Capítulo onze

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Zynaya...

Desde o momento, que Jayce saiu, não consegui conter o pânico crescente dentro de mim, eu já havia chorado tanto, que não havia mais lágrimas no momento, somente o vazio e o medo. Era somente coincidência, afinal, quantos policiais haviam e Detroit, não era uma cidade desconhecida.
Respirei fundo, criando teorias na minha mente, talvez fosse o pânico me cegando, tentando tomar o controle da minha vida, no momento em que estava vivendo pela primeira vez em anos, no momento, que conheci Jayce, e sabia que já era tarde, eu estava me apaixonando por ele.
Algo passou rapidamente por minha cabeça, porém, balancei rapidamente, me livrando de tal ideia estúpida. Eu tinha uma opção, era a última a ser utilizada, em último caso. Nunca precisei usa-la. Eu tinha um número de telefone, ao qual poderia ligar, mas isso, poderia facilmente ser usado contra mim. Dominic, vigiava a todos que eu conhecia, sabia que nunca poderia ouvir a voz da minha mãe e muito menos da minha amiga. Isso já era um meio de punição, a pior de todos. Não poder ter contato com as pessoas, que se importam conosco, era cruel.
Levanto-me, sentindo meu corpo pesar, um banho, talvez relaxe toda essa tensão, eu sabia que seria uma noite longa. Eu nem podia tomar um comprimido, preciso está sempre alerta para ter tempo de fugi.
Tomo um longo banho, as lágrimas retornam, me fazendo curvar, apoiada na parede. Meu peito afunda, toda vez que penso em Jayce, no momento que o deixaria para trás, sem uma despedida ou explicação. Talvez ele me odeia mais, que a Lindsay. Afinal, o que é pior que ter o coração partido, cara a cara, ouvindo da pessoa, ou descobrir que ela simplesmente se foi, sem adeus, ou explicações. De qualquer forma, eu o perderei, sabia disso.
Ainda sob o vapor no banheiro, limpei o espelho embaçado e me encarei. Eu queria encontrar uma pequena parte da Zynaya, aquela mulher cheia de vida, planos e sonhos. Eu sabia a resposta, estava morta como tudo que almejava, uma vida, ceifada, mesmo estando respirando, eu me sentia morta.
Movo-me até meu quarto, ainda enrolada na toalha, e me jogo ali, deixando que a exaustão me dominasse.

                          ******

Acordo sufocando, meu peito subindo e descendo com tanta pressa que parece que algo foi posto sobre ele, pressionando com tanta força, que não consigo respirar.
A luz do dia, começava a invadir pela janela do meu corpo, eu ainda estava enrolada na toalha. Não conseguiria dormir mais, decido me levantar e pôr uma roupa.
Rex está acordado e sacudindo seu rabinho.

— Café, eu sei, também preciso de uma dose gigante.

Sirvo sua ração, depois ligo a cafeteira. A campainha toca, mesmo sentindo um certo pesar, não consigo evitar um sorriso. A ideia de Jayce, na minha porta logo cedo, me faz sorrir, desfazendo a má sensação da noite anterior.
Meu sorriso dura pouco, quando vejo Lindsay, para na minha porta.

— Pela sua cara, presumo que pensou que fosse outra pessoa. Talvez o Jayce.

Reviro meus olhos, era irritante de mais para me controlar.

— Lindsay, eu só não entendo, porque de uma segunda visita.

Como da outra vez, ela não espera ser convidada, apenas entra com seu nariz empinado, me olhando como se eu fosse uma pedra, que pudesse ser varrida a qualquer momento do seu caminho.

— Estou tentando, ser legal, te abrir os olhos, mas pelo que andei ouvindo, você não é muito esperta.

Eu devia engolir meu orgulho, devia ignorar a raiva fervilhando no meu sangue, contudo, essa mulher exibe um ar tão presunçoso, até o modo como se move, é ardiloso.

— Escuta, Lindsay, eu realmente, não faço ideia de onde você quer chegar.

— Pare de agir como se fosse sonsa, você sabe muito bem, onde quero chegar, deixei isso claro da primeira vez.

Cruzo meus braços e a encaro.

— Você não pode decidir, quem Jayce tem como amigo, ele não tem nada com você.

Ela solta uma risada.

— Aí, é que você se engana. Eu o tenho desde sempre, mesmo após todos esses anos, eu vejo como consigo mexer com ele. A única que está perdendo tempo aqui, é você.

Sinto um amargor, descendo por goela abaixo.

— Jayce não quer nada com você, Zinn, pelo menos, nada sério, ele só está se enganando, se apegando a sua carência, que, aliás, é bem evidente em você. Mora sozinha, com um cachorro, não tem amigos e mau sai, eu entendo que ele tenha sentido pena. Eu também sentiria, acredite.

Vaca.

Ela se move rebolando até a porta, mas para e se vira, destilando sua última dose de veneno.

— Jayce, sempre foi sentimental, altruísta, querendo salvar todos, não é a toa que se tornou, policial.

Então sai, me deixando ali, minha cabeça girando tão rápido, que não consegui me mover por um tempo.

Lágrimas De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora