Capítulo três

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Zyanya...


Há momentos, que não conseguimos entender, só nos rendemos ao impulso. Eu não era uma cretina, fria e egoísta, mesmo com meus maiores medos, precisava começar a controlar minha ríspida conduta. Jayce sendo policial, parecia uma grande piada sem graça do destino. Era como se tudo fosse contra mim, mesmo que eu quisesse aquecer, sabia ser impossível.
Respiro fundo, eu estava tremendo quando parei diante da porta da sua casa. Toquei a campainha e aguardei impaciente. Meus olhos já estavam sondando tudo ao redor. Quando meu impulso de fugir, resolveu aparecer, eu me virei e quase corro, mas a voz dele, finalmente soa atrás de mim, me fazendo congelar no lugar.

— Zinn?

Droga. Eu poderia ignorar e continuar fugindo para algum buraco escuro. Poderia ficar lá, aguardando Dominic me enterrar viva, em vez disso, me pego contrariando. Viro-me, nem consigo fingir, e muito menos formar as palavras por alguns longos segundos. Jayce, estava parado com as mãos no quadril, com apenas uma toalha, cobrindo as partes que toda mulher, amaria que estivesse exposta. Uma visão, saída dos livros eróticos. Um corpo musculoso, com um peitoral esculpido, e um abdômen trincado, as gotículas de água, se refastelam conforme deslizam por seu corpo. Meus olhos são atraídos por suas tatuagens na lateral do corpo, seguindo até a curva. Eu estava quente, em todas as partes, mesmo aquelas inimagináveis. Senti um fisgar entre minhas pernas, doloroso e úmido.
Pisquei meus olhos, tentando, recompor meus pensamentos, eles devem ter se desfeito numa poça, essa era a explicação plausível.
Jayce, porém, parece bem atento, exibe um sorriso todo presunçoso enquanto me observa.

— Gostou de algo, Zinn?

Engulo em seco.

— Desculpe, não queria atrapalhar.

Ele torce a boca, aperta os olhos e me observa. Agora que eu sabia que Jayce era policial, sabia que esse olhar, era treinado e sempre buscava algo além das barreiras que erguemos, para ocultarmos nossos segredos.

— Só estava tomando um banho, entre.

"Seja inteligente, diga não, volte para a segurança do seu esconderijo"

Minhas pernas se movem, em direção ao perigo, enquanto meu cérebro grita.

"Estúpida"

Uma última olhada naquele peitoral.

"Cale-se, porra de cérebro"

A casa de Jayce, era limpa, não lembra nada um matadouro. Deus, eu era mesmo uma insana, ele era um policial. "Ricky também, era, sua estúpida ".

Era tão difícil, uma luta sempre travada na minha mente, contudo, eu estava aqui, diante desse homem, observando sua sala. Havia um tapete com figuras geométricas, nas cores marrom e bordô. Um sofá de couro e uma poltrona, marrons. Uma janela com cortinas bordos, uma mesinha de centro. Havia fotografias em porta-retratos, postos num móvel próximo à janela, parecia um pequeno altar, nas paredes, algumas medalhas e molduras com certificados. Parei e observei, uma senhora sorridente, cabelos grisalhos e curto, os olhos, lembram os dele.

— É minha mãe.

Jayce permanece ali, apenas de toalha. Seus olhos parecem melancólicos, observando a foto seguinte. Um senhor fardado, exibindo um sorriso, enquanto bate continência.

— Meu pai.

Aguardo que ele continue, ele respira pausadamente, antes de pedir licença e segue até um corredor.
Era explícito e doloroso, no modo como olhou para a foto.
Continuo observando as fotos seguintes, meus olhos se fixam numa que esta no canto, virada contra a parede.
Eu deveria ignorar e manter minha curiosidade, controlada, em vez disso, eu estico minha mão travessa e pego a foto, de castigo.
Nela, estava Jayce, um sorriso avassalador de tão lindo e em seus braços, uma mulher estonteante. O modo como ele sorri olhando para ela, desperta uma sensação incômoda. Outra vez, fui pega de surpresa por sua voz rouca e um tom ríspido.

