Capítulo Dezesseis

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Jayce...

Estávamos deitados, nus, sob o céu azul, era como o Paraíso.

— Precisamos entrar, quero mostra-la a cabana.

Ela ergue seu queixo, fixando seus lindos olhos em mim.

— Posso, saber de quem é esse lugar?

Abro um sorriso.

— Jayce, esse lugar é seu?

— Ainda não, mas agora, vai ser.

Ela franze a testa.

— Tenho um bom dinheiro com a renda da propriedade de pêssegos, tenho meu trabalho e uma parte do dinheiro, que nunca mexi.

— E, agora, pretende comprar esse lugar?

— Ah, com certeza, depois de hoje, quero preservar esse lugar.

Ela abre um sorriso que brilha tanto, quanto o sol sob nós.
Movo-me, ficando de pé e estendo minha mão para ela.

— Vem, vou preparar algo para comermos, depois, posso te mostrar o quarto.

Ela deixa uma risada escapar. O som era lindo, quase poético, meu coração reage de imediato.
Pegamos nossas roupas e seguimos até a cabana. Quando abri a porta, os olhos dela se iluminaram. Eu já conhecia o lugar, alugava sempre a mesma cabana há um ano, era rústica, contudo aconchegante. Toda feita de madeira de Eucalipto trabalhada, o interior, havia um tapete vermelho com desenhos tribais, uma mesinha no centro, um sofá com almofadas que remetem as estampas no tapete, mas o que prendeu seus olhos, foi a imensa lareira de pedras.

— Nossa, esse lugar é lindo.

O lugar era especial, por sua simplicidade, era isso que o fazia acolhedor.

— Você ainda não viu o quarto.

Ergo uma sobrancelha, um sorriso carregado de malícia.

— Eu vou adorar conhecer o quarto, mas tenho a impressão, de que seu for lá agora, não sairei mais.

Ah! Com toda certeza. Eu queria aproveitar o máximo esse nosso paraíso, porque assim que voltássemos, precisava manter as coisas separadas. Frédéric não é bobo, mesmo que tentasse, não conseguiria esconder a minha expressão de felicidade.

— Tudo bem, vou descarregar o carro, enquanto isso, pode explorar o lugar.

Ela sorri radiante.
Cumpro minha parte, pego nossas coisas no carro, com Rex ao meu lado.

— Pare de me olhar assim!

Au!

— Eu sei, mas não sou tão forte assim.

Au!

— Qual é, vai mesmo me julgar.

Eu devia, está ficando louco, talvez o sentimento dentro de mim, me fizesse assim.

— Vamos garotão.

Eu precisava alimentar minha garota, porque nas próximas horas, me perderia nela, precisava de muita energia.
Retorno para a cabana com um sorriso estampado no rosto e um certo cão rabugento, no meu pé, eu o entendia bem, afinal, a sua dona, era alguém muito importante para mim.

                       ********

Zinn, estava sentada na banqueta, seu queixo descansa apoiado sobre as mãos, enquanto me observa na minúscula cozinha.

— Espero que goste de espaguete.

Ela sorri.

— Amo massa, mesmo sabendo, que devia evitar.

— Você é linda, não tem nada que cortar carboidratos.

Ela revira os olhos.

— Sei, o que direi ao meu traseiro, quando ele crescer.

Deixo uma risada escapar.

— Pode deixar, darei uns tapinhas nele, o mantendo na linha.

Pisco a provocando.

— Além disso, você não manterá toda essa massa nesse corpinho, logo, iremos queimar muitas calorias.

Vejo um rubor se espalhando por seu lindo rosto, a cor em contraste com sua pele branca, era linda e a reação na minha cueca, foi de imediato.

— Agora, coma, Baby.

Um revirar de olhos, faz minha mão formigar.

— Ah, não me provoque linda.

