Jayce...
Vê-la ir embora com os olhos carregados de mágoa, era doloroso demais. Durante o retorno para casa, parei e fiquei por um longo momento observando a casa dela.
Joguei a cabeça para trás e observei o céu, queria um sinal, eu precisava entender, porque colocariam ela na minha vida, se sabiam que não poderia tê-la.
Respiro fundo e entro para a solidão da minha casa. Olhei para todo canto, imaginando Zinn, aqui.
— Merda!
Eu poderia me render e bancar o covarde, recorrendo a uma bebedeira até sucumbir ao como alcoólatra, seria melhor que essa dor que perdura.
Olhei para a garrafa de líquido cor de âmbar e peguei. Eu a mantinha ali, somente para uma dose para relaxar um dia carregado de tensão.
— Só uma dose, Jayce.
Digo em voz alto, somente para reforçar, não deixando que fracasse na minha tentativa.
Força de vontade zero, covardia dez. Eu já estava na quarta dose e ainda repetia, só mais uma. O que eu podia fazer, toda vez o rosto dela invadia meus pensamentos, a dor estampada em seus lindos olhos. Eu queria beija-la, mas se a beijasse eu iria querer mais, e não podia.
" Você fez o certo, Jayce"
Eu também passei a repetir isso, após a sétima dose.
Eu começava a ver tudo nublado, já não havia disposição para segurar o copo, contudo, o desejo de ir até à casa dela e bater na sua porta, era crescente.
Quando percebo, já estou batendo na porta dela, eu diria estar praticamente derrubando a porta.
Quando ela abriu, meu coração vacilou, seu lindo rosto, estava marcado por lágrimas. Quase tropeço ao invadir sua sala e fechar a porta atrás de mim.
— Zinn!
— Jayce, você bebeu?
Sorrio, eu estava vendo duas dela, mas isso era bom, porque se uma Zinn fazia meu coração explodir no peito, quem diria duas. Estico uma das mãos e tento tocar em uma, falho miseravelmente e acabo cambaleando para frente. Senti uma mão pequena e macia segurar meu braço.
— Você!
— Sim, Jayce, eu, agora quer sentar ali no sofá, vou preparar um café.
— Você é a certa...Eu sabia.
— Jayce, o que aconteceu?
Deixo uma risada escapar e dessa vez consigo tocar em seu rosto.
— Você, Zinn...você aconteceu.
— Você tá bêbado, sente-se, vou passar um café forte.
— Eu quero tanto te beijar.
— Jayce, por favor, não faz isso...
— Se eu te beijar, não vou conseguir parar, porque estou viciado em você...
Estava difícil manter o foco, me rendo me sentando no sofá.
— Eu quero tanto que você me beije, mas sei que se odiaria logo depois...
Ela se move na direção da cozinha, mas para, quando liberto as palavras que queimam dentro de mim.
— Eu...Me apaixonei por você...
Como se a escuridão me sugasse, meus olhos foram perdendo a força, mesmo que tentasse não os mantive abertos, apaguei.*********
Porra! O que havia acontecido, um caminhão passará por cima de mim. Eu juro que, podia sentir o gosto da sola de um sapato velho. Minha cabeça doía tanto quanto meu corpo.
Pisquei meus olhos, estavam doloridos com toda a claridade que vinha do dia.
Eu estava num sofá, mas não era o meu sofá.
"Au!"
Um latido fez meu cérebro vibrar.
— Cacete!
Au!
Merda, eu estava na sala da Zinn. Tento me sentar, a cabeça estava girando.
Au!
— Rex, pelo amor de Deus! Tenha piedade.
Como se entendesse meu apelo, ele gira algumas vezes e deita no tapete.
Droga. "Flashes" de ontem começam a surgir. Uma garrafa de uísque, meu ritual de somente uma dose se multiplicando em outras e agora, acordo aqui. Frédéric, me mataria.
— Fiz café, forte, acredita que vai ajuda-lo.
Zinn estava parada, usava somente um pijama, que evidencia bem seus bicos entumecidos, sob o tecido fino. Porra, ótima forma de se começar o dia.
— Desculpe, quando bebo, faço merda.
Ela abre um sorriso, era linda.
— Tudo bem, não foi a primeira vez que tenta derrubar minha porta.
Tento sorrir, mas até isso era dolorido.
— Preciso ir, ou vou me atrasar.
Fico de pé, pronto para correr, eu era um covarde.
— Tudo bem, não precisa fugi, tome um gole de café.
Sim, eu era um fugitivo dos meus próprios sentimentos.
— Uma xícara com café, acredito que fara bem.
Sorrio.
Porra! Essa merda doí pra cacete.
Eu nem conseguia olhar em seus olhos, não me lembro de nada, minha cabeça ainda dói e mesmo que eu force, tenho medo de recordar.
— Me desculpe, vou parar de beber e bancar o perturbador.
Tomo um gole longo de café, deixando que o amargor aguce meu paladar. O silêncio sempre era algo perturbador, em situações como essa. Seu suspirar, é quase como um grito, exigindo algo de mim.
— Ok, isso é meio constrangedor, Jayce.
Ergo meus olhos, fitando os delas.
— Desculpe.
Ela respira, massageia suas têmporas.
— Isso também está se tornando enlouquecedor, Jayce. Pelo Amor de Deus, pare de se desculpar.
— Eu não devia está aqui, Zinn, no entanto, não consegui evitar.
— Você me deixa confusa, eu já aceitei o veredicto, sou uma assassina, você é um policial, mas quando você me faz coisas como essa, me faz lembrar do Jayce que conheci, tempos atrás e isso é enlouquecedor Jayce.
Ela começa a caminhar, com as mãos nos cabelos, lágrimas se acumulam conforme ela fala.
— Eu fico pensando em você, em como me olhava, e agora, tudo que consigo pensar e no Jayce que nunca terei. Isso dói Jayce, eu já estava acostumada, não tenho nada, mas agora, sei que não tenho você.
As palavras dela, as lágrimas todo aquele sofrimento, também me fazia lembrar do quanto eu a quero. Fico de pé e avanço em sua direção, prendo seu corpo contra a parede.
— Você não faz ideia, de como é difícil, Zinn, está perto de você, e não poder toca-la, como agora, sei que não posso, mas meu desejo é maior.
— Jayce, se não vai me beijar, me solte, por favor.
Sem conseguir conter meus sentimentos pelo ela, me rendo. Esmago seus lábios com os meus. Nosso beijo era um gatilho, levando a uma explosão de desejo, minha língua mergulhou dentro da sua boca, sugando seu gosto, o calor entre nossos corpos se torna em ebulição, quando pressiono minha ereção latejante, nela, um gemido escapa entre seus lábios.
— Jayce! Por favor!
Interrompo o beijo, e descanso minha testa na dela. Eu fora longe demais, precisava parar, precisava de meu autocontrole. Sentindo uma dor crucial no peito e um nó na garganta, recuo, tomando distância entre nossos corpos. Não precisei erguer meus olhos para saber o efeito da dor em seus olhos.
— Preciso ir.
Digo me virando. Eu praticamente corro até está fora da sua casa, meu peito esmagado pela dor.
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Lágrimas De Sangue
RomanceTentar recomeçar, quando vive fugindo do passado, é difícil, assustador. Eu ainda acordo assustada, sentindo as mãos dele, em volta do meu pescoço, apertando até me sufocar. Meu nome é Zynaya, pelo menos, fora um dia. Para escapar, tive que renuncia...