Zynaya...
Eu posso, está ficando louca, sim, era esse o motivo, por tudo que estava sentindo. Acordei, tomei um banho longo e me peguei por vários momentos, espiando através da janela. Eu sei, podia está começando a desenvolver uma obsessão por Jayce, mas, quem não sentiria. Ele fez minha vida miserável ter sentido, após todos esses anos de pesadelo. Eu sabia, que não estava livre, nunca estaria, porém, às horas que Jayce passava ao meu lado, fazia tudo ficar melhor. Era como se todo aquele peso, fosse arrancado.
Meus pensamentos pregavam peça em mim, dando um tremendo nó. Comecei a colocar uma lista mentalmente de "E se". Eram tantas as possibilidades, o problema, era o final de cada frase, eu sabia que não haveria um "Felizes para sempre". Jayce era policial, não teria uma conduta diferente, ao descobrir que matei um colega. Eu podia tentar me defender, de todas as formas, nunca conseguiria, Dominic estava empenhado em se vingar, para ele, só havia uma verdade, a do seu irmão, e, no fundo, eu sabia que ele também não era uma boa pessoa. Dominic se revelou tão cruel, quanto seu irmão, ele também conseguiu mascarar sua verdadeira face de todos.
Desço em busco de um café, Rex sempre ao meu lado. Minha vida era tão vazia, solitária. A maioria das vezes, ficava parada, olhando para as paredes, tinha momentos, que eu fechava os olhos e aguardava elas se fecharem. Eu não tinha nada e agora, tendo despertado esse sentimento dentro de mim, comecei a sentir um pânico.
Estava absorta, quando a campainha da minha casa, disparou a tocar. Meu corpo congela. Aguardei mais um momento, antes de me mover até a porta. Olhei pelo olho mágico e fiquei surpresa.
Girei a chave, e me deparei com Lindsay, a ex de Jayce. Aquilo era muito confuso e estranho, afinal, o que ela estava fazendo aqui.
Ela abre um sorriso e ajeita os cabelos, os jogando de lado. Parece até uma cena de comercial de xampu, só faltou, passar em câmera lenta.
Tenho vontade de revirar os olhos, mas somente a encaro.
— Oi! Acredito que você errou de casa.
Ela exibi um sorriso maior. Odeio o modo como me analisa, de cima a baixo. Eu havia acabado de acordar, enquanto ela, parecia ter saído das páginas de uma revista de moda. Um vestido justo em seu corpo, seios quase saltando do decote generoso.
— Posso entrar?
Fico de lado, dando passagem a ela. Eu ainda não fazia ideia, do que essa mulher estava fazendo aqui, agora, seus olhos, esses me passavam algo ruim, me deixando alerta.
Ela olhar tudo a sua volta, tenho certeza, que torceu o nariz.
— Você sabe, quem eu sou?
Ela cruza seus braços e me lança um olhar, carregado de desprezo.
— Eu deveria?
Um meio sorriso, surge no canto de seus lábios.
— Você é amiga do Jayce, pelo que entendi.
Claro, somente uma amiga, ela não queria que eu pensasse, que pudesse ser uma ameaça.
— Ainda, não estou entendo, onde você quer chegar.
— Ouvi, muito sobre você, Zinn.
Aquilo me faz estremecer, onde essa mulher queria chegar afinal.
— Ouviu?
— Sim, mas as pessoas que me falaram de você, obviamente querem minha caveira.
Vaca!
— Então, você veio até para ver se é verdade, só não entendo, por quê?
Ela coloca as mãos na cintura, empinando os seios.
— Sou, a ex namorada do Jayce, seu primeiro amor, aquela casa, ele comprou, porque queria se casar comigo.
— E você, o deixou por outro. Seu chefe, se não me engano, certo?
Enfim, vejo seu rosto se contorcendo, desfazendo todo aquele sorriso meloso.
— Então sabe quem sou. Ótimo, porque deve saber que, no fundo, Jayce me ama, e logo voltará para mim.
— Isso, quem tem que saber é você, Lindsay.
— Eu conheço esse olhar, Zinn, está caidinha por ele. Você só precisa se lembrar, que no final, ele vai voltar para mim, portanto, seja lá, o que esteja imaginando, pare agora.
Eu poderia esbofetear essa vaca, quem ela pensa que é, contudo, sabia que o melhor, era evitar qualquer atenção.
— O recado, está dado.
Fico olhando a vaca, se distanciando, sem poder reagir. Engulo em seco, e bato a porta. Ótimo, tudo que eu precisava, era do passado dele, somado ao meu, nunca conseguiria, sobreviver a isso.