Ela estava sorrindo, enquanto sugava um fio de espaguete, aquilo não devia ser tão erótico, mas minha mente divaga com inúmeros pensamentos.
Após o almoçarmos, fizemos uma caminhada por uma trilha, que dava acesso a uma pequena parte do lago, onde havia rochas em volta, a água era cristalina, e no pequeno paredão a sua volta, havia alguns arbustos.

— Nossa, isso é o paraíso.

Ela tirou seu tênis e se sentou na beirada, submergindo seus pés na água. Eu me aconchego logo atrás, a envolvendo com os braços, sua cabeça descansa no meu peito, aproveito o acesso à cavidade do seu pescoço, onde expiro seu cheiro doce. Ficamos assim, conectados com o barulho da água, o som das folhas farfalhando nas árvores, algumas borboletas, sobrevoam o lago, proporcionando um espetáculo de cores.

— Jayce!

— Sim, eu quero.

Ouço o som do seu risinho.

— Aposto que não estamos pensando na mesma coisa.

Sorrio, distribuindo beijinhos pela extensão do seu lindo pescoço.

— Acontece, que com você, eu só consigo pensar nisso.

— Eu posso sentir, sabia?

Aposto que sim, ela estava descansando contra minha ereção, pressionando suas costas.

— Teve vários momentos, ao longo da minha vida, que eu pensei em desistir.

Sinto meu peito arder, ouvindo sua voz embargada pela dor.

— O primeiro, foi quando desmaiei na poça de sangue. Eu sabia estar no meio da vida do meu filho, aquele sangue todo, era meu bebê.

Não consigo ver seus olhos, mas sinto suas lágrimas, conforme elas caem no meu braço.

— Meu maior sonho, sempre foi ter uma família, quando descobri estar grávida do Ricky, entrei em pânico. Sabe, não foi planejado, nada era. Ele bebia, chegava em casa, me agredia e...

Era doloroso demais, a raiva dentro de mim, queimava conforme sentia sua dor.

— Não, por favor, não fale...

Ela funga.

— A segunda vez, foi quando o médico disse, que não poderia ser mãe.

Um soluço escapa de seus lábios e eu a aperto contra meu peito.

— Mas, você pode linda, ainda pode ser uma mãe maravilhosa.

Ela se vira, me olhando nos olhos. Acaricio seu lindo rosto, tentando secar suas lágrimas.

— Eu não posso, Jayce, nunca vou poder gerar um filho, nem ver minha barriga crescer.

— Linda, não precisamos de um útero para gerar um filho, basta um coração, grande e cheio de amor para dividir.

Ela franze a testa, ainda confusa.

— Podemos adotar, ele seria nosso filho, gerado com o coração.

Ela parece surpresa.

— Podemos?!

Abro um sorriso. Meu coração já estava decidido, sabia ser ela.

— Se você quiser um dia, eu gostaria de ser o escolhido, para dividir meu amor, com você.

Seus olhos brilham e não consigo mais reter as palavras que me consomem.

— Linda, eu prometo que nenhum babaca, irá, impedi-lá de realizar seus sonhos.

— Jayce!

— Eu te amo, Zinn.

Seus olhos arregalam, e nada saia da sua boca enquanto me encara, seu lábio inferior treme, trazendo uma nova onda de lágrimas.

— Não chore.

Ela balança a cabeça freneticamente.

— Não tô triste, estou feliz. Eu temia que você não sentisse o mesmo que eu, Jayce.

Sorrio.

— E, não sinto, eu apenas queimo imensamente, não consigo explicar, linda, meu coração bate tão acelerado, minha alma queima, quando olho em seus olhos. Eu a amo, de um jeito assustador.

— Eu te amo, Jayce, de um jeito, assustador. Meu peito parece que vai explodir, com todo esse sentimento.

Seguro seu lindo rosto e grudo meus lábios nos dela, num beijo como nunca, havíamos experimentado, porque era único, sabíamos do sentimento, que nutríamos.

Lágrimas De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora