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WILK, sammy

— Como você conseguiu quebrar o dente do médico? — Perguntei enquanto corriamos, Cherryl me puxou dentro de uma salinha e fechou a porta.

A garota estava ofegante, e tentava respirar fundo depois da pequena corrida que a gente tinha dado, tudo isso pra tentar despistar o médico.

Cherryl colocou o dedo indicador em meus lábios, para que eu ficasse quieto. Como a porta ficou entreaberta, dava pra ver o médico passando pelo corredor, ele estava completamente irritado.

Fechei a porta e tranquei, pra não correr o risco de sermos pegos. Não queria ser preso ou morto. 

— Eu sabia que não deveriamos ter saido de casa. — A garota falou, ficando de costas para porta e escorregou no chão. Dava pra perceber o quão chateada ela estava só pelo tom de voz.

—  Você foi picada por uma abelha, minha filha. — Falei preocupado, com as sobrancelhas arqueadas e me sento ao lado da garota. — Você queria o que? Se você morresse, seu pai iria me caçar em torno do mundo. — Resmungo, dando de ombros.

— Wilk, sempre que eu saio pra algum lugar alguma coisa de ruim acontece. — Cherryl disse, apoiando a cabeça em meu ombro. — Sabe o que aconteceu a primeira vez que eu andei de ônibus? — Neguei com a cabeça. — Eu cai em cima de uma gestante e ela entrou em trabalho de parto. 

Mordi meu lábio inferior, tentando conter a risada. Eu não conseguia imaginar uma coisa dessas, mas com a Cherryl era possivel depois do que vi hoje.

Ajeito minha postura, sem tirar a cabeça da Cherryl do meu ombro. Franzi a testa ao lembrar da história do que o Johnson me falou e abaixei meu olhar para encarar a garota.

— Como assim você caiu em cima da mulher? — Perguntei desconfiado, já que Johnson me contou outra versão da história. — Um conhecido me falou que você bateu nessa mulher e tirou o bebê dela a força, no final usou a criança como seu empregado mirim.

— Foi aquele loiro que falou, né? — Cherryl se afastou de mim, visivelmente chocada e uma feição irritada. — Aquele garoto se alimenta das fofocas que rolam aqui em Omaha. Até hoje o pessoal da igreja corre daquele seu amigo drogado com medo dele roubar alguma criança.

— Ah, claro! — Soltei uma risada nasal, ao me lembrar dessa mentira do Johnson. — O famoso Pennywise.

Cherryl soltou uma gargalhada e negou com a cabeça, voltando a olhar para frente.

Escutamos um barulho vindo do quarto e me levantei. Observei um garotinho deitado na cama, enquanto nos encarava. Ele tinha alguns aparelho no corpo, e sorria para nos dois.

— O que vocês estão fazendo aqui? — O garotinho perguntou, com o tom de voz infantil.

Cherryl se aproximou dele e sorriu, se sentando na beirada da cama.

— Estamos fugindo de um médico. — Levei a mão na testa quando ela disse a verdade para criança. — E você?

— Eu estou de quarentena. — Ele falou dando de ombros e Cherryl rapidamente se afastou dele.

Puxei a garota pela mão e fui em direção a porta para abrir.

Uma coisa que vou levar pra minha vida é nunca deixar a Cherryl me guiar a nenhum lugar.

Olhei ao redor pra ver se o corredor estava vazio e sai da sala, sendo seguido pela garota.

Aonde vocês vão? — Ouvimos o menino perguntar. —  Cocem minhas costas.

𝑨𝒁𝑨𝑹𝑨𝑫𝑨 • 𝑠𝑎𝑚𝑚𝑦 𝑤𝑖𝑙𝑘Onde histórias criam vida. Descubra agora