DEMIE, cherryl
A pior coisa de ter que ficar com coceiras e caroços por todo corpo, é ter que ficar em um quarto de hospital afastado, mas com a companhia de Wilk. O garoto não calava a boca por um segundo, parecia um papagaio.
Era impossível não revirar os olhos, mas pelo menos ele não me acusou por ter deixado ele azarento. No momento, Samuel está soltando alguns xingamentos sobre a criança do hospital da cidade vizinha.
— Sammy, cala a boca. — Falei grunhido de raiva e quase acertando um travesseiro no garoto.
— Mas Demie, e se a gente morrer? Lembra quando teve aquela pandemia de corona vírus? — Era visível o medo do garoto. Maldita hora em que meus pais tinham mandado dividirmos o mesmo quarto de hospital. — Eu não aproveitei minha vida direito, sou tão jovem.
— Você não vai morrer. É só uma bactéria transmissível, igual catapora. — Me sentei na beirada da cama e observo Wilk andar nervoso de um lado para o outro, até eu estava ficando nervosa com isso. — Mas se você continuar falando, eu mesma vou esganar você com minhas próprias mãos.
— Pois me mate, seria mais fácil. — Ele parou de andar e me olhou com uma carranca, me fazendo segurar uma risada.
— Ai, cara, vou deitar nessa cama e você trate de ficar quieto. Quero dormir porque tenho um grande dia de tristeza pela frente. — Resmunguei, apontando para ele e em seguida aponto o dedo para a cama dele, que estava um pouco afastada da minha. — Então, senta a bunda na sua cama.
Wilk fez o que pedi, foi até fácil. Ainda bem que li o manual de pais quando estava no tédio, funciona até com adultos.
Sorrio satisfeita e me deitei na cama, ficando de barriga para cima e encarando aquele teto branco e sem graça. Odiava hospitais, até o cheiro era enjoativo. O pior é que eu já deveria ter me acostumado, até porque eu sempre me machucava.
Balanço a cabeça, para poder afastar os pensamentos importunos e respiro fundo. Ainda era de manhã, não tinha sentido dormir esse horário, mas era melhor do que ficar acordada.
Queria ao menos tentar fugir desse hospital, mas tenho certeza que conseguiriam me alcançar. Talvez eu possa usar o Sammy de isca.
Minha barriga roncou de fome e logo em seguida a de Sammy. Deveria ser quase na hora do almoço. Isso me lembrou de quando eu era pequena e tinha quebrado o braço, minha mãe tinha se atrasado no horario do meu almoço e como eu estava irritada e com fome, dei um tapa na enfermeira e tentei fugir do hospital. A fuga não tinha dado certo.
Ouço a porta do quarto abrir e me levanto para ver quem era. Uma enfermeira estava com a roupa verde, extremamente protetiva e luvas na mão.
— Preciso tirar sangue de vocês. — Ela falou com a voz baixa e adorável.
— Ah, tudo bem! Eu vou primeiro. — Falei me sentando na cama direito e a mulher pegou as coisas pra poder tirar o sangue. Ergui minha cabeça e arqueio a sobrancelha quando percebo que Sammy estava na outra cama, com uma feição aterrorizante.
Senti uma picada em meu braço e mordo meu lábio inferior. Nem tinha percebido que a mulher já tinha começado a tirar meu sangue. Em um minuto, ela já tinha tirado a agulha do meu braço e colocado um curativo.
— É a sua vez. — Ela se referiu a Sammy. Era hilário ver um homem com mais de um e oitenta de altura, com medo de agulha. — Vai ser rapidinho.
— Vai logo, Sammy. — Falei, vendo que o garoto ainda estava parado. — Não precisa ter medo. Vamos conversar pra você se distrair.
Ele se sentou na cama, enquanto a enfermeira se preparava para tirar sangue dele e me encarou.
— Você venderia sua alma pelo que? — Perguntei, curiosa.
— Acho que uma mercedes. — Ele respondeu.
— Sério isso? — A enfermeira perguntou, passando o algodão na pele do garoto. — Um carro?
— Quem liga? A alma é como um apêndice. Eu nem uso isso! — Sammy deu de ombros e soltou um grito após a enfermeira enfiar a agulha nele. — Meu Deus, você disse que não doía.
— Não seja bunda mole. — Revirei os olhos.
Ele estava com os olhos arregalados e a pele dele começou a ficar pálida.
— Moça, eu estou com dor na cabeça. — Ele falou com a voz falhada.
— É o seu cérebro tentando compreender a própria estupidez. — Ela falou bem humorada, mas ao encarar Sammy, percebeu que ele estava estranho.
— Eu acho que estou passando... mal.
— Calma! — A enfermeira rapidamente tirou a agulha do braço dele e logo em seguida, ele começou a desmaiar em câmera lenta.
— SAMMY!
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𝑨𝒁𝑨𝑹𝑨𝑫𝑨 • 𝑠𝑎𝑚𝑚𝑦 𝑤𝑖𝑙𝑘
Fanfic𝗰𝗵𝗲𝗿𝗿𝘆𝗹 𝗱𝗲𝗺𝗶𝗲│"que legal, maconheiro! 'ta interessado por que? vontade de me pegar?" a vida de cherryl estava ótima, até que em uma certa noite na igreja de seu pai, ela acaba derrubando um galão de água em alguém.