Vinte e Três

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Forte e decidido, assim era o aperto da mão que Kakashi mantinha e que a fazia andar pelas ruas mais estreitas de Konoha. Com cuidado, desviavam das pessoas conhecidas enquanto seguiam em direção a floricultura dos Yamanakas.

Já havia anoitecido e com o descer do sol a leve brisa quente da noite tomava conta de toda a vila, Hinata não podia negar que Konoha era um ótimo lugar para se viver — quando não era atacado por algum ninja renegado, claro. Tudo havia seu devido lugar e era lindo. Tão lindo quanto o homem que segurava sua mão com cuidado e que hora ou outra a encostava devagar nas paredes das ruas menos iluminadas e tomava seus lábios devagar.

Como dois adolescentes fugindo das consequências de seu romance escondido, bateram na porta da, ainda, iluminada floricultura. Mas o silêncio era extenso e ninguém atendeu durante vários minutos.

— Ino deve ter saído. — Hinata e observou como ele entrelaçou os dedos dele entre os dela, seu coração aqueceu de uma tal forma.

— Não, vamos entrar. — Ele a puxou e abriu a porta, destrancada, Kakashi se colocou para dentro e a puxou. — Sinto cheiro de sangue, Hinata.

Demorou para que o cheiro doce invadisse suas narinas, era pesado e lembrava de sentir isso antes de desmaiar. Hinata engoliu o nó e tentou mandar o medo junto, o que estava sendo difícil demais. O vazio da floricultura a deixou inquieta, as luzes estavam acesas  e não havia ninguém ali.

Kakashi soltou sua mão e seguiu para a sala, o clima estava tão pesado que se perguntou como não havia desmaiado ainda.

— Merda. — Kakashi se abaixou e segurando um pequeno frasco se ergueu. — Peguei vocês. — Ele juntou as mãos e após formar os selos se abaixou. — Kuchiyose no Jutsu!

Não havia percebido nada naquela casa, muito menos dentro da floricultura. Se Kakashi não tivesse sentido o cheiro forte que aquela sala exalava, jamais saberia que eles haviam sido levados. Hinata respirou fundo, não era apenas um sonho, muito menos uma ilusão. Seu peito tomou um ritmo acelerado enquanto via Pakkun surgir do pequeno foco de fumaça que havia se formado no chão.

— Tá ficando comum ver vocês dois juntos.

— Agora não, Pakkun. Preciso que guarde isso. — Kakashi colocou o frasco dentro da pequena bolsa que o animal carregava.

— Sem problema, já vou.

Foi rápido e o pânico corria em cada uma das células de seu corpo, não entendia como eles conseguiam fazer isso. Mas o cheiro que permanecia forte ali começou a deixá-la tonta, juntou o restante de força que tinha e se aproximou dele pegando rápido em sua mão.

— Kakashi, o cheiro... Temos que ir — Ele acenou e em vez de se deixar ser puxado por ela para fora da casa de Ino, Kakashi passou o braço em volta de sua cintura e a trouxe ainda mais para perto.

Ele sorriu e com um movimento rápido levantou os dedos próximo ao rosto, a cortina de fumaça cobriu sua visão com rapidez e a tontura que já sentia aumentou pela viagem rápida.

— Não podíamos ser vistos saindo da floricultura, podem estar vigiando.

Estava perdida, Kakashi a colocou sentada na ponta do sofá e se afastou, Hinata puxou o corpo mais para trás e apoiou as costas no encosto do sofá.

Queria poder ir atrás de Ino e conseguir descobrir o que realmente estava acontecendo, não tinha a possibilidade de alguém conseguir tirar o corpo dela desacordado de dentro da própria casa sem que ninguém a visse. Puxou o ar novamente com força enquanto seu peito doía tentando conter o excesso de ar que ela guardava no peito. Kakashi voltou com um copo cheio de água, Hinata aceitou sem pensar duas vezes.

Shinkirō - KakaHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora