nova?
— Eu não disse isso.
Eu podia está sim, um pouco atordoado pela bela mulher misteriosa, mas nunca diria em voz alta.
— Nem precisa, consigo ler você, sou policial, assim como você, meu caro, portanto, perda de tempo tentar me enganar.
Deus, ele era um pé no saco.
O restante da noite, foi tranquila, apenas algumas diligências entre dois casais e jovens fazendo festinha em lugar impróprio. Já era dia quando retornei a minha casa, olhei para a casa ao lado, estava tudo fechado. Eu deveria seguir até minha casa e descansar, claro que minhas pernas se movem quase que automaticamente até está diante da porta dela.
Toquei a campainha e aguardei.
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Lágrimas De Sangue
RomanceTentar recomeçar, quando vive fugindo do passado, é difícil, assustador. Eu ainda acordo assustada, sentindo as mãos dele, em volta do meu pescoço, apertando até me sufocar. Meu nome é Zynaya, pelo menos, fora um dia. Para escapar, tive que renuncia...