— Costuma bisbilhotar, os lugares onde visita?

Minhas mãos se atrapalham e com o susto, acabo deixando o porta-retrato cair.

— Merda!

Agacho-me rapidamente e tento limpar a bagunça. Esbaforecida acabo me cortando nos cacos de vidro.

— Droga!

Jayce se move rápido e segura minha mão.

— Deixe, eu limpo.

— Desculpe, posso comprar outro.

Seus olhos escurecem, observando a foto.

— Deixe, vou limpar isso depois, agora venha, vamos limpar esse corte.

Eu estava tremendo, me sentindo uma idiota.

— Desculpe, eu não devia...

Ele segura minha mão, enquanto me guia até uma porta pequena, fica no corredor, próximo à porta no fim do corredor. Era um banheiro, que ainda exalava seu cheiro, após seu banho.

— Coloque sua mão aqui.

Coloquei minha mão sob a torneira da pia, o corte parece bem maior do que imaginei. Fechei meus olhos quando senti a água se chocando contra ele.

— Me desculpe, eu realmente, não devia...

— Não, não devia.

Seu tom é quase como uma bronca. Tive vontade de me encolher.

— Acho, que precisa de um médico.

Recolho minha mão rapidamente, minha resposta sai quase como um grito.

— Não!

Jayce me encara com olhos especuladores, uma sobrancelha arqueada. Um breve silêncio, se formou, restando somente se olhar desconfiado. Era hora de tentar ser muito convincente, dando uma excelente desculpa.

— Eu tenho medo de hospitais...

Minto. Ele franze a testa, quando fala, enfim, sinto que o convenci.

— Tudo bem, agora me deixe ver esse corte.

Minha mão estava jorrando sangue, e graças ao meu impulso, minha camiseta estava arruinada.

— Você fez uma grande sujeira.

Ele aponta para mim, percebo o estrago.

— Droga!

— Me dê sua mão, tenho um "kit" de primeiros socorros, vou fazer um curativo.

Solto um breve suspiro.

Jayce cuidou da bagunça que fiz, permaneceu em silêncio todo tempo, enquanto eu, me vi tentando controlar a vontade de perguntar.

— Pronto, não vai poder brincar com essa mão, por uns dias.

Ele pisca e sorri. Tenho vontade de revirar os olhos com sua piadinha de duplo sentido.

— Agora, vem, vamos até o meu quarto.

Coro, me sentindo uma completa idiota, ele curva seu lábio num outro sorriso malicioso.

— Relaxa, Zinn, só vou procurar uma camiseta para você.

— Ah!

Puta merda, eu deixei mesmo essa simples palavra, em forma de lamento escapar entre meus lábios.
Jayce caminha na frente, aproveito para estudar mais seu belo corpo, agora por outro ângulo. Costas largas e um belo traseiro, preenchendo sua calça de moletom.

— Não me olhe assim!

Levo um susto, paralisando no lugar. Ele se vira, antes de abrir a porta e pisca.

— Eu não estava te olhando.

Seu sorriso seguro, agora acompanhado por um cintilar nos olhos, era intimidador e falho miseravelmente, ser convicta.

— Meus olhos, são treinados, mesmo quando não estou vendo, ainda vejo.

Bonito, presunçoso e arrogante.

— Ou pode ser sua imaginação.

Sorrio.

— Claro, Zinn.

Ele entra no quarto, fico diante da porta, observo o quão organizado ele é, uma cama de casal, ocupa a maior parte do seu quarto, cores, como branco e preto dominam o ambiente, dando um ar de másculo.

— Entre, é seguro.

Cruzo meus braços e o encaro, ele pega uma camiseta, que mais parece um vestido.

— Lamento, Baby, essa terá que servir.

Pego a peça de roupa e lanço um olhar na sua direção.

— Eu me viro.

— Ainda assim, não é seguro, foi você que disse, consegue ver, mesmo quando não está olhando.

— Baby, melhor se apressar, temos um jantar para preparar.

Sorrio. Como pensei, a camiseta dele, pareceu um vestido.

Lágrimas De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora