Três

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Se sentia como um louco, seu corpo ansiava por algo que não entendia. Era forte, e o fazia delirar. Não se lembrava de como havia sido pego, os flashes que surgiam em sua cabeça não batiam.

"Diziam que estavam se escondendo em Kusagakure e dali conseguiria encontrar a outra parte da quadrilha.

Ouviu boatos de que a organização havia focado apenas no tráfico de pessoas, ninjas ou não. Estavam sendo vendidos pelo mercado negro, Kakashi se prontificou de imediato quando Godaime lhe indicou a essa missão. Seria uma despedida, uma última missão antes de se tornar Hokage. Kusagakure lhe contou todos os boatos e com seu treinamento Anbu, verificou cada canto e cada buraco dentro dos desfiladeiros daquela vila.

Logo depois de conseguir um ponto onde um grupo se reunia em alguns dias da semana, se forçou a acampar próximo do local. Deixou Pakkun encarregado de mandar o relatório do dia para Konoha e subiu para o limite do desfiladeiro, dali ele tinha a visão completa do lugar em questão, e seus inimigos veriam apenas a copa das árvores.

Descobriu com muito custo o nome daquela organização, "Mariko", um bando de psicopatas. Mataria todos aqueles malditos. Viu o grupo chegar, se moveram até onde disseram ser o ponto de encontro, estavam certos. Sem poder ouvir, Kakashi se aproximou um pouco mais, era arriscado, mas não podia deixar de tentar.

Quando se moveu, o odor enferrujado e doce atacou suas narinas, o cheiro do sangue era tão forte que parecia vir de seu próprio corpo. Um sibilo, sangue puro e então apagou."

Seu interior rugia, como um animal pronto para atacar. Desesperado e perdido. Era um anseio tão forte que consumia seu ser, as correntes pesadas que repousavam em seu pescoço e pulsos o fazia permanecer firmemente preso.

O frio ali dentro era forte mas, com a garganta presa, não conseguia dizer nada a não ser rugir. Além da grande cela, conseguia ver vultos por entre as grades passando com pressa. Um ou outro invadia aquela área e lhe aplicava algo no braço, era doloroso e subia por suas veias queimando cada canto de seu corpo.

E mais uma vez entraram ali, injetaram o líquido preto e viscoso no mesmo lugar e sem dizer nada partiu. Kakashi queria gritar, e derrubar cada uma das paredes daquele inferno, mas, não sabia para onde ir depois.

Perto o suficiente para que pudesse ver, um dos vultos passou lentamente pela frente de sua cela, com algo nos braços, pode ver um largo sorriso no vulto antes de seus olhos perderem o foco.

— Isso será tão interessante.

Mais um sibilo, Kakashi forçou os olhos novamente e viu o corpo de uma pequena mulher. Desacordada, respirava lentamente fazendo seu peito subir e descer quase minimamente.

Estava consciente, mas não podia manter os olhos abertos ou sequer ter forças para se mover. Carregado a força, sentiu braços o mover para algum outro lugar, o cheiro adocicado que vinha de dentro da sala era intenso e fazia seu corpo reagir de uma forma que chegava a ser animalesca.

As algemas e as correntes foram tiradas de seus braços, sentia que não era a primeira vez a fazer aquilo. Sentia nojo, mas aquele cheiro parecia um doce perfume e sentiu extrema vontade de senti-lo ainda mais de perto.

A voz grossa do homem ecoou pelo espaço, com dificuldade, Kakashi conseguiu abrir os olhos minimamente e ver ele ao lado de uma extensa mesa. Era impossível ver seu rosto, não sabia se era pela luz fraca da sala ou da droga que injetaram em suas veias.

— Veremos como reage ao sangue puro dos Hyuugas, Kakashi. — Não reconhecia a voz e a raiva por não poder fazer nada além de observar sonolento o fez tremer. — Já que não reagiu bem a experiência anterior, vejamos essa.

Shinkirō - KakaHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora