Zynaya...
Ele, apagou mesmo. Fiquei parada, observando aquele homem, grande e forte, que minutos antes, parecia assustado, indefeso. Eu não era a única, tentando lidar com meus demônios. Olhando para Jayce, desmaiado, me perguntei, o que havia acontecido, para o levar a beber tanto. Eu nem consegui entender, como ele teve forças para se arrastar até aqui, muito menos, o motivo. Merda, isso não era nada bom. Ele era uma montanha, retirei somente sua bota e o cobri com uma coberta. Deveria ser algo muito perturbador, o modo como ele se referia a um fantasma, me fez estremecer, recordando dos meus, e não eram poucos.
Subo para meu quarto e tento dormir.Meus olhos estavam pesados, contudo, não consegui prega-los por mais de uma hora. Acho, que presenciar o estado de Jayce, acabou despertando meus próprios fantasmas. Acordei com o peito apertado, e aquela mesma sensação esmagadora em volta da minha garganta. Levo alguns minutos para acalmar minha respiração, tentando buscar fôlego, era sempre aquela mesma sensação. Coloco minhas pernas para fora da cama, me sento na beira, quando a euforia passa, fico de pé e me movo até o banheiro. Somente a sensação da água morna, se chocando contra minha pele, conseguia relaxar parte dos meus músculos. Após o banho, coloco minha roupa e desço para fazer um café forte. Eu sabia que além de mim, havia um grandalhão desmaiado no meu sofá.
Desço, com cuidado para não fazer barulho. Paro diante do sofá e admiro o belo homem. Um de seus braços estava erguido, em volta da cabeça, isso fez com que um pouco de sua camiseta, se erguesse, dando uma visão de parte da sua pele, onde havia o começo daquela tatuagem. Uma estrela, que fazia uma trilha pela lateral do seu corpo, talvez seja algo referente ao céu, o paraíso. Sorrio comigo mesma, qual era o meu problema, secando um cara desmaiado. Qual é, ele era lindo. Seus lábios meio abertos, enquanto respira, seu peito subindo e descendo tão calmamente, seus cabelos, tinha aquelo mesclado dourado, aposto que são macios, havia uma pequena sombra de barba, que começava a crescer. Seus olhos eram pedras preciosas. Balanço minha cabeça, qual era o meu problema. Meu cérebro, simplesmente derreteu, perdeu toda sua capacidade de raciocínio. Corro para a cozinha, a distância não era muita, mas pelo menos, me dava alguma segurança. Eu não queria ser flagrada, secando ele, seria muito constrangedor, sem contar que inflaria mais, seu ego.********
Não sei se foi o cheiro do Café, ou o incômodo nas costas, mas Jayce, estava sentado, com a cabeça baixa, apoiada nas mãos.
— Como, está a cabeça?
Em outro momento, ele faria uma de suas piadas de duplo sentido, mas agora, ele mau olha para mim.
— Quer um café?
Tento soar natural, passar segurança, ele realmente parece constrangido.
Ofereço a caneca com o café, ele aceita, toma um longo gole e permanece em silêncio. Eu fico de pé, observando ele. Se não queria falar, não insistiria.
Solto um breve suspiro e me sento na poltrona de frente para ele. Quando ele termina o café, esfrega sua testa. Sua cabeça devia, está girando.
— Desculpe. Eu não costumo beber assim.
Ainda sem me olhar.
— Você, certamente, teve seus motivos.
Ele parece surpreso com minha resposta, seus olhos finalmente se erguem, me encarando com a testa franzida.
— Não tinha o direito, de aparecer na sua casa.
— Jayce, tudo bem, eu nem estava dormindo.
Ele aperta os olhos.
— De madrugada?
Respiro fundo. Essa seria uma boa hora para dizer que tenho dificuldades para dormir, eu só deixaria fora, a parte dos pesadelos.
— Eu, não durmo muito.
Foi a primeira vez, que vi seu rosto suavizar.