*********Eu tinha ninguém, com quem pudesse desabafar, não podia ligar para minha melhor amiga, ou minha mãe, poderia coloca-las em grandes apuros e isso, traria Dominic, diretamente a mim.
Estava começando a sufocar, trancada naquela casa.
— Que tal uma volta, Rex?
Au!
Eu sei, entendo você amigão. Fico de pé e pego um boné, meus olhos escuros e o guia dele.
Estava fechando a porta, quando uma voz me fez pular.
— Ei, fugitiva, onde pensa que vai?
Meu corpo, paralisou, a mão parada segurando a maçaneta. Era Jayce, mas o modo como ele falou, me fez pirar.
— Ei, Zinn, você está pálida.
— Desculpe.
Eu ficava nervosa, começava a pedir desculpas sem parar, Jayce segurou meus ombros, me fazendo olha-lo.
— Ei, tudo bem, eu não devia brincar assim.
Forço um sorriso.
— Você não tem culpa, eu sou a estranha aqui.
Ele abre um sorriso. Não percebi o quanto senti falta dele, até seu sorriso fazer meu coração cambalear no peito.
— Onde está indo?
Dou de ombros. Na verdade, estava mesmo fugindo, dos meus pensamentos, da solidão, mas não diria isso em voz alta.
— Dar uma volta, com o Rex.
Ele se aproxima, parando próximo aos meus lábios. Sua respiração queima minha pele, seu cheiro é tão bom, algo refrescante como menta. Seus olhos cinzas, me encaram, fazendo meu corpo todo se aquecer.
— Esses olhos lindos, não deveriam ficar escondidos, sob essas lentes escuras.
Ele retira meus óculos, depois repete o mesmo com o boné.
— E, esses cabelos, tão macios, adoro tocar neles, não é justo, ofusca seu brilho, sob esse boné.
Eu estava sorrindo, me desfazendo por esse homem.
— Agora vamos, passei a noite toda, pensando em você, baby.
— Você não deveria, está descansando.
Ele sorri.
— Posso fazer isso, mais tarde, logo após entrar em você.
Sinto uma corrente percorrer meu corpo, claro, que ao recordar da visita alguns minutos antes, rouba meu sorriso e todo meu ânimo. Jayce franze a testa, rapidamente, nota meu semblante.
— O que aconteceu?
Merda, como era difícil, tentar disfarçar algo dele. Eu temia que a qualquer momento, ele me olhasse nos olhos e conseguisse vê, todos os meus medos, segredos que me arruinaria.
— Zinn, tem algo te incomodando, quer partilhar comigo, por favor. Eu preciso que confie em mim, assim como confio em você.
Merda, afunda mais um pouquinho esse punhal, até atravessa-lo por completo em meu peito.
— Você, realmente confia em mim?
Ele abre um sorriso, ergue sua mão e toca em meu rosto. Com as pontas dos dedos, ele traça um caminho, fazendo meu corpo, minha alma queimar e outra batida, completamente irregular, surgir.
— Pode parecer, uma grande loucura, mas isso ainda, não altera tudo que você me fez sentir. Minha vida, até algumas semanas atrás, era um plantão longo, chegar em casa e dormir, na minha folga, eu bebia e logo dormia.
Ele respira, e logo prossegue.
— No dia que você parou diante da minha casa, foi como um sinal.
— Você é especial, Jayce. Qualquer mulher, se sentiria realizada, por tê-lo.
Ele desvia seus olhos, por uma fração de segundo, quando voltam a mim, o cinza parece se fundir com o minúsculo ponto preto, no Centro.
— Eu não preciso que todas me queiram, Zinn, não mais.
Aí meu Deus!
Ponho o dedo sobre seus lábios, eu tinha que impedi -lo de dizer qualquer coisa, que fosse se arrepender mais tarde.
— Não diga essas coisas, Jayce, por favor.
Ele franze a testa, notando a umidade que se formou em meus olhos.
— Você não me conhece...
Ele segura minhas mãos e deposita um beijo, casto, porém, não deixa, de ser aconchegante.
— Me deixe conhecê-la, por favor.
Eu podia está diante do homem perfeito, o sonho de toda mulher, contudo, a merda do passado, o momento, tudo era contra mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lágrimas De Sangue
RomanceTentar recomeçar, quando vive fugindo do passado, é difícil, assustador. Eu ainda acordo assustada, sentindo as mãos dele, em volta do meu pescoço, apertando até me sufocar. Meu nome é Zynaya, pelo menos, fora um dia. Para escapar, tive que renuncia...