— Talvez, você seja mesmo uma vampira.
Sorrio.
— Se eu fosse mesmo, como pensa que acordaria hoje?
Um meio sorriso, finalmente surge.
— Eu não me lembro, como vim parar aqui.
Reviro meus olhos.
— Você tocou minha campainha, quando abri, caiu nos meus pés.
Ele esfrega a nunca.
— Eu tive que, arrasta-lo até o sofá.
— Merda, foi mal.
Sorrio. Não vou perguntar, seus motivos, nem o que ele queria dizer sobre fantasma.
— Relaxa, quer comer algo?
Seus olhos, deslizam pelo meu corpo, parando nas minhas pernas. Um brilho de malícia, cintila nos seus olhos.
— Isso é uma oferta, muito tentadora.
Viu, e lá estava suas respostas, cheias de malícia.
— Boa tentativa, serve torrada?
Ele se levanta e olha para seus pés.
— Você poderia tirar qualquer coisa, mas escolheu as minhas botas.
Aponto para elas. Rex estava com as patas cruzadas, enquanto babaca sobre elas.
— Ah! Agora entendi, isso é uma vingança.
Deixo uma risada escapar, indo em direção a cozinha. Jayce puxa uma cadeira, vira e senta, aquela pose ameaçadora e "sexy" de homem largado.
— Preciso comprar um presente, mas não faço a menor ideia.
Ele fala, enquanto preparo as torradas.
— Para o tal, churrasco, revelação?
Ele assenti.
— Não entendo nada de crianças, digo, o que comprar para um bebê, sem saber ao menos seu sexo. Se for um menino, poderia dar uma bola.
Deixo uma risada escapar.
— Você, não pode levar uma bola.
Ele move os ombros, como se fosse normal.
— E, porque não?
Reviro meus olhos.
— Jayce, é um bebê, você precisa dar algo, que a mãe possa usar nele.
— Besteira, se eu fosse pai, adoraria que meu filho ganhasse uma bola.
De repente, me peguei perdida, tomando um grande choque de realidade. Eu estava indo para um lugar, onde haveria mulheres grávidas, carregando um sonho, que fora arrancado de mim. Um nó, se formou em volta da minha garganta.
— Zinn?
Era por esses motivos, que eu não tinha vida social, não fazia amizades, não saia. A lembrança do que fora tirado de mim, agora estaria estampado. Senti o toque de Jayce.
Seus olhos parecem aflitos, me observando.
— Zinn?
— Desculpe.
Ele franze a testa.
— Você ficou pálida de repente.
Droga. Respire, respire, eu repetia mentalmente, buscando acalmar a aflição dentro de mim.
— Você se perdeu, por alguns segundos.
— Desculpe.
Ele estica uma das suas mãos e me faz olhar na sua direção. Eu tinha medo que ele pudesse ver algo.
— Quando vai me contar, o que te aflige?
Nego com a cabeça.
— Está, tudo bem, de verdade.
Ele suspira, após uns segundos, aceita minha resposta. Talvez estivesse sendo, discreto, por eu manter minha curiosidade, não o questionando antes.
— Quando quer comprar o presente?
Ele sorri.
— Que tal logo após o café, precisamos procurar, temos a tarde toda.
Ergo uma sobrancelha.
— É amanhã, e você deixou para última hora.
Ele volta a sorrir enquanto move os ombros.
— Eu disse, sou péssimo, não faço a menor ideia, do que comprar.
Ótimo, e lá estava eu, pronta para testar minha sanidade, entrando num mundo, do qual vivo fugindo.
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Lágrimas De Sangue
RomanceTentar recomeçar, quando vive fugindo do passado, é difícil, assustador. Eu ainda acordo assustada, sentindo as mãos dele, em volta do meu pescoço, apertando até me sufocar. Meu nome é Zynaya, pelo menos, fora um dia. Para escapar, tive que renuncia...